domingo, 30 de dezembro de 2012

Poemas Chineses - 3: Três Essências


Não me lembro desde quando guardo comigo um livro: Cem Poemas Chineses, com tradução, apresentação e notas de Hugo de Castro, publicado pela Vertente Editora, em 1978. Nada encontrei sobre o tradutor, na web. A edição traz belíssimos poemas.

Para Hugo de Castro: De certos poemas chineses exsurgem verdadeiros desenhos, semelhantes à sua pintura, de suavíssimos e evanescentes contornos. De outros versos flui um grave e sereno sentido humano; e uma ironia muito sutil ressalta em grande número deles. Pelo fato de ser essencialmente pagãos, no sentido de exaltação da natureza, emana do poema chinês um litúrgico aroma de desejo de amor, que se observa, aliás, com muito mais frequência nas poetisas do que nos poetas...


Pê Yu Ki
(1621 – 1693)

Noite de Inverno

Diz-me o estalido dos bambus
que, fora, a neve,

cai, na noite sem luz,

muito de leve...



Tchan So Su 
(1428 - 1473)

Ki Fong

A brisa sopra célere. Há, naquela
árvore, ao longe, frêmitos de amor.

Brilham peixes no lago de aquarela
policromo, irisado, multicor.

Sobre ele, as asas pandas, transformando,
as borboletas vão, num barco a vela,
cada pétala ou flor que está boiando.

Minha mulher não vai saber, por certo,
que em vez de trabalhar fiquei sonhando,

perambulando neste céu aberto.



Kung Fu Tsê

Exortação

Para não viver em vão
e sim num suave delírio,

se tiveres mais de um pão

vende um e compra um lírio.


Kun Fu Tsê (551 - 479 a.C.), filósofo, poeta e compilador de uma extensa tradição oral relativa à história, à literatura, à musica, aos códigos, às crenças e lendas da China anterior ao seu tempo. Tsê é um termo de veneração que se aplicava antigamente às pessoas de profundo conhecimento ou elevada posição; é, também uma forma elíptica da expressão Fu Tsê, que significa Mestre. Informações baseada em notas de Hugo Castro in Cem Poemas Chineses.

Ilustração de Joba Tridente - 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Poemas Chineses - 2: Chang Wu Kian



Não me lembro desde quando guardo comigo um livro: Cem Poemas Chineses, com tradução, apresentação e notas de Hugo de Castro, publicado pela Vertente Editora, em 1978. Nada encontrei sobre o tradutor, na web. A edição traz belíssimos poemas, como este Seis Quadros, de Chang Wu Kian (1879),que parece uma prosa em verso.

Para Hugo de Castro: A poesia chinesa é, simultaneamente, verso, canto, desenho, cor e sugestão. Abordá-la é mergulhar num oceano de inesperado e de beleza, cujo fundo não se chega a atingir.


Chang Wu Kian (1879)

Seis Quadros
nos quais sorri o meu filhinho

O Começo
Ele deu seu primeiro passo lento
levando uma laranja em cada mão.

Os arbustos resistem mais ao vento
quando seus galhos vergam para o chão.

Sua Canção
Põe-se a cantar para dormir, enquanto
a mãe quer que ele cale... mas em vão
pois antes ele quer que o próprio canto
adormeça, embalado na canção.

Os dois prisioneiros
A sua rã de jade transparente
estava, um dia, fato extraordinário,
junto da porta; então, prudentemente,
prendeu-a na gaiola do canário.

O fogo
Do fogo tem um medo enorme; quando
vê qualquer chama quase perde a fala,
mas tenta reagir, pronunciando
palavras graves, para intimidá-la.

O espelho
Procura a mãe; procura-a sob a esteira
e até no espelho; e salta, de contente,
pois parece com a mãe de tal maneira
que a julga atrás do espelho, sorridente.

As gravuras
Com muita perfeição, já tenta o som
das vozes imitar, dos animais,
que mostra e aponta nas gravuras com
ecos, à voz dos bichos quase iguais.

