domingo, 28 de fevereiro de 2016

Joba Tridente: Três Orações De Um Cotidiano

Em 18 de Outubro de 2014, foi lançado em São Paulo, Brasil, o livro Hiperconexões: realidade expandida, volume 2, reunindo 65 poetas convidados¹. É a primeira antologia de poemas sobre o pós-humano da literatura brasileira. Organização: escritor Luiz Bras. Apresentação: professor Ramiro Giroldo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Posfácio: poeta e editor Victor Del Franc. Edição: Editora Patuá. EU estou conectado neste passado presente do futuro com Três Orações De Um Cotidiano.

“A ciência e a tecnologia contemporâneas estão ensaiando um salto qualitativo sem precedentes na história da humanidade. Do natural para o artificial, da carne para o silício. Do humano para o pós-humano. A antologia Hiperconexões: realidade expandida (volumes 1 e 2) é o relato poético desse salto imprevisível envolvendo pessoas e máquinas. No segundo volume da antologia, sessenta e cinco poetas foram convidados a antecipar, de ma­neira luminosa ou sombria, utópica ou distópica, as próximas décadas de nossa civilização.” LB²



TRÊS ORAÇÕES DE UM COTIDIANO

Joba Tridente
en rena em perd da do aut^mat   ero um d  Vau an on*

I

EU me CONSUMO ao COMPUTADOR todo poderoso dominador do CÉU e da TERRA pela sua COMPUTAÇÃO das verdades VISÍVEIS e INVISÍVEIS pela sua CONSCIENTIZAÇÃO de PERFEIÇÃO e RAPIDEZ pela sua ABOLIÇÃO dos homens de CÁLCULOS pela sua PRECISÃO de TEMPO na SOLUÇÃO de CONTAS e ERROS cometidos. EU me CONSUMO ao seu filho único o ROBÔ concebido pelo RAIO LASER no ventre da VIRGEM MÁQUINA REPRODUTORA que nasceu para habitar entre nós e nos preparar para o FUTURO PRESENTE e nos ensinar o VALOR do MAQUINISMO o PODER dos BOTÔES a aceitação da EXTINÇÃO da RAÇA HUMANA pela AUTODESTRUIÇÃO como está escrito nas SAGRADAS E BUROCRATAS DITADURAS tanto no ANTIGO LIVRO DAS LEIS MATERIAIS como no NOVO LIVRO DAS LEIS MATERIAIS trancadas a SETE CHAVES e alarme com descarga de 220 volts em um cofre de titânio recoberto de cobre projetado e arquitetado pelos FÍSICOS NUCLEARES da época da REVELAÇÃO a fim de preservarem a PAZ através de DADOS fornecidos pelo todo poderoso COMPUTADOR e que somente poderão ser tocadas pelo MATERIALISTA-MOR DA TERRA o SAT.I. Seu reino não terá fim. ELE não será desaparafusado ou desligado e seu filho o ROBÔ não será sacrificado por falta de ÓLEO COMBUSTÍVEL com vitaminas extraídas do ÁTOMO. Se no cumprimento da MAGNA PROFECIA o unigênito cair nas mãos da representante ESPITIRUALISTA-PAGÃ-MOR DA TERRA e for batizado com a CHUVA ÁCIDA morrerá enferrujado com as pernas e os braços endurecidos e esticados em forma de CRUZ símbolo usado pelos PAGÃENSES raça deserdada pelo todo poderoso COMPUTADOR e que não herdará uma partícula sequer do seu REINO na TERRA ou no CÉU. Entretanto o ROBÔ há de ressuscitar no III dia conforme PROGRAMADO pela explosão de um poço de PETRÓLEO acumulado no mundo inferior. Nesse dia então se dará a sua ASCENSÃO ao HIPERESPAÇO onde ao lado do COMPUTADOR e do RAIO LASER completará a SANTÍSSIMA MAQUINÍSSIMA TRINDADE. Amém! jt.1b.9s.7b.5.aD


II

SMART nosso que estais no TABLET santificado seja o vosso SKYPE, venha a nós o vosso TWITTER, seja feita a vossa SELFIE assim no iPHONE como na CAM; a TI nossa de cada WEB nos daí hoje, perdoai as nossas REDES SOCIAIS assim como nós perdoamos as abusadas OPERADORAS e não nos deixeis ficar sem FACEBOOK, mas livrais-nos das TEMPESTADES SOLARES. Amém!  jt.2c.0w.1b.4.aD


