Muito
religiosa, de não perder a missa e nem a comunhão do domingo: Deus é uma luz que está a iluminar a
Humanidade inteira..., é quando se apega à fé que Helena Kolody se apequena
humilde diante do Divino. Seus versos confessos tornam-se tristes e de uma
candura arrebatadora. Como em Prece
(1941) que, conforme declarou (em Sinfonia
da Vida, 1997): Esse poema recebeu um
“imprimatur” da Igreja e é lido como
se fosse uma oração. Salvou uma linda jovem, porém depressiva, do suicídio.
Antes do gesto trágico, resolveu ler o livro que eu lhe dera de presente.
Abriu-o aleatoriamente, leu “Prece”,
jogou o veneno fora e ganhou a vida. Veja só, eu tenho vários poemas
depressivos, e se ela abrisse num deles? Depois disso, mudei minha própria
maneira de ser. Meus últimos poemas se tornaram mais extrovertidos, abertos,
mais otimistas. Devo isso àquela moça.
Prece (1941)
Concede-me, Senhor, a graça de ser boa,
De ser o coração singelo que perdoa,
A solícita mão que espalha, sem medidas,
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira d’alma alheia o espinho que magoa.
Cheguei a
Curitiba em 1990. Um dia, na redação do Nicolau,
conheci Jamil Snege (1939 - 2003).
Outro dia conheci um dos seus livros mais inquietantes: Senhor, editado em 1989. Ele é composto de 22 breves monólogos. A
sua catarse sacra. Ao lembrar a Prece
de Kolody, lembrei do texto 20 de
Snege:
Toma a máquina do meu
corpo e nela
transporta socorro para
os teus aflitos.
É de pouca serventia,
sei – o coração me
arde, meus músculos
estão fracos – mas podes
usá-la à exaustão.
E quando não mais prestar,
Senhor, escolhe uma
Tíbia e faze uma flauta.
Foto de
Joba Tridente: Cúpula da Igreja Ucraniana em Antonio Olinto-PR
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