quinta-feira, 26 de maio de 2011

Joba Tridente: Verbo Sem Evolução


Verbo Sem Evolução

da série Mordaça



Eu sem isso

Tu sem aquilo

Ele na indiferença


Eu sem teto

Tu sem terra

Ele no abrigo


Eu sem sexo

Tu sem família

Ele no desejo


Eu sem salário

Tu sem comida

Ele na dieta


Eu sem escola

Tu sem emprego

Ele na fila


Eu sem ferramenta

Tu sem camisa

Ele na rua


Eu sem médico

Tu sem remédio

Ele no caixão


Eu sem religião

Tu sem

Ele na encruzilhada


Eu sem boca

Tu sem olho

Ele na escuta.




Eu sem governo. 

Tu sem ordem

Ele na arma.




... é verbo atemporal



poesia e ilustração de Joba Tridente

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Joba Tridente: Coisa de Criança

ilustração de Joba Tridente: Coisa de Criança - Falas ao Acaso

Criança, olhava o céu. O azul era redondo e circular. Rasgando essa calma um fio longo de fumaça. Um rastro deixado por um jato. Não era sinal de morte ou do fim do mundo. Eu sabia. Os adultos não. Temiam o apocalipse. Não esperavam por invasão extraterrestre. Não o sabiam. Eu sim. Tentava imaginar como seria viver na lua ou em planetas que acreditava habitados. Perguntava se em outros planetas os dias e semanas seriam os mesmos. Seriam os mesmos também os fins de semana? Pensava nos sábados e domingos em outros planetas. 

Criança, olhava o céu azul. O azul era infinito. Ou quase, não fosse rasgado por um arco de fumaça. Um fio algo algodão desfiado cruzando o espaço. Parecia sem começo e sem fim quando atravessava nuvens branquelas. Fora delas às vezes um ponto prateado traçava o caminho. Outras, era como se nascesse de um buraco invisível. 

Criança, olhava um arco de fumaça contornando o céu. Um arco de fumaça se desmanchando no céu. Nas pontas eu imaginava se teriam surpresas. Como no arco-íris. Talvez potes de prata. Sabia que antes que alguém ali chegasse o arco de fumaça já teria se misturado às nuvens ou desaparecido. E com ele todo e qualquer segredo. Eu era criança. 

Crônica e ilustração de Joba Tridente 
08.03.2000 – 20.05.2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Coletânea Aramis Millarch

Aramis Millarch e João Gilberto

Coletânea Aramis Millarch está disponível em bibliotecas e internet: Entrevistas com importantes artistas, cantores e escritores, realizadas pelo jornalista durante seus 30 anos de dedicação a profissão já podem ser conferidos gratuitamente.

Os oito DVD-ROMs e o livro que compõem a coletânea “Aramis Millarch - 30 anos de Jornalismo Cultural - Vida, Imagens e Entrevistas” já se encontram disponíveis em mais de 450 bibliotecas brasileiras. Além disso, o material em áudio também pode ser encontrado gratuitamente no site Tabloide Digital

A coletânea é uma iniciativa dos produtores curitibanos Luiz Antonio Ferreira, Samuel Ferrari Lago e Rodrigo Barros Homem d’El Rei com o objetivo de relembrar os mais de 30 anos de atuação do jornalista e sua influência no jornalismo cultural brasileiro. O material reúne mais de 720 horas de entrevistas realizadas por Millarch e, no livro, está a lembrança do reconhecimento de vários artistas e amigos, como Cartola.

Aramis Millarch - 30 anos de Jornalismo Cultural - Vida, Imagens e Entrevistas” visa recuperar, digitalizar, preservar e disponibilizar para consulta esse frágil e importante acervo. Nas entrevistas em áudio realizadas pelo jornalista, é possível relembrar personalidades, eventos e fatos que marcaram a vida sócio-cultural brasileira.

Essa coletânea foi produzida graças ao patrocínio da Petrobrás, através da Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, e tem ainda o apoio do Programa Radiocaos e da Homem de Ferro Produções Artísticas. O material traz entrevista com Ana Botafogo, Vinícius de Morais, Paulo Leminski, Zezé Motta, João Bosco, Jaime Lerner, Marina Lima, Gilberto Gil, Tito Madi, Lúcio Alves, Paulo Tapajós, Flávio Rangel, Herivelto Martins, Nelson Cavaquinho, Ângela Maria, Elis Regina, Maysa, Carlos Lyra, entre outras personalidades.