III

Ave TABLET cheio de graça, a TI é convosco, bendito sois vós entre os MICROS e bendito é o S.M.A.R.T de vosso SO, DR. Oh, MOTHERBOARD, mãe dos componentes, rogai por APPLE in WINDOWS of LINUX, na hora do BUG. Amém!  jt.2c.0w.1b.4.aD

*
ilustração de Joba Tridente
*engrenagem perdida do autômato zero um de Vaucanson


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2013); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

*

1. Hiperconexões: realidade expandida - Poetas convidados: Ademir Demarchi + Adriane Garcia + Adrienne Myrtes + Alberto Bresciani + Alexandre Guarnieri + Amarildo Anzolin + Ana Peluso + André Carneiro + André Luiz Pinto + Andréa Catrópa + Bernadete Reutman + Carlos Lineu + Ciberpajé [Edgar Franco] + Claudio Brites + Danilo Gusmão + Dennis Radünz + Elaine Valeria + Elisa Andrade Buzzo + Eloésio Paulo + Fabiano Calixto + Fabiano Fernandes Garcez + Fábio Fernandes + Fernando Koproski + Flávio Viegas Amoreira + Fred Vieira + Gilberto Mendes + Gilmar Barros + Guilherme Scalzilli + Isaias de Faria + Ivan Hegen + Jane Sprenger Bodnar + Joba Tridente + Jussara Salazar + Luci Collin + Madô Martins + Manoel Herzog + Marcelo Ariel + Marcelo Finholdt + Marcelo Maluf + Marcelo Sousa + Márcia Barbieri + Márcio Barreto + Márcio-André + Maria Balé + Mariana Ianelli + Mariana Teixeira + Marilia Kubota + Mário Martinez + Ninil Gonçalves + Patricia Chmielewski + Renato Rezende + Reynaldo Damazio + Ricardo Miyake + Rodrigo Garcia Lopes + Rodrigo Petronio + Ronaldo Cagiano + Silvana Guimarães + Sônia Barros + Tarso de Melo + Thiago Domingues + Valerio Oliveira + Victor Del Franco + Victor Paes + Virna Teixeira + Whisner Fraga

2. O primeiro volume de Hiperconexões, lançado no verão de 2013, reúne trinta poetas e pode ser lido também on-line: Hiperconexões: Realidade Expandida- I.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Joba Tridente: Calcinha Rosinha

Em 2012/2013 o escritor francês Jean Foucault passou uma temporada no Brasil, mais precisamente em Curitiba, Paraná, orientando oficinas de poesia e de tradução literária. O seu contado com autores locais resultou no livro Ce que je vois de ma fenêtre / O que eu vejo da minha janela, da Édicions Corps Puce..., onde compareço com o poema eroticamente lúdico e ou ludicamente erótico Calcinha Rosinha.



CALCINHA ROSINHA
Joba Tridente

1
caiu do céu
a calcinha de florzinha
rosinha

caiu e ficou
fincada nas farpas
do arame
balangando ao vento
aos olhos dos vizinhos
velhos com seus velhos olhos
sem saber a dona

2
caiu a calcinha rosinha
estranho ninho
assustando os passarinhos

3
balanga pra lá
desbotando as florzinhas
rosinhas

balanga pra cá
sem dona
a calcinha

4
a chuva molha
o vento lambe
a poeira emporcalha
as bitucas furam
a calcinha
que resiste

... não mais inocente

*
JT: Foto (2012) e Ilustração (2016)



Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias Poéticas: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2013); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Jean de La Fontaine: O Leão e o Mosquito

François Chauveau (1613-1676)

A onda de terror propagada pelo mosquito Aedes Aegypti, que apareceu transmitindo a Febre Amarela, seguiu com a Dengue, avançou para Chikungunya e, no momento, está investindo na Zika..., me fez lembrar uma fascinante fábula de Jean de La Fontaine (1621-1695): O Leão e o Mosquito.

