sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cultura Zen: Seguindo a Corrente

Há alguns anos encontrei na web uma seleção de 175 Koans (narrativas, parábolas que propiciam a iluminação aos discípulos zen-budista) e Contos Zen, infelizmente sem a origem e ou autoria das traduções. A sutileza e o humor são incomparáveis. Destes, fiz uma seleção nada fácil de sete, que postei em 2013. Agora selecionei mais sete. Na quarta postagem: Seguindo a Corrente.



Seguindo a Corrente

Um velho homem bêbado acidentalmente caiu nas terríveis corredeiras de um rio que levavam para uma alta e perigosa cascata. Ninguém jamais tinha sobrevivido àquele rio. Algumas pessoas que viram o acidente temeram pela sua vida, tentando desesperadamente chamar a atenção do homem que, bêbado, estava quase desmaiado. Mas, miraculosamente, ele conseguiu sair salvo quando a própria correnteza o despejou na margem em uma curva que fazia o rio.

Ao testemunhar o evento, Kung-tzu (Confúcio) comentou para todas as pessoas que diziam não entender como o homem tinha conseguido sair de tão grande dificuldade sem luta: "Ele se acomodou à água, não tentou lutar com ela. Sem pensar, sem racionalizar, ele permitiu que a água o envolvesse. Mergulhando na correnteza, conseguiu sair da correnteza. Assim foi como conseguiu sobreviver."

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ilustração de Joba Tridente – 2015

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cultura Zen: A Garota

Há alguns anos encontrei na web uma seleção de 175 Koans (narrativas, parábolas que propiciam a iluminação aos discípulos zen-budista) e Contos Zen, infelizmente sem a origem e ou autoria das traduções. A sutileza e o humor são incomparáveis. Destes, fiz uma seleção nada fácil de sete, que postei em 2013. Agora selecionei mais sete. Na terceira postagem: A Garota.



A   GAROTA

Tanzan e Ekido certa vez viajavam juntos por uma estrada lamacenta. Uma pesada chuva ainda caía, dificultando a caminhada. Chegando a uma curva, eles encontraram uma bela garota vestida com um quimono de seda e cinta, incapaz de cruzar a intercessão.

"Venha, menina." disse Tanzan de imediato. Erguendo-a em seus braços, ele a carregou atravessando o lamaçal.

Ekido não falou nada até aquela noite quando eles atingiram o alojamento do Templo. Então ele não mais se conteve e disse a Tanzan: "Nós monges não nos aproximamos de mulheres, especialmente as jovens e belas. Isto é perigoso. Por que fez aquilo?"


"Eu deixei a garota lá!" disse Tanzan. "Você ainda a está carregando!"

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ilustração de Joba Tridente – 2015

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cultura Zen: Os Portais do Paraíso

Há alguns anos encontrei na web uma seleção de 175 Koans (narrativas, parábolas que propiciam a iluminação aos discípulos zen-budista) e Contos Zen, infelizmente sem a origem e ou autoria das traduções. A sutileza e o humor são incomparáveis. Destes, fiz uma seleção nada fácil de sete, que postei em 2013. Agora selecionei mais sete. Na segunda postagem: Os Portais do Paraíso.



Os Portais do Paraíso

Um orgulhoso guerreiro, chamado Nobushige, foi até Hakuin, e perguntou-lhe: "Se existe um paraíso e um inferno, onde estão?"

"Quem é você?", perguntou Hakuin.

"Eu sou um samurai!", o guerreiro exclamou.

"Você, um guerreiro!", riu-se Hakuin. "Que espécie de governante teria tal guarda? Sua aparência é a de um mendigo!"

Nobushige ficou tão raivoso que começou a desembainhar sua espada, mas Hakuin continuou: "Então você tem uma espada! Sua arma provavelmente está tão cega que não cortará minha cabeça..."

O samurai retirou a espada num gesto rápido e avançou pronto para matar, gritando de ódio. Neste momento Hakuin gritou: "Acabaram de se abrir os Portais do Inferno!"

