quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Declaração dos Direitos Humanos


arte-postal: Débora/Projeto Formando Cidadã
Curitiba/PR - 2003/2004

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
versão em linguagem simplificada, elaborada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos em celebração do 60º aniversário da Declaração Universal

01. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
02. Toda pessoa deve possuir os mesmos direitos e liberdades, sem qualquer distinção.
03. Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
04. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão.
05. Ninguém será submetido a torturas ou castigo cruel.
06. Todo ser humano será reconhecido como pessoa perante a lei.
07. Toda pessoa deve ser protegida igualmente perante a lei, sem discriminação.
08. Toda pessoa deve ter acesso à justiça para reparar violação dos seus direitos.
09. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
10. Toda pessoa tem direito a julgamento público, imparcial e justo.
11. Toda pessoa acusada será presumida inocente até que sua culpa seja provada.
12. Ninguém sofrerá interferências em sua vida privada, nem ataques a sua honra e reputação.
13. Toda pessoa tem o direito de ir e vir, bem como o de residir dentro ou fora de seu país.
14. Toda pessoa perseguida tem direito a procurar asilo em outro país.
15. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
16. Toda pessoa tem o direito de constituir família, mas não será obrigada a isso.
17. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
18. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião.
19. Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e de expressão.
20. Toda pessoa tem direito de se reunir e de se associar, pacificamente, não podendo ser obrigada a isso.
21. Toda pessoa tem direito de participar do governo, de ter acesso ao serviço público e de eleger livremente seus representantes.
22. Toda pessoa possui direitos econômicos, sociais e culturais.
23. Toda pessoa tem direito ao trabalho, a um salário justo e à sindicalização.
24. Toda pessoa tem direito ao repouso, ao lazer e a férias remuneradas.
25. Toda pessoa tem direito à saúde, ao bem-estar e à proteção social, principalmente as mães e as crianças.
26. Toda pessoa tem direito a uma educação de qualidade, que garanta o pleno desenvolvimento da personalidade humana.
27. Toda pessoa tem direito a participar da vida cultural e receber os benefícios do progresso da ciência.
28. Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional onde cada país respeite os princípios desta declaração.
29. Toda pessoa tem o dever de contribuir para que os direitos de todos sejam respeitados, conforme os princípios das Nações Unidas.
30. Nenhuma pessoa, grupo ou Estado poderá suprimir os direitos e liberdades estabelecidos nesta Declaração.

fonte: http://www.cinedireitoshumanos.org.br/

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Joba Tridente: Livros Encantados


Livros Encantados
Joba Tridente

Livros que falam. Livros em pano. Livros em plástico.
Livros que se montam. Desmontam. Fragmentam.
Livros que viram castelos. Que viram peixes. Viram cobras. Borboletas.
Livros pincelados de prata. Tinta metálica refletindo a luz na água, nas estrelas, no papel.
Livros que buscam a atenção total dos pequenos e iniciantes leitores, com ilustrações para todos os gostos. Com efeitos especiais para todos os bolsos. Sim, porque gosto e bolso nem sempre são compatíveis e/ou cabem na mesma carteira. Assim...

As boas ilustrações sempre foram um grande convite à leitura, para quem precisa de algum incentivo para abrir um livro e se deixar levar por emoções outras. A arte de ilustrar um texto para contar uma história ou ser a própria história sem qualquer texto, acompanha o homem, e alguns outros animais não-humanos, desde a pré-história. Não são poucos os animais não-homens que, no acasalamento, ilustram as suas qualidades com cantos, danças, vôos, construção de fantásticos abrigos ou ninhos e ensinam aos filhotes as cores e as texturas que diferenciam a caça boa da venenosa. Para muitos, a camuflagem é uma arte que faz todos parecerem ser o que nunca foram. Ilusão que acompanha textos, personagens, ilustrações e animais de todas as ordens, até os humanizados.

Muitos dizem que, antigamente (sempre lá!), um livro não precisava de tanto subterfúgio para chamar a atenção do pequeno leitor, explorando (por exemplo) ilustrações que desviassem a atenção do texto. Bastava ter uma boa história. Hoje é preciso muito mais que uma boa história. Ele tem que interagir. Ser mais que virtual. É a tal da multimídia influenciando o ato de ler, o ato de ver, o ato de ouvir uma história. As ilustrações que­ já foram básicas, em preto e branco ou coloridas, agora obedecem aos padrões (ou seria patrões?) do mercado das idades. O caminho que era suave, agora oferece curvas rápidas, encruzilhadas inesperadas. Frutos do nosso tempo que serão questionados amanhã, se não surtirem o efeito esperado pelos editores, autores e ilustradores.