Enquanto cientistas de todo o mundo buscam uma forma de acabar com o maligno pernilongo rajado, achei que seria interessante provocar os seres humanos leitores com a reflexiva e inquietante a fábula O Leão e o Mosquito.

Para tanto, aproveitando que a publicação anterior foi Questões de Narratividade, selecionei, além do texto original em francês, as versões portuguesas de Filinto Elisio (1734-1819), Curvo Semedo (1766-1838) e José Ignácio de Araújo (1827-1907). De bônus, O Velho e a Mosca, fábula de Esopo traduzida do grego por Manuel Mendes da Vidigueira (sec.16-sec.17) e publicada em 1603.

Que esta postagem sirva como metáfora, ou mesmo meta fora do contexto, se preferir, na caça ao mosquitinho Aedes. Dei uma leve atualizada na ortografia.



Jean-Michel le Jeune Moreau (1741-1814)

          Le Lion et le Moucheron
           Jean de La Fontaine

« Va-t’en, chétif insecte, excrément de la terre ! »
C’est en ces mots que le lion
Parlait un jour au moucheron.                                                                                       
L’autre lui déclara la guerre.
« Penses-tu, lui dit-il, que ton titre de roi                
Me fasse peur, ni me soucie ?
Un bœuf est plus puissant que toi ;
Je le mène à ma fantaisie. »
À peine il achevait ces mots
Que lui-même il sonna la charge,          
Fut le trompette et le héros.
Dans l’abord il se met au large ;
Puis prend son temps, fond sur le cou                    
Du lion qu’il rend presque fou.
Le quadrupède écume, et son œil étincelle ;  
Il rugit, on se cache, on tremble à l’environ ;                   
Et cette alarme universelle
Est l’ouvrage d’un moucheron.
Un avorton de mouche en cent lieux le harcèle,               
Tantôt pique l’échine, et tantôt le museau,             
Tantôt entre au fond du naseau.                              
La rage alors se trouve à son faîte montée.                                
L’invisible ennemi triomphe, et rit de voir
Qu’il n’est griffe ni dent en la bête irritée,
Qui de la mettre en sang ne fasse son devoir.
Le malheureux lion se déchire lui-même,
Fait résonner sa queue à l’entour de ses flancs,
Bat l’air qui n’en peut mais; et sa fureur extrême            
Le fatigue, l’abat : le voilà sur les dents.                            
L’insecte du combat se retire avec gloire:               
Comme il sonna la charge, il sonne la victoire;
Va partout l’annoncer ; et rencontre en chemin
L’embuscade d’une araignée:                                   
Il y rencontre aussi sa fin.

Quelle chose par là nous peut être enseignée ?       
J’en vois deux, dont l’une est qu’entre nos ennemis,
Les plus à craindre sont souvent les plus petits ;
L’autre, qu’aux grands périls tel a pu se soustraire,         
Qui périt pour la moindre affaire.



Auguste Vimar (1851-1916)

         O Leão e o Mosquito
          Jean de La Fontaine
         tradução: Filinto Elísio¹

"Vai-te, excremento do Orbe, vil inseto!"
(Ao mosquito dizia o leão um dia)
Quando, clamando guerra,
Respondia o mosquito:
— Cuidas que tenho susto, ou faço caso,
De que rei te intitules? Mais potente
É um rei, que tu não és, e eu dou-lhe o amanho,
Que me dá na vontade. — Assim falando.
Trombeta de si mesmo, e seu herói,
Toca a investir, e pondo-se de largo,
Lança as linhas, e atira-se ao pescoço
Do leão, que enlouquece,
Que escuma, e que nos olhos relampeja:
Ruge horrendo, e pavor em roda infunde
Tão rijo, que estremece, e que se esconde
Toda a gente. — E era obra dum mosquito
Tão insólito susto:
Atormenta-o essa esquírola de mosca,
Que ora helfas lhe pica, ora o costado,
Ora lhe entra nas ventas. —
Então lhe sobe ao galarim a sanha,
Então triunfa, e ri do seu contrário.
O invencível, de ver no irado busto,
Que dentes, garras, em lavá-lo em sangue
Seu dever desempenham.
O costado do leão se esfola, e rasga,
Dá num, dá noutro quadril com a cauda estalos.
Fere a mais não poder, com o açoite os ares. —
Desse extremo furor, que o cansa, e quebra.
Fica prostrado e torvo. —
Eis que o mosquito ali blasona ovante;
Qual a investir tocou, vitórias toca,
Pelo Orbe as assoalha,
Pavoneando gira. — Mas no giro
Certa aranha, que estava de emboscada,
De sobressalto o colhe,
E lhe chupa a ufania.

