quarta-feira, 23 de maio de 2012

Luiz Otávio: Trovas - 2



No final dos anos 1970, “ausentado” de Brasília, trabalhava com cooperativismo em Ilhéus-BA. Pouco antes de retornar ao DF, um amigo me ofereceu um livro de bolso com o singelo título Cantigas Para Esquecer, do trovador Luiz Otávio, publicado pela Editora Vecchi: Animado pela boa acolhida ao meu livrinho “Trovas”, resolvi organizar este de maneira idêntica. Assim, fiz uma seleção de trovas de minha autoria, aproveitando algumas dos meus livros esgotados “Saudade... Muitas Saudade!...” e “Um Coração em Ternura...”, e outras que eram ainda inéditas. Ajudaram-me nesta seleção treze trovadores e sete leitores, de diversos pontos do nosso país e de diferentes idades e profissões.

Cantigas Para Esquecer traz cem trovas. Eu selecionei oito:

58
Saudade – voz da Distância
que se ouve, na solidão,
a contar coisas da infância
ou sonhos que lá se vão...

59
Nem sempre nós conseguimos
traduzir nossas dores...
- Quantas trovas ficam mortas
nas almas dos trovadores!

65
Uma trova pequenina,
tão modesta, tão sem glória,
bem pouca gente imagina
ter também a sua história...

81
Não digo, não, “minha” trova,
quando faço um verso novo:
não é minha, nem é nova,
quando cai na alma do povo...


Luiz Otávio (pseudônimo de Gilson de Castro) nasceu no Rio de Janeiro em 18 de julho de 1916. Formou-se pela Faculdade Nacional de Odontologia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Ainda jovem viu suas poesias e trovas publicadas em importantes veículos como: Correio da Manhã, Fon Fon, O Malho, O Cruzeiro. Em 1967 fundou União Brasileirade Trovadores, que dirigiu até 1976. Luiz Otávio faleceu em 31 de janeiro de 1977, em Santos-SP.  Bibliografia: Saudade... Muita Saudade (Poesias – 1946); Um coração em ternura (Poesias – 1947); Trovas (1954, 1960, 1961) – traduzido para o francês por Osmar Barbosa; Meus irmãos, os Trovadores (Coletânea de 2.000 trovas de autores brasileiros - 1956); Cantigas para esquecer (Trovas – 1956, 1961); Meu Sonho Encantador (Poesia -  1959); Cantigas dos Sonhos Perdidos (Trovas - s/d); Cantigas de muito longe (Trovas – 1961); Trovas ao chegar do Outono (Trovas – 1965);  Decálogo de Metrificação (1975).

Ilustração: Luiz Otávio, no traço de Jaime Pina da Silveira – arte publicada no site da UBT-Seção São Paulo.  

domingo, 20 de maio de 2012

Luiz Otávio: Trovas - 1



No final dos anos 1970, “ausentado” de Brasília, trabalhava com cooperativismo em Ilhéus-BA. Pouco antes de retornar ao DF, um amigo me ofereceu um livro de bolso com o singelo título Cantigas Para Esquecer, do trovador Luiz Otávio, publicado pela Editora Vecchi: Animado pela boa acolhida ao meu livrinho “Trovas”, resolvi organizar este de maneira idêntica. Assim, fiz uma seleção de trovas de minha autoria, aproveitando algumas dos meus livros esgotados “Saudade... Muitas Saudade!...” e “Um Coração em Ternura...”, e outras que eram ainda inéditas. Ajudaram-me nesta seleção treze trovadores e sete leitores, de diversos pontos do nosso país e de diferentes idades e profissões.

Cantigas Para Esquecer traz cem trovas. Eu selecionei oito:

1
Para embalar o meu sonho
ou minha mágoa entreter
eu fiz, alegre ou tristonho
Cantigas para esquecer...

4
A trova, quando perfeita,
três reações pode causar:
a gente ri... ou suspira...
ou então fica a pensar...

5
Perder fortunas, amigos,
é uma tragédia na vida!
- Mas nada faz tanta falta
como a fé que foi perdida!

20
“Não chore, pois voltarei!...!
Eu disse, cheio de mágoa...
Quando, porém me virei
meus olhos se encheram d’água...

Luiz Otávio (pseudônimo de Gilson de Castro) nasceu no Rio de Janeiro em 18 de julho de 1916. Formou-se pela Faculdade Nacional de Odontologia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Ainda jovem viu suas poesias e trovas publicadas em importantes veículos como: Correio da Manhã, Fon Fon, O Malho, O Cruzeiro. Em 1967 fundou União Brasileira de Trovadores, que dirigiu até 1976. Luiz Otávio faleceu em 31 de janeiro de 1977, em Santos-SP.  Bibliografia: Saudade... Muita Saudade (Poesias – 1946); Um coração em ternura (Poesias – 1947); Trovas (1954, 1960, 1961) – traduzido para o francês por Osmar Barbosa; Meus irmãos, os Trovadores (Coletânea de 2.000 trovas de autores brasileiros - 1956); Cantigas para esquecer (Trovas – 1956, 1961); Meu Sonho Encantador (Poesia -  1959); Cantigas dos Sonhos Perdidos (Trovas - s/d); Cantigas de muito longe (Trovas – 1961); Trovas ao chegar do Outono (Trovas – 1965);  Decálogo de Metrificação (1975).

ilustração: capa de Álvaro Alves Martins para a 2ª. edição. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Joba Tridente: Ãhn!




Ãhn!

nervos à flor
da pele retalhada
à navalha que faceta
o cérebro feito
cogumelo ou bucho
ao avesso do pensamento
que escorrega
dissimulado no reflexo
do olho que finge
a atordoada atenção
céu noutro inferno

poema: Joba Tridente. 08.05.2012. Curitiba-PR
ilustração: Joba Tridente. 17.05.2012. Curitiba-PR

sábado, 12 de maio de 2012

Helena Kolody - 100 Anos - 5



Na internet se encontra de tudo, até mesmo mentiras que viram verdades e verdades que viram mentiras. Na internet se encontra de tudo, até mesmo autores que foram, sem nunca terem sido, autores de texto que nunca escreveram. Na internet se encontra de tudo, até mesmo textos originais jamais escritos por autores mortos. Na internet se encontra de tudo...

No ano passado, mais precisamente no dia 12.05.2011, uma colaboradora do Portal Cultura Infância, enviou uma série de “frases que nos fazem refletir e motivam equipes”, de renomados autores. Para meu espanto, entre elas se encontrava o poema Dom, de Helena Kolody, como se fosse uma frase (e pior!) de autoria de Gandhi, penso que o Mahatma.

Retornei o email, para o grupo na “voz” da própria Helena: Quando este poema nasceu, era só o primeiro verso. Dormiu dois anos na minha "gaveta de sapateiro", onde guardo alguma coisa que aparece. Guardei e esqueci. Mais tarde, eu o retomei, experimentei até chegar ao que é hoje.

Dom (1986)
Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem dela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.

É um belíssimo poema que me remete a um aforismo do escritor Oscar Wilde (16/10/1854 - 30/11/1900), mestre do sarcasmo inglês:

Todos nós estamos na lama, 
mas alguns sabem ver as estrelas.

ilustração de Joba Tridente

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