quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Joba Tridente: Balas
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Joba Tridente: Se...
Joba Tridente,
um livre pensador livre. artesão de imagens e de palavras em
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Joba Tridente: Histórias de Sabiás - 3
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Murillo Araújo: Infância
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Solano Trindade: Tem Gente Com Fome
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuuu
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
António Jacinto: Castigo P’ro Comboio Malandro
passa
passa sempre com a força dele
ué ué ué
hii hii hii
te-quem-tem te-quem-tem te-quem-tem
o comboio malandro
passa
Nas janelas muita gente:
ai bô viaje
adeujo homéé
n'ganas bonitas
quitandeiras de lenço encarnado
levam cana no Luanda p'ra vender
aquele vagon de grades tem bois
múu múu múu
igual como este dos bois
leva gente,
muita gente como eu
cheio de poeira
gente triste como os bois
gente que vai no contrato.
Tem bois
que morre no viaje
mas preto não morre
canta como é criança,
Mulonde iá Késsua uádibalé
uádibalé uádibalé...
Esse comboio malandro
sozinho na estrada de ferro
passa
passa
sem respeito
ué ué ué
com muito fumo no trás
hii hii hii
te-quem-tem te-quem-tem te-quem-tem
Comboio malandro
o fogo que sai do corpo dele
vai no capim e queima
vai nas casas dos pretos e queima
Esse comboio malandro
já queimou o meu milho,
Se na lavra do milho tem pacaças
eu faço armadilhas no chão,
se na lavra tem kiombos
eu tiro a espingarda de kimbundo
e mato neles
mas se vai lá fogo do comboio malandro
- deixa! -
ué ué ué
te-quem-tem te-quem-tem te-quem-tem
só fica fumo,
muito fumo mesmo.
Mas espera só
Quando esse comboio malandro descarrilar
e os brancos chamar os pretos p'ra empurrar
eu vou
mas não empurro
- nem com chicote -
finjo só que faço força
Comboio malandro
você vai ver só o castigo
vai dormir mesmo no meio do caminho.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Ascenso Carneiro: Trem de Alagoas
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
- Adeus!
- Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Conto Indiano: A História do Primeiro Príncipe
Vi, pela internet, que o livro Maravilhas do Conto Indiano pode ser encontrado baratinho nos sebos. Vale cada centavo porque, além da excelência dos míticos contos que remontam aos Vedas, Mahabharata, Ramayana, tem também alguns antológicos contos de autores modernos: Rabindranath Tagore tragicômico com O Abandonado; Babani Batacharia emocionante com o dramático Um Momento de Eternidade; Mulk Rajanand divertido com O Marajá e a Tartaruga; Yashpal falando da intolerância em Meu Deus, que Crianças Estas!; Ram Cumar cinematográfico em Tempestade de Poeira; Balwant Gargi tocante em Um Aperto de Mãos.