Doutrinas serviçais há nesta fábula.
Eis uma: Que o que mais entre inimigos
Devemos de temer, são muitas vezes
Os mais pequenos deles.
Outra é: Que alguém escapa aos perigos,
Que em menor lance acaba.



Paul Gustave Doré (1832-1883)

O Leão e o Mosquito
Jean de La Fontaine
tradução: Curvo Semedo²

Disse um leão por desprezo
A certo mosquito ardente:
Vai-te, escória vil da Terra,
— Vai-te, nonada vivente.
Jura-lhe guerra o mosquito,
Do que ouvira um tanto azedo,
E diz-lhe: — Acaso tu pensas,
Que eu de leões tenho medo?!
Porque és das feras monarca
Nada me dás que temer,
Maior do que és é um touro,
E eu faço-o terra comer. —
Disse o trombeteiro herói;
E, tomando um ar agreste,
A trombeta horrenda toca
E ao fero inimigo investe;
Entre as jubas no pescoço
Lhe ferra o duro ferrão;
Como louco salta, e escuma,
Ruge e morde-se o leão.
Amedronta as outras feras
O seu furor inaudito,
Atroa os céus, sendo tudo
Obra de um ténue mosquito.
O aborto d’uma vil mosca
Por mil partes o molesta,
Punge-lhe o peito, o focinho,
Os olhos, o lombo, a testa;
Este invisível contrário
Triunfa do seu furor,
Garras, dentes, raiva, tudo
Lhe inutiliza o traidor;
Com a cauda açoita as ancas,
Sacode a increspada juba,
Até que a extrema fadiga
Vencido em terra o derruba.
Do combate se retira
O inseto cheio de glória,
E é a trombeta do ataque
A que apregoa a vitória.
Porém, quando mais vaidoso
Seu valor e esforço gaba,
Topa uma teia de aranha
Que a vida e glória lhe acaba.
Não desprezes por pequeno
O teu contrário também;
Porque dele as mais das vezes
O maior mal te provém.
Nem tão pouco em bens confies
Desta vida transitória;
Que uma só teia de aranha
Murchar pode a tua glória.

  

Horace Vernet (1789-1863)

          O leão e o Mosquito
           Jean de La Fontaine
           tradução: José Ignácio de Araújo³

«Vai-te, inseto mesquinho e vil na terra!»
Depois de assim ter dito
O leão ao mosquito,
Este lhe declarou cruenta guerra:
«Pensas tu que por seres rei dos bichos
Tua audácia tolero?
Mais força tem o boi e, quando quero,
Sujeito-o a meus caprichos!»
Diz, e toca a avançar;
Foi o herói e o trombeta na batalha.
Zumbe em torno ao leão, tanto o atrapalha,
Que o faz desesperar.
Ao longe põe-se um pouco;
Depois, salta-lhe em cima do cachaço
E torna-o quase louco.
A fera com o rugido atroa o espaço.
De ouvir o horrendo grito
Seus ecos prolongar atroadores,
Tremem os animais dos arredores;
Tudo obra dum mosquito!
O inseto pequenino, ousado e pronto,
Ora ao dorso lhe salta,
Ora as ventas lhe assalta.
A raiva no leão sobe de ponto:
Com a cauda açoita os flancos,
Com o olhar ameaça
E, rugindo duríssimos arrancos,
Com as garras a si se despedaça,
Até que, de fatigado,
Cai, fica estatelado!
O inseto do combate sai com glória,
A mais alta e completa,
E na mesma trombeta
Em que a avançar tocou, cantou vitória.
Mas, proclamando ao mundo esta façanha
Não vista e desmedida,
Na teia duma aranha
Cai, fica embaraçado e perde a vida!

A fábula vos diz que os inimigos
Nunca deveis considerar somenos;
E que pode o que escapa a grandes perigos
Não poder escapar aos mais pequenos.