Ao ouvir estas palavras, e percebendo a sabedoria do mestre, o samurai embainhou sua espada e fez-lhe uma profunda reverência.

"Acabaram de se abrir os Portais do Paraíso." disse suavemente Hakuin.

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ilustração de Joba Tridente – 2015

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cultura Zen: Conhecendo os Peixes

Há alguns anos encontrei na web uma seleção de 175 Koans (narrativas, parábolas que propiciam a iluminação aos discípulos zen-budista) e Contos Zen, infelizmente sem a origem e ou autoria das traduções. A sutileza e o humor são incomparáveis. Destes, fiz uma seleção nada fácil de sete, que postei em 2013. Agora selecionei mais sete, que publico a partir de hoje .



Conhecendo os Peixes

Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam à margem de um rio.
"Veja os peixes nadando na corrente," disse Chuang Tzu, "Eles estão realmente felizes..."
"Você não é um peixe," replicou arrogantemente seu amigo, "Então você não pode saber se eles estão felizes."
"Você não é Chuang Tzu," disse Chuang Tzu, "Então como você sabe que eu não sei que os peixes estão felizes?"

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ilustração de Joba Tridente – 2015

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Joba Tridente: Oficina Culturais 2015



Sinopse das Oficinas Culturais
de Joba Tridente

Há 20 anos oriento Oficinas Culturais em todo estado do Paraná, no Rio de Janeiro e em São Paulo, para crianças, jovens e adultos, em ruas, praças, escolas, teatros, bibliotecas, instituições de recolhimento. A carga horária é variada.

Há 15 anos apresento espetáculos de Contação de Histórias com Bonecos Animados, Objetos ou de Cara Limpa, em teatros, escolas, praças, bibliotecas, feiras literárias e de agronegócios.



POESIA ALEATÓRIA - RECICLANDO A PALAVRA - Ao aprender a reciclar a palavra, o oficinando cria uma poesia casual, descontraída e até mesmo distraída, reutilizando textos de publicações descartadas, através de um dinâmico e divertido exercício que busca dar um novo sentido a palavras aleatórias em textos aleatórios. Um exercício que o fará pensar no significado da palavra que tem em mãos ao construir um verso e descobrir que algumas são poéticas e outras esperam a vez de se tornarem poéticas. É eficiente da pré-educação à pós-graduação. Produto: livro de poemas (físico e pdf) e exposição interativa.

OUVIDO DE POESIA DE OUVIDOAtividade Lúdico-Performática para Eventos Literários e Culturais - A ideia essencial é orientar oficinandos para apresentações performáticas em eventos literários e culturais, intervenções públicas em bibliotecas, salas de aula, praças, falando, sussurrando, declamando poesias e ou textos poéticos, através de meios variados, provocando no ouvinte as mais diversas sensações. Objetivo: Formação de plateia leitora, através do resgate da poesia esquecida numa gaveta, num caderno de anotações, num livro na estante. Educar a fala e o ouvido do leitor ou ouvinte num recital descontraído. Produto: performances.


INTERATIVIDADE - InterAtividade é uma arte-atividade imediata, onde o espectador (criança ou adulto), conforme a sua sensibilidade e ousadia, interage com imagens variadas, cria, transforma, constrói e desconstrói uma história através de pequenas outras imagens e/ou cria textos poéticos, mensagens, protestos, com palavras. O resultado é uma arte (imagem/texto), divertida, dinâmica e original. Uma atividade lúdica, ousada, sem compromisso com normas e regras, onde o que conta é a criatividade. É a arte espontânea ao alcance de todos, amadores ou profissionais que buscam exercitar a interferência e a composição na arte e no texto. Compõem a atividade: Arte Postal e Poesia Aleatória. Produto: atividades em feiras culturais.