Lia-se mais antes, é claro. Principalmente quem era do interior e não tinha e nem sabia o que era ou fazia uma televisão. Então, ocupava-se o tempo de uma forma diferente. Havia um mundo, além das ruas, cercas, muros e quintais, para ser descoberto e gibis (HQ) para serem lidos às escondidas. Havia a noitada de causos e outras histórias, vagando entre cadeiras esparramadas nas calçadas, no verão, ou aconchegadas na cozinha, junto ao fogão de pó de serra ou a lenha, no inverno. Havia a antologia escolar reunindo contos de autores nacionais e (principalmente) estrangeiros, cujos nomes nem eram citados. Ah, os belos livros das Fábulas de La Fontaine ilustrados por Gustave Doré! Para onde será que foi o tempo?

Hoje a imaginação é cada vez mais coletiva. Cada vez mais lugar comum. Mesmo que cada um continue sendo cada vez mais cada um. Ela já vem pronta para o consumo e ao gosto do freguês. Está ao toque do controle remoto ou do ‘rato’ do computador. Os ilustradores precisam bem mais que simples ousadia, se querem prender a atenção do leitor pelos olhos, pela cor, pelo som e (quem sabe?), pelo sabor, antes mesmo que pelo texto. A ‘embalagem’ de um produto para a educação ou puro lazer, é mais que fundamental para o sucesso de uma publicação. Os pequenos multimidiados leitores não querem menos. Não esperam menos, mesmo não sabendo o que esperar de um livro destinado ou imposto às suas idades.

ilustração: capa de Manoel Victor Filho

Joba Tridente: Livros Desencantados


Livros Desencantados
Joba Tridente

Pululam campanhas de incentivo à leitura nos meios de comunicação. São ótimas vitrines para se compreender as reações do ‘freguês’ leitor frente às novidades do mercado editorial, a cada dia mais voltado para a didática, a literatura infanto-juvenil e os livros da moda. Serão suficientes? Uma feira, mesmo de livros, cujos objetos do desejo custem os olhos da cara ou os dedos da mão, é lugar comum e sempre atrai um grande público curioso não acostumado a freqüentar as casas do ramo. Mas, e uma livraria que cresceu tanto (ou se metamorfoseou) ao ponto de virar um shopping de cultura, uma livraria-bar, um café-livraria, uma..., um sei lá o quê, atrairá quem? Curiosos? Botequeiros? Aborrescentes? Leitores “profissionais”, iniciantes e os de fim de semana? Custará mais barato um livro carregado em cestinha de compras? Ou será mera ilusão de cartão de crédito e cheque pré-datado?

No Brasil o custo de um bom livro é inalcançável até mesmo nos sebos, independente do ano de publicação, estilo, autor, moda, tiragem etc. Já os encalhes, responsáveis pela morte de tantas árvores, saem ao preço da fruta da temporada. E haja ciclo para tanto vício (ou seria o contrário?) explicitamente oculto sobre gastos e lucros editoriais. Nos casos em que o Domínio é Público, muitos leitores, tal e qual os saudosos autores, são dominados pelas grandes editoras: compra ou fica na vontade. É claro que existem alguns “Bancos de Livros” (Bibliotecas) que fazem empréstimo, permitem a pesquisa local. Porém, o bom leitor não gosta da leitura cronometrada. Da leitura com hora marcada. Da tensão da multa anunciada. Porque ler é mais que passar o tempo, resolver um trabalho escolar. Ler é trocar de lugar, de olhar, de pensar, de falar, de ser. Ler é alertar os sentidos sobre o estado de cada coisa mitificada na pergunta e mistificada na resposta. Portanto, um livro estar à disposição do leitor não é um privilégio e, sim, uma necessidade. Nem sempre possível, é claro. Mas uma necessidade igual a qualquer outra que mantém a vida em equilíbrio. É uma pena que poucos conheçam o prazer de caminhar entre prateleiras e ouvir o insinuante sussurro das vozes presas nos livros à espera de olhos ou mãos sedentas.

