quarta-feira, 7 de março de 2012

Hilda Hilst: Poemas aos Homens de nosso tempo - I









Poemas aos Homens de nosso tempo - I
homenagem a Alexander Solzhenitsyn

Senhoras e senhores, olhai-nos.
Repensemos a tarefa de pensar o mundo.
E quando a noite vem
Vem a contrafacção dos nossos rostos
Rosto perigoso, rosto-pensamento
Sobre os vossos atos.

A muitos os poetas lembrariam
Que o homem não é para ser engolido
Por vossas gargantas mentirosas.
E sempre um ou dois dos vossos engolidos
Deixarão suas heranças, suas memórias

A IDÉIA, meus senhores

E essa é mais brilhosa
Do que o brilho fugaz de vossas botas.

Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga.

A IDÉIA é ambiciosa e santa.
E o amor dos poetas pelos homens
é mais vasto
Do que a voracidade que nos move.
E mais forte há de ser
Quanto mais parco

Aos vossos olhos possa parecer.

Hilda Hilst (1930 - 2004): Deus pode ser uma negra noite escura, mas também um flambante sorvete de cerejas. Hilda é uma escritora que ainda desperta calorosas discussões. Uma mítica autora ainda não (totalmente) decifrada. Este poema e foto (não espelhada) foram postados no Portal Cultural Hilda Hilst - O Vermelho da Vida, criado pelo Instituto Hilda Hilst - Centro de Estudos Casa do Sol.

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