ARTE-POSTAL - A Arte-Postal é uma arte imediata, datada ou não, que artistas do mundo inteiro costumam fazer e trocar entre si e até mesmo expor em grandes galerias. A Arte-Postal, que nada tem a ver com o Cartão Postal, possui uma linguagem própria, às vezes namorando a ideia publicitária, a poesia visual ou concreta e, em outras, a mais expressiva comunicação visual contemporânea, que vai de capas de CDs ou livros a cartazes e grafite.


BONECOS ANIMADOS FEITOS COM MATERIAL RECICLÁVEL - O propósito é tornar útil o que parece inútil - embalagens e sobras de papel, caixas de fósforos, prendedores de roupa, imãs de geladeira, tubos de papel-toalha e de papel higiênico - em agradáveis e divertidas criações muito animadas, que podem ser usadas em sala de aula ou teatro, como ilustrações ou intérpretes de histórias para todas as idades.


BRINQUEDO QUE SE FAZ BRINCANDO - Hoje em dia fala-se muito de reciclagem, principalmente do reaproveitamento de diversas embalagens. No entanto, muita gente ainda não se deu conta da importância de Reduzir, Reutilizar e Reciclar as sobras do que consome. O lixo, para uns, não passa daquilo que está restando, sobrando em casa, e tem de ser deitado fora. O lixo, para outros, é aquilo que é deitado fora, mas que ainda pode ser reutilizado e reciclado. Ou seja, o material que a maioria joga fora pode ser lixo ou tornar-se arte. Depende de quem o joga e de quem descobre um uso para ele. Um momento para o oficinando transformar ludicamente as mais diversas embalagens de papel, plástico, isopor (bandejas base para frios de supermercado) em divertidos e encantadores brinquedos com movimentos, como: Discos Voadores, Veículos e Animais diversos, Balança e Não Cai, Bonecos, Roda Pião.


1001 REUTILIZAÇÕES DA EMBALAGEM DE PIZZA é uma Oficinatividade de Reciclagem que visa explorar a textura e a resistência da Embalagem Comercial de Pizza (industrial), no desenvolvimento e criação de Bonecos (para teatro e ou lazer), Brinquedos, Jogos, Artes Plásticas e Gráficas e, também, de Reembalagens..., transformando um material destinado ao lixo em novos produtos lúdicos, inclusive com possibilidade de gerar renda. O tempo de confecção do produto escolhido varia conforme a sua complexidade e ou habilidade do oficinando. Para conhecer alguns trabalhos feitos com Embalagem de Pizza, basta visitar o blog Lixo Que Vira Arte escrever Pizza em Pesquisar Neste Blog.


Espetáculo: CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COM BONECOS ANIMADOS - Espetáculo híbrido com utilização de bonecos animados contando ou ilustrando histórias clássicas, folclóricas, nacionais e universais.


NOTA: As Oficinas Culturais de Joba Tridente ativam a memória visual e a coordenação motora. Estimulam a agilidade e a organização lúdico-espacial. Desenvolvem o raciocínio, a concentração e a criatividade das pessoas dispersas. Todas as Oficinas Culturais resultam em produtos: livros, brinquedos, bonecos.


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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Irmãos Grimm: A Lua

A Lua é um astro fascinante. Há inúmeras lendas sobre ele em todo o mundo. Conheça agora uma fantástica versão recolhida pelos irmãos Jacob Grimm (1785-1863), Wilhelm Grimm (1786-1859).


A LUA
Irmãos Grimm

Em tempos muito antigos, havia uma terra onde a noite era sempre escura e o céu estendia-se sobre ela como um lenço negro, pois ali a Lua nunca subia e nenhuma estrela piscava na escuridão.

Certa vez, quatro rapazes saíram dali, decididos a viajar pelo mundo, e chegaram a um reino onde, quando à noite o Sol desaparecia atrás dos montes, havia uma esfera brilhante pendurada num carvalho, que deitava uma luz suave em todas as direções. Embora não fosse uma luz tão forte como a do Sol, era possível ver e distinguir tudo muito bem.

