segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Joba Tridente: CARTADEUS

... Tem certas falas. Tem certos poemas. Tem certos clamores que insistem em ficar..., que insistem em fincar raízes na memória. Que insistem, como CARTADEUS, poema de natureza que entranha cada vez mais nos dias. Como se capaz de desembotar os sentidos ...


CARTADEUS
joba tridente

dias desses era lua CHEIA
no planalto central
escandalosamente uma lua ENORME
insistia em brilhar
excitando corpos e mentes
escandalosa de noite
essa lua de dia BRILHOU
não foi notada
poucos olham para os Céus
(em tempos tão conturbados)
procurando estrelas
contando desejos
às candentes estrelas cadentes
(nesses tempos conturbados)
onde o atordoo é tanto
que tontas as pessoas tantas
pisam estrelas, flores, animais
com uma insensatez tal
que a gente acredita
ser tudo fruto de um
decrépito Deus
saudosista descontente
com a criação
.....................................
nesses tempos brilhou
uma lua tão GRANDIOSA nos Céus
que dava vontade de correr ao horizonte
esticar a mão e tocá-la
antes que os ratos a percebessem
se é que são dados a essa coisa FEITICEIRA
a que são dados os gatos
...e os cães


*
ilustração de Joba Tridente.31.10.2016


Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2015); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

sábado, 29 de outubro de 2016

Joba Tridente: Aleluia

Nos últimos anos estreitei relação de amizade com os pardais que frequentam o pátio do edifício onde moro. Até pardaleio com um casal deles, que prontamente me respondem no seu peculiar pardalear. Já escrevi crônicas e poemas, como em Pardal (2013), sobre a dupla e seus filhotes..., que pode ser lido, como complemento, antes ou depois deste.

Toda via aérea impregnada da praga cupim, decidi homenagear os adoráveis e barulhentos caçadores do inseto, reescrevendo, em 2015, o poema: aleluia (2013)..., agora publicado com cara de tanka sem compromisso.
  


A  L  E  L  U  I  A
joba tridente.2015

céu de chuva
aleluia aleluia aleluia aleluia aleluia
revoada de pardais
..................................
tarde quente
cupins a menos

*
ilustração JT.2013



Joba Tridente,  artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2015); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Poemas Curtos - 1998

No ano de 1996 eu criei, a pedido do SESC da Esquina, de Curitiba-PR, a Oficina Hai-Kai Sem Compromisso, destinada a orientar crianças em fase de alfabetização (7 anos). Foi um sucesso imediato. A levei para várias cidades do interior e bibliotecas da capital. Os poemas produzidos pelas crianças eram pérolas verdadeiras. Da primeira Oficina de Hai-Kai Sem Compromisso, em Cascavel, acabei perdendo o opúsculo e os registros no PC (ainda guardo o HD para um dia tentar resgatar!), mas de outras ainda tenho os livretos de Poemas Curtos.

Como ando muito nostálgico ultimamente, esperei passar a Semana da Criança, no Brasil, para publicar uma brevíssima seleção de Poemas Curtos criados por oficinandos, na faixa dos 8 aos 12 anos, em duas oficinas. De Pato Branco-PR (1998): Murilo Painin Marcondes e Ricardo Carraro (8 anos) e Crislaine A. Riggo (11 anos). De Curitiba-PR (1998): Iris Midory Franco (11 anos) e Paula Maia de Souza (12 anos). Agora essa garotada já cresceu e, possivelmente, até constituiu família. Gostaria de reencontrá-los algum dia!



Oficina de Poemas Curtos – 1998
orientada por Joba Tridente


Murilo Painin Marcondes

flor
vermelha
caindo pingos de chuva

*

Ricardo Carraro

borboletas brancas
parecem avencas
desabrochando

*

Crislaine A. Riggo

sentado na varanda
um homem
ao sabor do figo

*

Iris Midory Franco

gansos selvagens
grasnando branco.
filhotes nascendo!

