terça-feira, 15 de agosto de 2017

Joba Tridente: auto.ri.dade

..., aturdido sigo eu também tentando decifrar a Esphinge Ignóbil que se assentou no país com seu séquito desvairado e cuja fome capital a faz devorar nossa ordem. ..., dormir e acordar com o mesmo palavreado chantagista é pesadelo sem fim. ..., regurgito minha catarse a cada insanidade sociopolítica e judicial que me estapeia. ..., nem sempre é fácil desembaraçar as palavras. ..., com auto.ri.dade, a primeira letra foi colocada em 29.06.2017 e a última em 15.08.2017.


                 
auto.ri.da.de
joba.tridente

você é alto e móvel
mas não é automóvel
por tanto que fez feder
enfia a chave
no teu orifício de particularidades
igniza-te e dê
marcha a ré
: marcha réu
desta garagem
insólita e sombria

: emburra
com a barrica
de cifras e regalias

: empurra
com a barriga
de impropérios
tua gene podre
pra gruta que te pariu

: chafurda
tua militância pateta
de curral em curral
..., enquanto a comédia não finda

: compartilha
a lavagem em cada instância
de barganha política
..., enquanto a tragédia não finda

: troça caro o arrego
na honra que jamais terá
..., no palco em que a retórica não para
        de girar

na hora do arrimo
o ponto gritará:
- teu nome vão
é o que te presta
importância?

na hora do arrocho
o coro gritará:
- teu nome vão
é o que te funesta!

na hora do arrimo
o ponto gritará:
- teu nome vão
é o que te empresta
importância?

na hora do arrocho
o coro gritará:
- teu sobrenome
é o que te trai
no mourão genealógico
da família que te apadrinha!

........................
: ver-te víbora,
    verter mentiras fendidas
    na infinitude da providencial cegueira
                                        do não sssssssssei

: ver-te verme,
    vermicular proselitismo
    na gastura de vomitivas farsas

neste brasil que rola feito barril
se tudo é burro  
     no teu cinismo prolixo
se tudo é carga   
     na tua cobiça maçante
     ..., só acendendo o pavio!

*
foto de joba tridente.2016



Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

domingo, 13 de agosto de 2017

Joba Tridente - : da válvula ...

Neste ano de 2017 foram lançados mais dois volumes da antologia de poemas sobre o pós-humano da literatura brasileira: Hiperconexões: realidade expandida - Sangue & Titânio e Carbono & Silício, com organização do escritor Luiz Bras. Eu, que já estive no vol. 2, com três Orações de Um Cotidiano, agora participo com o poema : da válvula..., que estou republicando com a formatação final impressa. Os dois volumes de Hiperconexões: realidade expandida, reunindo 96 autores, foram editados pela Editora Patuá*.


Sangue & Titânio
apresentação de Luiz Bras

Duzentos anos atrás não existia o telefone a fotografia o rádio o cinema a tevê. Hoje brincamos de construir realidades virtuais. Daqui a duzentos anos o que haverá? Duzentos anos atrás não havia a anestesia geral a lâmpada o elevador elétrico o automóvel o avião o foguete o satélite a estação orbital. Hoje fazemos planos para colonizar Marte. Daqui a duzentos anos o que haverá? Duzentos anos atrás não sabíamos da existência dos micróbios. Não existia o antibiótico o transplante de órgãos. Não sabíamos da existência de outras galáxias e a pequena. Via Láctea era todo o universo Hoje observamos o infinito e aceleramos partículas pra saber de que é feito o universo. Daqui a duzentos anos o que haverá? O início do amanhã é agora. O futuro já começou e os poemas aqui reunidos tratam das maravilhas e tragédias que estão nos envolvendo nos abraçando cada vez mais forte. Poemas que podem ser lidos como se fossem um só. Uma odisseia coletiva.



       

: da válvula ...
joba tridente

... quando desatarraxaram a válvula
                        que prendia o coração
ouvi cair quicando longe a ruela e o parafuso de titânio
                       e logo o baque seco dos parafusos e ruelas 
e partes do corpo em liga de aço
                                        e diamante se amontoando atrás
                        e como se bailarino do ar
o cérebro talhado em prata com neurônios fiados em ouro
pousou leve
sobre        os         restos         de         tudo          que         fora
                                            e abrindo feito caixinha de música
                                            oriental
       deixou escapar a alma fugaz
                         das minhas parcas
                                                                            m.e.m.ó.r.i.a.s ...

                                                                 curitiba.19.10.2016.22h51


*
ilustração de Joba Tridente


* Você pode encontrar os três volumes de Hiperconexões - Realidade Expandida no site da Editora Pautá. O primeiro volume foi lançado no verão de 2013, reúne 30 poetas e pode ser lido também on-line: Hiperconexões: Realidade Expandida- I. Mais informações sobre as Hiperconexões.

Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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