..., os dias me
ardem nos meus gritos contidos. ..., os dias me ardem nos meus gritos
imprimidos. ..., os dias me ardem a cada notícia soturna que se espalha pelo ar
feito pedúnculo de dente-de-leão em busca de solo útil para se proliferar. ...,
os dias me ardem, como em muitos brasileiros.
..., eu me
repito no prólogo na busca de novo epílogo. catártico e trágico sigo, por hora,
cometendo poemas em prosa desesperada ou prosa em versos desesperados. ou vide
o verso ou vide a prosa que hoje de.la.ta.e.a.li.nha o poema que me perseguiu de 19 de junho a
10 de julho de 2017.
de.la.ta.e.a.li.nha
joba.tridente
o
rugido do povo não é ouvido...,
no brasil um homem delata um homem de
lata
no tête-à-tête
sonambula o povo na torta trilha da
granja de ovos dourados
na fogueira das quadrilhas vaidosas
das bravatas enxadrezadas
no terreiro das vaidades
interrompidas por fogos-fátuos amigos
da pururuca a esmo no corte
transverso do lombo avantajado
dos três poderes
a não mais contar nos dedos a falta
que um fará
no rega-bofe da propina
duto de todas misérias políticas
evasivas
em nome da habilidade de governar do homem de lata
cujo tempo no palácio de cartas
manchadas com estrume
não delata
: enquanto
o ferrugem cresce e corrói as três paredes
a quarta abafa a tapas a opinião que publica
contra o brilho de alumínio de tolo no ferro frio...
...,
se a opinião pública não faz sentido
apossas e não te arrependes
mentes e não te arrependes
da revolta te ausentas surdo ao lume
da lata
tua refilada fala ambígua escorrega
gélida na europa
de ontem
tropeça cálida nos palácios de curvas
e retas
nalgum
cerrado planalto
na intermitência norte da bússola
premida no bolso oculto
na bolsa da mala do soturno
mentecapto a galope
sob o esbravejar ensurdecedor dos
bicudos da megalópole
serva cega que tateia planos altos
sem orçar jamais a queda
nas costas macias do populacho desmemoriado
levado a cortejar o consumo partidário
no prato das aflições
que serve cérebros brocados por parasitas
doutrinárias
ao sabor de políticas de ocasião que
lançam suas larvas
venenosas à direita à esquerda ao
centro
no cuspe infecto que alcança norte e
sul e leste e oeste
fertilizando os desprovidos de (in)formação
: o
uivo solitário que encontra eco no beco
na força dos acordes abre ruelas...
*
foto de Joba Tridente.2015
Joba Tridente,
artesão de palavras e imagens em Verso : 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015);
101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo
da minha janela (2014); Ebulição da
Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.