*

Paula Maia de Souza

peixes n’água gelada
nada de sol lá
brincadeiras no pensamento

*
ilustração de Joba Tridente.2016


NOTA: Já estou escolhendo alguns poemas da Oficina Hai-Kai Sem Compromisso, para jovens de 8 a 18 anos, que orientei em Paranaguá-PR, no mês de Setembro de 2016.


JOBA TRIDENTE, artesão de palavras e de imagens, é Oficineiro Cultural há 21 anos (1995-2016): Hai-Kai Sem Compromisso; Assim Nasce um Jornal; Contando Histórias - A Arte de Escrever; Poética-Postal; Arte-Postal; InterAtividade; Poesia Aleatória - Reciclando a Palavra; A Arte de Contar Histórias; Bonecos Animados utilizando Material Reciclável; Contando Histórias com Bonecos Animados; Edite o seu Livro; Brinquedos de Longa Vida; Dobra Desdobra Dobra um Avião; Formação de Contadores de História; Brinquedos que se faz Brincando; 1001 Reutilizações da Embalagem de Pizza; Ouvido de Poesia de Ouvido; Exercitando o Olhar. Atendendo: Fundações Culturais; Secretarias de Estado da Cultura e da Educação do Paraná; Secretaria de Estado da Criança e da Juventude do Paraná; Secretarias Municipais de Educação; Secretaria Especial de Relações com a Comunidade; Teatro Guaíra; UFPR; UEPG-PR; MIS-PR; SESC-PR. Produtos: livros de poesia e de contos; jornais experimentais; exposições fixas e itinerantes de arte e de poesia; espetáculos de Teatro de Bonecos. Projetos Culturais: Semana Literária do SESC; BiblioSESC; Ação Integrada para o Letramento/UFPR; Biblioteca Viva Itinerante; Ligado na Cultura; Balaio de Histórias;  SER;  Livros à Mão Cheia; Festival de Inverno/UFPR; FERA; Paraná em Ação; Educação Com Ciência; Águas de Março; Paranização/Teatro Guaíra; Paraná Fazendo Arte; Projeto Mutirão Cultural; Comboio Cultural.

domingo, 16 de outubro de 2016

Joba Tridente: Esperanças Pisoteadas


Na infância, aprendi a chamar Gafanhoto de “Cavalinho de Deus” (por causa das patinhas postas) ou de “Esperança” (por causa da cor verde). Adulto, aprendi sobre a sua natureza. Esperanças Pisoteadas é uma crônica publicada em 1997.


Esperanças Pisoteadas
Joba Tridente

Sábado. Manhã iluminada de primavera. No teatro: As Quatro Estações de Vivaldi. Grátis! A fila é enorme. Às portas fechadas, estranhos conversam com estranhos. Feito velhos amigos. Troco ideias acaloradas com um casal que jamais vi na vida. Então..., do nada..., uma criança pergunta:

Como será que elas nascem?
Elas, quem?
Elas, as “esperanças”!

Olho e vejo, confundida no gramado verde, a “esperança” da menina. Ali, tão pertinho. Tão ao alcance de um toque de mão. Tão “cavalinho de deus”. Tão atenta à inquietação pública do público afoito. Medi as palavras:

Elas devem nascer na esperança do amor entre duas “esperanças”. Igual a gente, acho!
Ah, não! Gente, a gente vê sempre. Mas, “esperança” é meio difícil.
É, “esperança” não é coisa fácil de se ver. Ou de se ter.

Conjugava outra esperança.  Conversava atravessado. O povo chegava. Mais e mais. Se achegava. Mais e mais. A “esperança” voava. Esvoaçava entre as pessoas. Se encostava à parede. Procurava uma fresta. Poucos a percebiam. Poucos a perceberam sumir. Pensei tê-la visto por entre pernas apressadas que venciam a porta de entrada em busca de melhores lugares lá dentro do teatro. Não tenho certeza. As “esperanças” são fugidias...