Não há dúvidas de que, para um amante de livros, um espaço com milhares de títulos distribuídos em estantes a se perder de vista, com salas de leituras e de lazer, é um convite à contemplação e impossível de ser recusado. É um reencontro com o tempo de folhear sem a preocupação de ter que ficar dando explicações ao vendedor-sombra: “Não, eu não preciso de ajuda!”. Mas se isso vai conquistar novos leitores ou trazer de volta os antigos só o tempo ou o bolso dirá.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Livro: Duluth, de Gore a Kaufman

capa: Ana Maria Duarte

dicas de leitura:
O Mundo de Gore Vidal e o Mundo de Charlie Kaufman

Tem gente que acha que o curioso filme Mais Estranho que a Ficção, de Marc Forster (Direção) e Zach Helm (Roteiro), bebe no mesmo copo de Charlie Kaufman: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Quero Ser John Malkovich e Adaptação. Será? Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, sugiro a leitura de Duluth, de Gore Vidal, lançado no Brasil, pela Rocco, em 1987. Com sua língua afiadíssima Gore Vida nos oferece a paródia de uma cidade onde tudo, absolutamente tudo, pode acontecer. Ali, as pessoas não morrem, tornam-se personagens de seriado de TV, e os personagens literários se revoltam por ter de viver indefinidamente as mesmas histórias cada vez que alguém abre um livro. Isso quando não pulam de um livro para outro.

Joba Tridente: A maldição do círculo

Ilustração de Joba Tridente: Variação sobre a maçã - Falas ao Acaso

A maldição do círculo
ou os Tupyninguém

Eu tenho dúvidas se o correto seria maldição ou má dicção do círculo. Essa figura meta e física, ápice do conhecimento sagrado e profano, antes esotérica e hoje totalmente banalizada por uma tribo Tupyninguém que, de tão subdesenvolvida, subserviente e tacanha, autodenomina-se designer.

Dizem os estudiosos que a palavra designer (cuja pronúncia varia conforme a classe usuária: desainer, dessainer, disainer, dissainer, dezaine, dizaine, dezãin, dizãin...) vem do inglês de cima e significa o mesmo que o português de baixo: desenhista. No entanto, como os Tupyninguém são uma tribo de desentendidos, cada integrante dá à palavra de cima o significado que quiser no português de baixo. Para uns, designer quer dizer que o costureiro de ontem é hoje um estilista conceitualista de moda e o cabeleireiro é um arranjador conceitualista de cabelo. Para outros, designer quer dizer que o ilustrador e artista gráfico agora é um web-conceitualista de arte, ou que o desenhista industrial é um estilista conceitualista de produtos industriais, o decorador é um estilista conceitualista de interiores e a manicure é uma estilista conceitualista de mãos... E por aí vai, cada um se dando a graça de ser cada vez mais cada um no seu universo cada vez mais abarrotado de “unidades carbono” conceituais (ou seria designers?).

O que se passa na cabeça sempre colorida de um designer (reflexo contínuo da cabeça de outro designer) ao criar (?) uma marca para um produto e concluir que ao logotipo basta acrescentar um círculo, meio círculo, círculo entrelaçado ao círculo...? Céus e Infernos, será que esse indivíduo só aprendeu a fazer rodinhas na escola em que atravessou? Ou será que essas horrendas marcas (geralmente cópias de outras cópias) que a cada dia invadem os meios de comunicação, cegando, ensurdecendo, emudecendo o espectador distraído é mera brincadeira de mau gosto, um estilismo conceitual caduco, um teste de paciência para concluir até onde uma pessoa sã está atenta ao lixo visual?

De volta ao princípio questiono: Será o círculo uma maldição divina e/ou maligna, para testar os nossos sentidos? Será o designer tupyninguém um capacho inocente de forças desconhecidas (que abduziram a sua criatividade) ou um zumbi com má dicção, maldizendo o círculo em todas as suas (sic!) possibilidades de círculo? Socorro! Ou melhor, help!

ilustração de Joba Tridente - Variação sobre a maçã - 2009

Dito Assim: Guimarães Rosa

Foto de Joba Tridente: Ensaio 3 - Falas ao Acaso

Dito Assim...

Dito Assim são falas colhidas ao acaso, nas obras máximas de grandes autores. São convites à (re)leitura. São falas pra nunca esquecer.

Dito Assim por Riobaldo Tatarana a João Guimarães Rosa (1908-1967) - em Grande Sertão: Veredas – Editora Nova Fronteira – 18ª. Edição – 1985:

Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.” - pg.267.
Estavam escutando sem entender, estavam ouvindo missa.” - pg.244

E, quando ele saía, o que ficava mais, na gente, como agrado em lembrança, era a voz. Uma voz sem pingo de dúvida, nem tristeza. Uma voz que continuava.” - pg.232

E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei. A pois, o que sempre não é assim?” - pg.223

Mas o mundo falava, e em mim tonto sonho se desmanchando, que se esfiapa com o subir do sol, feito neblina noruega movente no frio de agosto.” – pg.296
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