O produtor Samuel Ferrari Lago destaca que, através dessa recuperação, pode-se escutar e pesquisar esse acervo, evitando, assim, a perda dessa preciosidade. A esposa de Aramis, Marilene Millarch, ficou bastante emocionada com a coletânea que, segundo ela, representa uma grande contribuição à sociedade e permite o acesso à informação de um período importante da história brasileira.

Aramis Millarch (12/07/1943 - 13/07/1992) - reconhecido como um dos mais importantes jornalistas e crítico de cinema e música do Paraná, ganhou diversos prêmios nacionais ao longo dos seus 32 anos de carreira. Ele esteve presente em grandes concursos e festivais que traziam a cultura ou a arte como objeto de discussão. Durante a infância, gastava suas economias em gibis e cinema. Aramis se mudou para Curitiba aos 15 anos e, pouco tempo depois, já trabalhava como repórter. Em sua carreira, o jornalista atuou em mais de 20 periódicos, como o jornal “Última Hora”, e assumiu mais de 10 pseudônimos. Durante o Regime Militar, teve sua autorização para ministrar aulas no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná cassada, após ter sido aprovado em primeiro lugar no concurso público. Um dos fundadores e o primeiro presidente da Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira, Millarch conseguiu entrevistas exclusivas com grandes artistas da sua época, como Belchior, Tetê Espíndola, Raul Seixas, Gonzaguinha, Dominguinhos e Pixinguinha.

Luiz Antonio Ferreira, Samuel Ferrari Lago e Rodrigo Barros Homem d’El Rei viram a necessidade de recuperar esse material, pois as fitas cassetes estavam sendo consumidas e acabariam se perdendo. Assim, os produtores buscaram, em Curitiba, os equipamentos para a audição e digitalização do acervo. Na organização das entrevistas, os três encontraram algumas preciosidades, como a última entrevista da cantora Maísa. Assim, ficou perceptível a urgência em salvar essas fitas que compõem um material histórico bastante rico e variado.

domingo, 8 de maio de 2011

Falas Idiotas - Imprensa

ilustração de Joba Tridente: Falas Idiotas

Há algum tempo venho colecionando estas "maravilhas" escritas e ditas por jornalistas e telejornalistas diplomados e acima de qualquer suspeita.

Foi à casa do governador de helicóptero.  
Foi à casa do piloto?

O governador chegou na fazenda de helicóptero.
Foi a uma criação de helicóptero?

Foi levado pro hospital de helicóptero.
Foi ao hangar onde consertam aeronaves?

Foi carregada pra calçada ferida?
Calçada esburacada ou quebrada?

Foi retirado do carro vivo.
O carro estava vivo e o sujeito morto?

O menino levou um tiro na porta e morreu.
Onde fica a porta de um menino? Nos olhos? Boca? Nariz? Ouvidos?

O menino foi retirado pelo bombeiro da fossa.
Não sabia que existia bombeiro de fossa.

O técnicudunga. 
O técnico Dunga.

O técnicuca.
O técnico Cuca.

A seleção dudunga.  
A seleção do Dunga

O técnicunovo.
O técnico novo.

Bola cudinho.
Bola com o Dinho.

Récordi de produção.
Recorde de produção.

Da serra se vê o mar de trem.
Haja trem!

Elvis atendendo o telefone enrolado numa toalha.
Não era o telefone e sim Elvis quem estava enrolado na toalha.

Você crê Tino?
Eu odiaria este apelido.

Tiorema.
Teorema.

Tisouro.
Tesouro.

Tioria.
Teoria.

Acabaram de chegar os cachorros que vão rastrear o local.
Chegaram de onde?

A Defesa Civil acabou de enviar um médico de helicóptero ao lugar dos desabamentos.
O que um “médico” de helicóptero entende de desabamento?

Site mostra Robert Pattinson tomando banho no mar de cueca no Brasil.
Haja cueca!

“BBB11”: Transexual Adriadna conta que toma hormônio para outros participantes.
Como assim? “Ela” toma hormônio no lugar dos outros?

Os sobreviventes foram encontrados no lugar de helicóptero.
Roubaram a aeronave!

ilustração de Joba Tridente

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