E os animais e os homens das gravuras
que ele observa, quedam-se parados,
sem o mínimo gesto, deleitados
ante suas feições gentis e puras.


Ilustração de Joba Tridente - 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Poemas Chineses - 1: Li Tai Pô



Não me lembro desde quando guardo comigo um livro: Cem Poemas Chineses, com tradução, apresentação e notas de Hugo de Castro, publicado pela Vertente Editora, em 1978. Nada encontrei sobre o tradutor, na web. A edição (do autor?) traz belíssimos poemas. Alguns lembram o Hai-Kai, o Tanka...

Para Hugo de Castro: A poesia teve sempre uma grande importância na China: cultivaram-na durante mais de trinta séculos, rainhas, e imperatrizes, imperadores e reis, nobres, favoritas, guerreiros, bonzos, magistrados, toda a gente, enfim. Incentivada pelos príncipes, que a julgavam tão necessária a seus súditos quanto o arado, aureolava com carinhoso halo de consideração os seus poetas.

Li Tai Pô (702 - 763) é um dos grandes autores presentes nesta breve antologia. Conheci seus poemas nos anos 1990, quando fazia direção de arte do Jornal Nicolau, que também o publicou.  

Li Tai Pô

A Alva Garça Real

Aquele floco de neve
que surge no fundo azul
é uma garça.
Quieta, leve
com o olhar longínquo e vago
onde há saudades do Sul,

contempla o inverno no lago.



Montanha da Porta Celeste

O rio vara um sulco da montanha
aberto ali por uma força estranha.

Se em suas águas boia a meia-lua,

parece um junco de ouro que flutua.



Tristeza

O luar argentino se derrama
Como alva neve em torno à minha cama.

Levanto os olhos para a lua cheia...

Baixo-os, porém, lembrando minha aldeia.


Li Pô (702 - 763), posteriormente Li Tai Pô, viveu na corte do grande imperador Ming Hoang Ti. Independente por natureza, foi desterrado e perambulou vários anos por longínquas províncias da China. Numa dessa viagens escreveu o seu, talvez, mais melancólico poema: Tristeza. Li Pô era amante do vinho e da lua. Conta-se que certa noite, em que bebia, num barco sobre um lago calmo, ele viu a lua no fundo e atirou-se para buscá-la. O problema é que não sabia nadar... A partícula “Tai” (imáculo) acrescentada ao seu nome é de sentido reverencial. Informações baseada em notas de Hugo Castro in Cem Poemas Chineses.

Ilustração de Joba Tridente - 2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Piada de 1920



Em tempos de Abertura de Porto (nada!) Seguro, uma piada que era contada nos anos 1920 vem a calhar*:

- Eu não falo nunca do que não sei!
- Nesse caso deves-te aborrecer bastante.
- Por que?
- Porque tens de estar sempre calado!


*Publicada em Almanach de Porto Alegre - 1920
Ilustração de Joba Tridente – 2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

Patativa do Assaré: A Triste Partida


Nasci a 5 de março de 1909. Perdi a vista direita, no período da dentição, em consequência da moléstia vulgarmente conhecida por Dor-d’olhos. Desde que comecei a trabalhar na agricultura, até hoje, nunca passei um ano sem botar a minha roçazinha, só não plantei roça, no ano em que fui ao Pará. - Patativa do Assaré in Autobiografia, publicada em Cante Lá Que Eu Canto Cá, 1978.



A Triste Partida
Patativa do Assaré

Setembro passou, com oitubro e novembro
Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

A treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,
O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.

Sem chuva na terra descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!

Apela pra maço, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.

Agora pensando segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê.

Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por terras aleia
Nós vamo vagá.
Se o nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro mêrmo cantinho
Nós torna a vortá.

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté mêrmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendêro,
Por pôco dinhêro
Lhe compra o que tem.

Em riba do carro se junta a famia;
Chegou o triste dia,
Já vai viajá.
A seca terrive, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natá.

O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lá,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
Adeus, Ceará!

