terça-feira, 5 de outubro de 2010

Livro: Frederico Godofredo


Frederico Godofredo
e O Pequeno Colecionador

No mês de Setembro de 2010, quando participava da Semana Literária do SESC Paraná (Pato Branco, Toledo, Jacarezinho), apresentando o espetáculo 3 ou 4 Histórias Que Vou Te Contar, e também orientando Oficinas de Objetos e Bonecos na Contação de Histórias, conheci a escritora Liana Leão (professora de Literaturas de Língua Inglesa na UFPR) que vem se dedicando à Literatura Infantojuvenil, desde 2004. Conversa vai e conversa vem, ao saber que eu trabalhava tão somente com material reciclável, ela me presenteou com os livros: Frederico Godofredo (Editora Elementar, 2010) e O Pequeno Colecionador (Franco Editora, 2010). Fiquei agradecido e encantado, principalmente pelo primeiro deles.

Frederico Godofredo é um livro lindo, não apenas pela singeleza do texto de Liana Leão, mas pelo excelente projeto gráfico que destaca a maestria da ilustradora Márcia Széliga, que, através de desenhos (apurados no uso preciso de lápis de cor) e de colagens (reciclando diversos materiais), nos presenteia com imagens belíssimas, ricas em detalhes e sedução.


(...) “As coisas usadas, que para as outras crianças não tinham serventia, para ele eram matéria-prima de invenção: fazia jangadas com palitos de sorvete e, com panos velhos, fazia as velas. Depois enchia uma bacia e soprava forte. Seu sopro virava vento.

Frederico Godofredo é um menino que adora dar asas à imaginação. Ele está sempre (re)aproveitando, em suas mágicas criações, o que lhe cai nas mãos ou que encontra pelo caminho. A sua inventividade não tem limites e, com graça e beleza, o que parece inútil vira novo (de novo): brinquedos velhos e quebrados, objetos estranhos e até mesmo papeis usados. Para Frederico, tudo tem (re)utilidade, num mundo de constante aprendizado (e mudanças). Liana trabalha, de maneira lúdica e convincente, a questão da reciclagem. A sua narrativa, poética e inteligente, não subestima a capacidade inventiva das crianças e, sabiamente, não encerra nenhuma lição de moral (piegas). Todavia, em suas entrelinhas, há um sutil ensinamento vital sobre a importância de cada coisa ao nosso redor. O texto é gostoso, fluido e acessível pra qualquer idade. A autora mostra como é possível falar de felicidade, filosofar com as crianças, sem ser chata e, muito menos, didática.

O Pequeno Colecionador conta a história de um rei que teve sempre tudo o que quis. Um dia ele decidiu promover um concurso de coleções, no seu reino, onde o povo colecionava de tudo, até mesmo o que não se acreditava ser possível colecionar: sonhos. E ali, entre crianças e adultos, com todas as suas bugigangas, o rei descobriu muito sobre si mesmo e o porquê de nunca ter sido plenamente feliz. É uma bonita narrativa que tem alguma similaridade com Frederico Godofredo. Ambas (de certa forma) tratam do consumismo desenfreado que vitima principalmente as crianças. É como se (Frederico) fosse uma história (autônoma) mais enxuta de um dos colecionadores. Enquanto O Pequeno Colecionador é textual, Frederico Godofredo é visual. Um privilegia o texto extenso e o outro, a imagem ampla. As duas histórias falam da importância de uma infância bem vivida e de como o aprendizado (para toda uma vida) pode ser divertido e inesquecível.

É importante destacar que a função básica de um ilustrador (e do programador visual) é complementar um texto sem influir na imaginação do leitor. Caso a protagonista da obra seja a ilustração, então é só inverter o formato. Digo isso porque os projetos gráficos das duas obras são bem distintos. Em O Pequeno Colecionador (infelizmente) não se encontra (nem de longe) a mesma preocupação e beleza visual de Frederico Godofredo. As ilustrações de Semíramis Paterno são acanhadas e a diagramação é primária. O que pode afastar os alfabetizandos, mas servir aos alunos maiores, que (aparentemente) não se preocupam muito com a programação visual e ou qualidade das ilustrações. Se bem que, quando o texto ajuda, nada impede um e outro leitor de se aventurar por um mundo de infinitas possibilidades de leituras em páginas repletas de textos ou de imagens.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Joba Tridente: Voto e (in)Consciência


Voto e (in)Consciência

Na TV, apresentadores de um jornal, indignados com a censura às pesquisas de intenção de votos dos eleitores: E agora, como é que vai ser. Estamos tão próximos da eleição. Muitos eleitores contam com isso. Geralmente votam em quem está ganhando. É um absurdo!

Como assim? Acho que deveria ser totalmente abolida (e definitivamente proibida) toda e qualquer pesquisa de opinião sobre intenção de voto. Aliás, o voto (MESMO SENDO OBRIGADO) não é secreto? Então!

Infeliz do país e do eleitor que depende de uma pesquisa que induza o voto (OBRIGADO). Infeliz daquele que vota (MESMO SENDO OBRIGADO) em um candidato, não porque lhe pareça bom, mas porque está à frente das pesquisas de opinião. Como se a unanimidade tivesse alguma razão. Muita gente pode estar à frente, não por ser (realmente) popular (pela honestidade do seu trabalho), mas por ser populista (pela desonestidade do seu paternalismo). Há quem não saiba (e nem quer saber) o que é ser POPULAR e o que é ser POPULISTA. Assim como não se importa em saber o que difere a DEMOCRACIA da DEMAGOGIA.

Um eleitor deve votar (MESMO SENDO OBRIGADO) em quem conhece e acredita e não em quem ouviu falar. Bandido é o que não falta na “profissão” da impunidade e da intocabilidade. Se nem um merece o seu sacrifício (OBRIGATÓRIO) de deslocamento para o cumprimento de tal gesto (OBRIGATÓRIO), que vote (MESMO SENDO OBRIGADO) em ninguém, que anule o seu voto (MESMO SENDO OBRIGADO)..., para NÃO SE ANULAR. Ou, pior, se arrepender depois.

Não existe um candidato “menos pior” que outro. Um sujeito POLÍTICO PRESTA OU NÃO. O político “menos pior” só é “menos”, porque ainda não teve a oportunidade de se tornar “mais pior” ou “totalmente pior” igual (e que nem) aos seus companheiros de falcatruas ou de partido.

O VOTO DEVERIA SER UM DIREITO E NÃO UMA OBRIGAÇÃO.

Não se deixe enganar com as conversas moles dizendo que, VOTANDO, você (CIDADÃO) está exercendo os seus DIREITOS DEMOCRÁTICOS etc etc etc. Porque você (CIDADÃO) está sendo COAGIDO a exercer o “seu” direito (democrático) ao voto. Caso contrário (se não OBEDECER tal OBRIGATORIEDADE) será PUNIDO SEVERAMENTE e EXEMPLARMENTE MULTADO - POR NÃO CUMPRIR A OBRIGATORIEDADE DO VOTO DEMOCRÁTICO, que deveria ser um mero direito de todo e qualquer cidadão livre.

No Brasil, infelizmente, ainda, NÃO É A SUA “LIBERDADE” DE ESCOLHER UM CANDIDATO QUE IMPORTA E, SIM, VOTAR.

DEMOCRACIA não se faz com AMARRAS, se faz com LIBERDADE.

Ilustração: Joba Tridente

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