Na segunda feira, andando pelo calçadão, vi muitas “esperanças” pisoteadas por passantes compradores e vendedores de esperanças outras, que não gafanhotam as flores das jardineiras públicas. Pensava sobre aquele “esperançacídio” quando vi, ali, linda, peluda, felpuda, desfilar uma taturana. Ouvi um esmiuçar. A taturana-fogo já era. Borboleta, jamais! Mariposa, jamais! Bruxinha, jamais! Grudada no chão e na sola de um “sapato cego”, logo seria menos que pó. Seria nada.

Há tempos não vejo “esperanças”. Foram todas pisoteadas? E as borboletas, por onde voam?

*
ilustração de Joba Tridente.2013


Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Joba Tridente: Verbo Sem Evolução


... em verbo 
nem tudo o que se conjuga se julga 
em verbo ...


Verbo Sem Evolução
Joba Tridente
série Mordaça

Eu sem isso.
Tu sem aquilo.
Ele na indiferença.

Eu sem teto.
Tu sem terra.
Ele no abrigo.

Eu sem sexo.
Tu sem família.
Ele no desejo.

Eu sem salário.
Tu sem comida.
Ele na dieta.

Eu sem escola.
Tu sem emprego.
Ele na fila.

Eu sem ferramenta.
Tu sem camisa.
Ele na rua.

Eu sem médico.
Tu sem remédio.
Ele no caixão.

Eu sem religião.
Tu sem.
Ele na encruzilhada.

Eu sem boca.
Tu sem olho.
Ele na escuta.

Eu sem governo.
Tu sem ordem.
Ele na arma.

... é verbo atemporal

*
ilustração de Joba Tridente.2016


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Joba Tridente: Rio Amarelo


..., na natureza não há trocadilho, há funesta ação...


RIO AMARELO
Joba Tridente

o homem viu o rio e se rio
esse rio amarelo
pensou que fosse
de ouro o tolo
o consumiu
morreu o rio
de sede o homem

*
poema e ilustração de Joba Tridente: 09.08.2012


Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Joba Tridente: fé


... o que nos move é o que nos comove é o que nos remove ...


f é 
....................
Joba Tridente

fio a fio o cabelo um a um cai trilha afora pelo chão enrodilhando no mato nas pedras o cabelo trilha afora marcando o caminho para trás se voltasse quando não mais fio a fio restasse na cabeça mais leve afora a trilha segue careca refletindo a luz escorregando a brisa que um a um tece que fio a fio trama a barba de bode no cabelo para trás embaraçando atalhos de aranhas-anjos não mais fio a fio de cabelo um a um não mais se distingue nos corpos de lanhados de pele que ladeia a via afora que adentra exposto em nervo a nervo em músculo a músculo regando com sangue o chão que o sustém mentindo o horizonte que não alcança ali mentindo o horizonte que passo a passo lá cobriu ossadas viradas pó que cega avante a alma que vagueia no lusco-fusco de um vaga-lume.

*
Joba Tridente. Poema.2015 - Ilustração.2016


Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Joba Tridente: um


...  o quê assiste te transforma
no quê insiste te transborda ...

um
joba tridente

só vendo TV.
um homem
sorvendo TV.
......................
um homem
d
          i
    s
                s
    o
            l
          ve n do
T.V................


*
Joba Tridente: poema e ilustração - 2013


Joba Tridente, artesão de imagens e palavras em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Joba Tridente: o Ego e a Lógica


..., enquanto o estado for de ebulição,
a gente vai lendo na fumaça ou na poeira dos dias
os sortilégios da (n)ação...


o EGO e a LÓGICA
Joba Tridente
acreditar impreciso

começa assim:
uma hora sem luz...
uma hora sem água...
uma hora sem comida...
uma hora sem vida...
....................................
:quem sóbrio viver
lá verá, se há
um amanhã

*
JT.2012
ilustração: Arte-Postal de Janete Ferreira - Sarandi-PR
de uma Oficina que Orientei em Praça Pública em 2001


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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