No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a corrê,
Tão triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio choroso
Escrama, a dizê:

- De pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comê?
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrê!

E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé de fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.

E assim vão dexando, com choro e gemido,
Do berço querido
O céu lindo e azu.
Os pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Su.

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferente
Do caro torrão.

Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre no prano
De um dia inda vim.
Mas nunca ele pode, só veve devendo,
E assim vai sofrendo
Tormento sem fim.

Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.

Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!

Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su.

*
ilustração.Joba Tridente.2012


Patativa do Assaré, poeta do “sertão sofredor”, tem uma inesgotável capacidade de comunhão e simpatia pelos que sofrem, pelos que vivem humilde e pobremente, pelos fracos, pela gente simples do nosso povo.  Seu canto não é de protesto, nem de revolta, mas de compaixão, na verdadeira acepção da palavra. Ele é sensível à dor e às labutas dos que pelejam duramente. Sua visão da realidade, contudo, não é fatalista. Ele sabe muito bem indigitar as causas humanas desses males, sem atribuí-los erroneamente a uma má sorte dada por Deus. (...) Patativa, poeta compassivo, adentra-se na compreensão da fragilidade humana, tendo como ponto de partida o panorama situacional do caboclo nordestino. Francisco Salatiel de Alencar na Apresentação de Cante Lá Que Eu Canto Cá - Filosofia de um trovador nordestino - Editora Vozes, 1978.

Patativa do Assaré nasceu Antônio Gonçalves da Silva, em Assaré, no dia 5 de março de 1909, e ali morreu, em 8 de julho de 2002. O filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, agricultores pobres, foi atropelado pela miséria ainda na infância. Aos oito anos já trabalhava na roça para ajudar no sustento dos irmãos mais novos. Frequentou uma única escola apenas quatro meses. Apaixonado por poesia começou a “fazer versinhos” aos treze anos. Com dezesseis conseguiu comprar uma viola, indispensável para cantar de improviso. A partir dos vinte a sua estrela de poeta foi ganhando brilho cada vez maior no mundo. Seu belo trabalho se encontra publicado em jornais, revistas, cordel e diversas coletâneas. O seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, saiu em 1956. A segunda edição, com o título Cantos do Patativa, foi lançada em 1967. Cante Lá Que Eu Canto Cá foi publicado em 1978; Ispinho e Fulô, em 1988; Aqui tem coisa, em 1994.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Luiz Gonzaga: ABC do Sertão


Ilustração de Joba Tridente: ABC do Setão

Á-bê-cê do Sertão
Zé Dantas / Luiz Gonzaga

Lá no meu sertão
Prôs caboclo lê
Tem qui aprendê
Um outro abecê
O jota é ji
O ele é lê
O esse é si

Mais erre tem nome de rê

Até o ipsilon
Lá é pisilone
O eme é mê
E o ene é nê
O efe é fê
O gê chama-se guê

Na escola é engradaçado
Ouvir-se tanto ê

a, bê, cê, dê
fê, guê, lê, mê,
nê, pê, quê, rê,
tê, vê e zê.

Luís Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu (13.12.1912) e morreu no Recife, (02.08.1989). O “Lua” ou “Gonzagão” e ou ainda o único “Rei do Baião” foi um dos mais importantes músicos brasileiros e o criador do clássico acompanhamento do baião e do forró: sanfona, zabumba e triângulo. Parceiro de Zé Dantas, Hervé Cordovil, Humberto Teixeira, entre outros, Gonzagão nos deixou um rico legado musical, onde se destacam: Pé de serra (1942), Asa Branca (1947), Juazeiro (1948), Qui Nem Jiló (1949), Respeita Januário (1950), Assum-preto (1950), O Xote das Meninas (1953), A Vida do Viajante (1953), Á-bê-cê do sertão (1953), Riacho do Navio (1955), A morte do vaqueiro (1963), A Triste Partida (1964), Légua tirana (1964),  Numa sala de reboco (1965).