Admirados com o fenômeno, os jovens pararam um lavrador, que passava por ali com o sua carroça, e perguntaram que luz era aquela. - “Aquilo é a Lua”, respondeu ele, “o nosso prefeito comprou-a por três moedas e pendurou-a no carvalho. Tem de lhe deitar óleo todos os dias e mantê-la limpa, para que continue brilhando. Por isso lhe pagamos uma moeda por semana.”

Assim que o lavrador partiu, disse um deles:
- “Esta lanterna fazia-nos jeito, também lá temos um carvalho, tão alto como este, onde podemos pendurá-la. Que grande alegria andar na escuridão sem tropeçar!”

- “Sabem que mais?”, disse o segundo, “precisamos arranjar um carro e um cavalo e levar a Lua embora. As pessoas daqui bem podem comprar uma outra.”

- “Eu trepo com muita facilidade”, disse o terceiro, “trago-a já para baixo!”

O quarto trouxe um carro e um cavalo e o terceiro trepou pela árvore acima, fez um buraco na Lua, passou-lhe um fio e a desceu. Assim que a Lua brilhante ficou dentro do carro, a cobriram com um pano, para que ninguém se apercebesse do roubo. Assim, sem problemas, levaram a Lua para a sua terra e a penduraram num carvalho muito alto. Velhos, jovens e crianças se alegraram, quando a nova lanterna começou a estender a sua luz sobre os campos e a iluminar os quartos e as salas. Os anões saíram dos seus buracos nas rochas e os pequenos elfos, com os seus casacos vermelhos, faziam rodas nos prados.

Os quatro rapazes tratavam da Lua com óleo, limpavam e recebiam a sua moeda semanal. No entanto, envelheceram e quando um deles adoeceu e se apercebeu de que a morte estava próxima, ordenou que um quarto de Lua que lhe pertencia fosse levado com ele para a sepultura. Quando morreu, o prefeito subiu na árvore e, com a tesoura da poda, cortou um quarto da Lua que meteu no caixão. A luz da Lua diminuiu, mas não muito. Quando morreu o segundo, foi-lhe dado o segundo quarto e a luz minguou. Mais fraca ficou ainda quando morreu o terceiro, que também levou o seu quarto e, quando o quarto homem foi sepultado, instalou-se de novo a velha escuridão. Sempre que as pessoas saíam à noite sem lanterna, batiam com as cabeças umas nas outras.

Porém, assim que os quartos da Lua se juntaram no Inferno, os mortos, habituados à escuridão, agitaram-se e acordaram do seu sono. Ficaram espantados por enxergar novamente: a luz da Lua chegava-lhes bem, pois os seus olhos estavam tão fracos que não teriam podido suportar a luz do Sol. Ergueram-se, alegraram-se e retomaram os seus hábitos de vida. Alguns deles dedicaram-se ao jogo e à dança, outros foram para as tabernas onde pediram vinho, embriagaram-se, vociferaram e lutaram e, por fim, pegaram em cacetes e bateram uns nos outros. O barulho era cada vez maior até que, por fim, chegou ao Céu.

São Pedro, guardião das portas do céu, imaginando uma revolução no Inferno, chamou as hostes celestes para lutar contra o Diabo, porque este e os seus associados pretendiam assolar a morada dos abençoados. Como os “revoltados” não chegavam nunca, São Pedro montou no seu cavalo, atravessou as portas do Céu e foi ao Inferno. Aí sossegou os mortos, fez com que voltassem de novo às sepulturas e levou com ele a Lua, pendurando-a no Céu.

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Ilustração de Joba Tridente.2015


Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) são dois dos mais importantes compiladores da tradição oral europeia. Tradutores, estudiosos de história e de linguística, os irmãos ganharam maior notoriedade ao publicar, em 1812 e 1815, Contos da Criança e do Lar (Kinder und Hausmärchen), com narrativas que se tornaram clássicas (Branca de Neve, Cinderela, O Flautista de Hamelin, O Príncipe Sapo, Os Músicos de Bremen, Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, João e Maria). Na web há farto material sobre os Grimm.


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