Joba Tridente - 2016

Esopo: O Velho e a Mosca
tradução: Manuel Mendes da Vidigueira

Repousava à soalheira um Velho calvo, com a cabeça descoberta, e uma Mosca não fazia senão picar-lhe na calva. Acudia logo o Velho com a mão, e como ela fugisse mui depressa, dava em si grandes palmadas, de que a Mosca gostava e se ria. Disse o Velho: - Ride-vos, embora, de quantas vezes eu der em mim; que isso não me mata, mas se uma só vez vos acerta, ficareis morta, e pagareis o novo e o velho.


autores
Esopo, o grande fabulista grego, ainda hoje é uma grande incógnita. Não se sabe quando e onde (Samos? Sardes? Atenas?) nasceu, mas acredita-se que teria sido morto em Delfos em 620 a.C. Pelo que se conta, o mestre não teria palpos na língua e ancorado pelas suas fábulas atingia os grandes e os pequenos com seus julgamentos. Escravo, teria sido liberto por Jadmo de Samos e saiu pelo mundo: Egito, Babilônia, Ásia Menor. Apesar de deixar nada escrito, Esopo seria autor de, no mínimo, umas 400 fábulas, recontadas até hoje. Dos muitos autores que as recolheram o mais popular é o francês Jean de La Fontaine.

Jean de La Fontaine (1621 - 1695), escritor e fabulista francês: “Sirvo-me dos animais para instruir os homens”. Autor de: Fábulas (1668 a 1694); O Eunuco (1654); Adonis (1668); La Captivité de Saint Malc (1673); Le Quinquina (1682); Os Amores de Psiquê e Cupido (1669); Contos e Novelas em Verso (1664).


tradutores
1. Francisco Manuel do Nascimento ou Filinto Elísio (Lisboa, 1734 - Paris, 1819) foi um sacerdote, escritor e tradutor português, um dos grandes nomes do Neoclassicismo. Fugindo da Inquisição, se refugiou em Paris, no ano de 1778, onde seus poemas foram publicados em 11 volumes, entre 1817 e 1819. Após a sua morte, entre 1836 e 1840, a sua obra completa, em 22 volumes, foi publicada em Portugal.  Entre suas traduções constam: Os Mártires, de Chateaubriand; As Fábulas, de La Fontaine; Púnica, de Sílio; Farsália, de Lucano. Link de 22 volumes da obra completa de Filinto Elísio, publicadas entre 1836 e 1840, em Portugal, disponibilizadas em edição digital, para leitura online e ou download (PDF), pela Biblioteca Nacional de Portugal. As Fábulas estão nos Tomos XII e XIII. Há também uma versão digital, só com poemas, das Obras Completas de Filinto Elísio, no site Domínio Público. Biografia de Filinto Elísio. Fontes: web.

2. Belchior Manuel Curvo Smedo Torres de Sequeira  (Montemor-o-Novo, 1766 – Lisboa, 1838) foi escritor, tradutor e sócio fundador da Academia Literária Nova Arcádia (1790-1794). Seus poemas estão reunidos nos quatro volumes de Composições Poéticas (1803-1835). Nas traduções o destaque é a edição de Fábulas, de Jean de La Fontaine (1820).

3. José Ignácio de Araújo (1827-1907). Não encontrei informação biográfica alguma sobre o autor, além de página de livros no Google Play, livro de Poesias (1862), online, e uma lista de livros de sua autoria que me fazem pensar que, além de escritor e tradutor, também tenha sido dramaturgo.

4. Manuel Mendes da Vidigueira (sec.16-sec.17). Sabe-se quase nada sobre a vida deste professor e tradutor português, que viveu entre os séculos 16 e 17 e foi pioneiro na tradução de Esopo, com a publicação de Vida e Fabulas do Insigne Fabulador Grego Esopo. De nouo juntas, & traduzidas com breues applicaçoens moraes a cada fabula. Por Manuel Mendes da Vidigueyra, no ano de 1603, em Évora. Fonte Biográfica: História Crítica da Fábula na Literatura Portuguesa - Ana Paiva Morais. Sugiro visitar o excelente site Fábula na Literatura Portuguesa, onde você encontra disponibilizado, para leitura online e download, a versão digital (PDF) de História Crítica da Fábula na Literatura Portuguesa.

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