quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Joba Tridente: cinco f.o.t.o.g.r.a.m.a.s

 


cinco f.o.t.o.g.r.a.m.a.s

d.e...j.o.ba....t.r.i.d.e.n.t.e

É possível que os sobreviventes jamais esqueçam o fatídico ano 2020, cujos dolorosos resquícios lacrimejam em 2021. É possível que os sobreviventes farão de tudo para esquecer o fatídico ano 2020, ano em que um vírus nada preconceituoso (sequer racista ou xenofóbico) passou rasteira socioeconômica e político-religiosa em quase (?) todo o mundo capitalista, botando a nu muitos governantes que se viram obrigados a dar suas caras-de-pau a tapas e a “mudar” seus conceitos sobre a praga em franca mutação, sobre a ciência e sobre as vacinas em 2021.

Desde o “começo” da temporada pandêmica, no Brasil, lá nos idos de março de 2020 e adentrando 2021, venho tecendo uma série de crônicas em verso e prosa, quase diárias, focadas no coronavírus, nomeadas de f.o.t.o.g.r.a.m.a.s, e publicando por aqui: f.o.t.o.g.r.a.m.a.s X; Pão de Milho; Catarse Crônica..., no Facebook e na Revista Humanidades nº.64: Brasil Pandêmico – O espanto e a dor diante da Covid.19 (link edição PDF), da Universidade de Brasília, com o poema f.o.t.o.g.r.a.m.a XXI - Plinto (que diz muito, inclusive, sobre as eleições de 2020).

Em 2020 andei bastante ocupado com a divulgação de Mostras e Festivais Cinematográficos, no meu blog Claque ou Claquete e também preparando edições de contos, de crônicas e de textos sobre educação, em atenção a dois Editais Aldir Blanc (premiado nos dois), e, se me ocupar menos com festivais e outros editais, espero voltar a ser mais presentes com as postagens de autores e autoras por aqui. Hoje, como as dores não foram suficientemente consoladas, trago os f.o.t.o.g.r.a.m.a.s I; XXV; XXXI; XXXIV; XLVII. Uma vez que, em sua maioria, os textos são longos, optei por alguns mais breves.

  


cinco f.o.t.o.g.r.a.m.a.s

de...j.o.ba...t.r.i.d.e.n.t.e

 

f.o.t.o.g.r.a.m.a.s I

joba.tridente.21.03.2020

o

NÃO

dissemina o

ENTRE EM PÂNICO!

 

 

f.o.t.o.g.r.a.m.a.s XXV

joba.tridente.02.07.2020

a quarentena encurta e estica e enlouquece

no abre e fecha e alonga e reduz o distanciamento

: nem todo humano é social!

: nem todo comércio é essencial!

: nem todo dízimo é fundamental!

: a escola distante não motiva a tarefa virtual!

: a prece não aquece sob a chama da vela digital!

: o artista agoniza no palco no seu quintal!

 

o rádio perde a graça a tv perde a graça o livro perde a graça

..., e angustia os ansiosos e desespera os capitalistas

     e mobiliza os negacionistas e suas trupes de terraplanistas

                                           da ressuscitação do velho testamento

 

- AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!

 

- há chantagem pra vender!

- há chantagem pra comprar!

- há chantagem pra governar!

- há chantagem pra salvar a nação dos sem noção!

- há chantagem pra sair de casa e se expor ao invisível!

  ..., no balaio das opiniões (sempre) capitais

       importa o lucro vivo

       mesmo a economia do cidadão morto...

       

 

f.o.t.o.g.r.a.m.a.s XXXI

joba.tridente.06.07.2020

 

: a cada dia

um pranto

debulhando ais

 

: há que se guardar

                    lágrimas

para os mortos de amanhã

 

 

f.o.t.o.g.r.a.m.a.s XXXIV

histórias inacab....

joba.tridente.02.08.2020

 

no princípio do terror

contava-se os anônimos

no meio do pavor

contava-se os intelectuais

no fim da dor

contava-se os médicos e os enfermeiros

morrendo em meio ao caos

tantos nomes e tantos nomes e tantos nomes

                             sobrepondo

  hoje  

       aos mortos

           ontem

 

 

f.o.t.o.g.r.a.m.a.s XLVII




Joba Tridente, um livre pensador livre. artesão de imagens e de palavras em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre – O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, Humanidades, entre outros.

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