sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Joba Tridente: Rã

..., li no Facebook um haikai do escritor Carlos Alberto Verçosa, autor de 20 anos de Oku - Viajando com Bashô, Salvador Bahia, 1995, no link: Haikai da Quinta ..., e resolvi dialogar com ele e com a famosa dos mestres.



lagoa paulista
uma rã mergulha
e levanta poeira

*
Joba Tridente: Hai-Kai e Ilustração: 29.01.2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Vanessa Gomsant: Líquida Vida


Líquida Vida
Vanessa Gomsant

Sem água não há nada... nem bebida nem banho. Nem plantação nem comida. Não há energia nem tecnologia, nem nada que provenha delas. Não há transporte que circule, senão a bicicleta.

Erosões repentinas e solo seco por falta de água, focos de incêndio imprevistos pelo excesso de calor. Vazamentos de gás subterrâneo e sobrecargas elétricas na superfície. Quedas de sinais e de energia. Alerta!

Já quase não há fauna nem flora... Numa biodiversidade, prevalecem a monocultura exacerbada e a pecuária para exportação. Nas ruas, uma queda incessante de árvores com copas e sem raízes. Um solo tomado pelo asfalto e os bueiros pelo lixo. Cidades impermeáveis para a água e o bom senso.

Sem água não há Arte, haverá somente a História... Uma economia que extingue a ecologia e a humanidade. Sistemas blindados que priorizam números e desprezam vidas. Importa a quantidade e resultados, sequer a qualidade e o processo. Progresso?

Enfim, rumo ao ápice do colapso... Apenas o que resta é a humanidade ter CONSCIÊNCIA e VONTADE, colocadas na prática. Consciência de que somos PARTE de um TODO social, que também tem necessidades e direitos.

Somos PARTE do Planeta, um sistema vivo, não DONOS dele. A Natureza é SOBERANA e nós, meras vidas DEPENDENTES dela. Vidas em constante dívida com o Planeta e que ainda duvida do fatos.

HUMANIDADE rima com HUMILDADE... Por que somente nas palavras?


Vanessa Gomsant é arte-educadora e educadora ambiental brasileira em constante ebulição. Faz do meio o seu ambiente e do ambiente o seu verbo e do verbo a sua arte.

*
Foto: Bruno Alberto Pancera


domingo, 25 de janeiro de 2015

Joba Tridente: dias passados

          

dias passados
joba tridente

dias passados - 1

o canto
que me chega
dolente
de um passado
interior
de um pássaro
interior
que não o sei
desde a infância


dias passados - 2

o canto
que me chega
como sol no viés
das três da tarde
sempre às três
de tardes amarelas
de tardes de ruas de terra
de tardes de baldios
catando vidro e ferro velho
e doces maria-preta


dias passados - 3

o canto
que me chega
d’entre prédios
é o anterior
d’entre árvores
que não o sei
que não o saberei
como não o soube
ontem
tampouco amanhã
se o me trouxer
novamente o vento

*
Joba Tridente: Poema e Ilustração (2015)


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Joba Tridente: siri


siri
joba tridente

treme o siri
teme na areia
quem siri não é


*

Joba Tridente: poema (12/2014) e foto (12/2010)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Joba Tridente: Avenida Brasil

..., uma lembrança para quem anda sonhando ansioso com a volta da dita, querendo levar uma dura ...,

     
Avenida Brasil
Joba Tridente

o corpo que caiu
     caiu do 21º. andar
o corpo que caiu
     caiu quebrando janelas
o corpo que caiu
     caiu despedaçando
o corpo que caiu
    caiu espalhando vermes
o corpo que caiu
    caiu assustando pardais
o corpo que caiu
    caiu alvoroçando pombos
o corpo que caiu
    caiu sem se saber vivo ou morto
o corpo que caiu
    caiu sem se saber macho ou fêmea
o corpo que caiu
    caiu sem identidade
o corpo que caiu
             caiu civil
o corpo que caiu
    caiu servil
o corpo que caiu
    caiu do Edifício América do Sul
o corpo que caiu
    caiu na Avenida Brasil, 1964
..................................................................
o corpo que caiu
    caiu onomatopaico
    gotejando impropérios
o corpo que caiu
    foi coberto com o silêncio
    do jornal de ontem
    jogado por um transeunte


*
Joba Tridente: poema (....) e ilustração: 2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Alvaro Posselt: Entre Arranhões e Lambidas

O escritor Alvaro Posselt, autor de seis haicais que postei recentemente, lançou, no final de 2014, o divertido Entre Arranhões e Lambidas - haicais & gatos, com adoráveis ilustrações de Fefê Torquato. Desta recente obra, delicie-se com três haigatos.



I
É hora do banho
De lambida em lambida
o gato dobra de tamanho


II
Quem eu sou de fato?
Meu bicho de estimação
diria o meu gato


III
Além da linha inimiga
o gato passeia pelo canil
O cachorro já nem liga

*
Ilustração de Joba Tridente - 2011


Alvaro Posselt nasceu em Curitiba. É professor de português e escritor. Orienta oficinas de hai-kai em escolas públicas e tem poemas e minicontos publicados em revistas, jornais e coletâneas. Lançou Tão breve quanto o agora (2012), Um Lugar Chamado Instante (2013) e Entre Arranhões e Lambidas – haicais & gatos (2014). Seus livros estão à venda nas livrarias de Curitiba e na Barraca dos Autores, aos sábados, na Boca Maldita, e aos domingos, no Largo da Ordem.

Para mais informações, contato e troca de ideias com Alvaro Posselt, email-lhe: alvaroposselt@yahoo.com.br.

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