Ilustração de Joba Tridente. 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Helena Kolody - 100 anos - 12


Nesta última postagem em comemoração aos 100 anos de Helena Kolody, 12 Pérolas colhidas em livros aqui e acolá. 12 Poemas que omiti a data, para um perfeito deleite atemporal.

No alvorecer da adolescência, que é como um novo nascer, senti necessidade de fazer versos, mesmo sem saber fazê-los. Nunca os mostrei a ninguém. Mais tarde, destruí-os, o que hoje lamento. Nos primeiros livros, os poemas eram mais espontâneos, mais descritivos, com vivas tonalidades emocionais. Até hoje, é a poesia dessa fase que mais agrada ao leitor, que com ela facilmente se identifica. (Helena Kolody in Sinfonia da Vida)


12 Pérolas Atemporais


Viagem infinita

Estou sempre em viagem.

O mundo é a paisagem
que me atinge
de passagem.


*
Cronos

Não é o tempo que voa.
Sou eu que vou devagar.

*
Sempre madrugada

Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada.


*
Inspiração

Pássaro arisco
pousou de leve...

Fugiu!


*
Ressonância

Bate breve o gongo.
Na amplidão do templo ecoa
o som lento e longo

*
Saudades

Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades.

*
Sem aviso

Sem aviso,
o vento vira
uma página da vida


*
Olhos de antes

Em vão, percorro a cidade
com meus claros olhos de antes.
As ruas não são as mesmas...
E são outros os passantes.


*
Cromo

No silêncio luminoso da tarde,
as árvores desfolham-se em pardais.

*
Sombra no muro

Persigo um pássaro
e alcanço, apenas,
no muro,
a sombra de um voo.

*
Flecha de sol

A flecha de sol
pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.


*

Voz da Noite

O sol se apaga.
De mansinho,
a sombra cresce.

A voz da noite,
diz baixinho:
esquece... esquece...


Helena Kolody (1912 - 2004), escritora, professora normalista começou a escrever muito jovem, por volta dos 13 anos, mas somente a partir de 1930 seus poemas foram publicados em jornais e revistas. Os seus primeiros Hai-Kais vieram a público em 1941. Em 1993 foi homenageada pela Sociedade Japonesa com o nome artístico de Reika “perfume de poesia”. A escritora foi quem pagou a maioria da edições de sua obra.

Helena Kolody é autora de: Paisagem Interior (1941); Música Submersa (1945); A Sombra no Rio (1951); Poesias Completas (1962); Vida Breve (1965); Era Espacial e Trilha Sonora (1966); Antologia Poética (1967); Tempo (1970); Correnteza (1977); Infinito Presente (1980); Poesias Escolhidas - edição ucraniana (1983); Sempre Palavra (1985); Poesia Mínima (1986); Viagem no Espelho (1988); Ontem, Agora (1991); Reika (1993); Sempre Poesia (1994); Caixinha de Música (1996); Luz Infinita - edição bilíngue (1997); Sinfonia da Vida (1997); Helena Kolody por Helena Kolody - coleção Poesia Falada(1997); Poemas do Amor Impossível (2002); Memórias de Nhá Mariquinha - prosa (2002).

Um dos mais expressivos estudiosos de sua obra é Antonio Donizeti da Cruz (Professor Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Doutor e Mestre em Literatura Brasileira e Teoria da Literatura).

Ilustração de Joba Tridente - 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Joba Tridente: Quando a Pausa é Maior



Exercito Poemas Visuais e ou Concretos desde os anos 1970. Eram Exercícios moldados a ferro em brasa..., frutos do seu tempo. Nos anos 1990 se tornaram mais (ou menos) brandos.
                                              Quando a Pausa é Maior
  
Um    drink
Uma  pausa
Um    cigarro

Um   cigarro
Um   drink
Uma  pausa

Uma  pausa
Um    cigarro
Um    drink

Uma  pausa
Uma  pausa
Um    drink

Uma  pausa
Uma  pausa
Uma  pausa
  


                                               Joba Tridente.17.05.1974
                                               in 25 Poemas Experimentais (Kátharsis.1999)
                                               Ilustração.06.11.2012


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