segunda-feira, 25 de junho de 2018

Rudyard Kipling: SE


O meu primeiro contato de leitor com o reflexivo poema If (Se), de Rudyard Kipling, aconteceu na adolescência, por volta dos 14 anos, quando trabalhava de balconista em uma farmácia numa pequena cidade interiorana do Estado de São Paulo. Lembro-me dele impresso em formato A4, para ser emoldurado, tipologia boldoni, cercado por arabescos clássicos, e tradução de Guilherme de Almeida. Este impresso me acompanhou por muitos anos e acabou se perdendo e ou esquecido em alguma caixa, nas minhas muitas mudanças pelo país.

Acredito que, assim como eu, muitos leitores guardam carinhosamente o poema clássico de Kipling em sua memória afetiva e ou dependurada na parede e ou guardado em alguma gaveta. O célebre poema Se (If) não é inédito na web, que agrega trocentas versões para todos os gostos e nas mais diversas línguas. Em pesquisa, além de saber que o poema escrito em 1895, por Rudyard Kipling (Prêmio Nobel de 1907) e publicado pela primeira vez em 1910 numa coletânea de contos e poemas intitulada Rewards and Fairies, seria conselhos ao seu único filho, John (morto no front da Primeira Guerra Mundial), e teria sido inspirado pelo médico e político colônial britânico, em África, Leander Starr Jameson (1853-1917), li que uma das mais conhecidas traduções para o português (de Portugal) é a de Félix Bermudes (1874-1960)..., eu acrescentaria que (em sua evocação socialista cristã) é também a mais estranha. Em português (do Brasil) se destacam a famosa tradução de Guilherme de Almeida e a de Vitor Vaz da Silva (?).

Se é considerado é um dos mais belos poemas já escritos e também um dos mais parodiados. Para enriquecer esta postagem, vasculhei a internet em busca de traduções e encontrei, assim como em português, variação nas versões em espanhol (Si), em francês (Si) e em italiano (Se), entre outras..., a maioria, sem autoria da tradução. Muitos blogueiros (as) acreditam que as traduções se fazem por si só, ou por osmose literária, já que não é comum encontrar o nome do tradutor em diversas publicações de textos estrangeiros no Brasil e no mundo. 

Embora me pareça um poema de “fácil” reflexão, há muito estudo sobre ele na web..., há até quem o utilize como autoajuda em negócios capitais (por exemplo: Inteligencia Emocional en estado puro: el poema “Si” de Rudyard Kipling). Enfim, para efeito de comparação, análise pessoal e degustação em língua alheia, estou publicando apenas traduções com autoria em português, espanhol, francês e italiano. São ao todo nove traduções. Em português estão Félix Bermudes, Guilherme de Almeida e Vitor Vaz da Silva. A ilustração é um foto que fiz  em Itapoá, litoral de Santa Catarina, Brasil, em 2015.


     

If
Rudyard Kipling

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:

If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: 'Hold on!'

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with Kings - nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you,
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man, my son!


Se
Rudyard Kipling
tradução de Félix Bermudes     

Se podes conservar o teu bom senso e a calma
No mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê... Se vais faminto e nu,

Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...

Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...

Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...

Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...

Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...

Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio a construir de novo...

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante...

Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...

Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...

Então, ó ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!...
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.

Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!


Se
Rudyard Kipling
tradução de Guilherme de Almeida

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, ó meu filho! 



Se
Rudyard Kipling
tradução de Vitor Vaz da Silva

Se consegues manter a calma
quando à tua volta todos a perdem
e te culpam por isso.

Se consegues ter confiança em ti
quando todos duvidam de ti
e aceitas as suas dúvidas.

Se consegues esperar sem te cansares por esperar
ou caluniado não responderes com calúnias
ou odiado não dares espaço ao ódio
sem porém te fazeres demasiado bom
ou falares cheio de conhecimentos.

Se consegues sonhar
sem fazeres dos sonhos teus mestres.

Se consegues pensar
sem fazeres dos pensamentos teus objetivos.

Se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota
e tratares esses dois impostores do mesmo modo.

Se consegues suportar
a escuta das verdades que dizes
distorcidas pelos que te querem ver
cair em armadilhas
ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida
ficar destruído
e reconstruíres tudo de novo
com instrumentos gastos pelo tempo.

Se consegues num único passo
arriscar tudo o que conquistaste
num lançamento de cara ou coroa,
perderes e recomeçares de novo
sem nunca suspirares palavras da tua perda.

Se consegues constringir o teu coração,
nervos e força
para te servirem na tua vez
já depois de não existirem,
e aguentares
quando já nada tens em ti
a não ser a vontade que te diz:
"Aguenta-te!"

Se consegues falar para multidões
e permaneceres com as tuas virtudes
ou andares entre reis e pobres
e agires naturalmente.

Se nem inimigos
ou amigos queridos
te conseguirem ofender.

Se todas as pessoas contam contigo
mas nenhuma demasiado.

Se consegues preencher cada minuto
dando valor
a todos os segundos que passam
Tua é a Terra
e tudo o que nela existe
e mais ainda,
tu serás um Homem, meu filho!




Do site cubano Verbi Clara, que, há dez anos, traz uma inflamada discussão dos leitores sobre a melhor tradução para o espanhol: “La máscula y Broncínea poesía de Rudyard Kipling, If, en Inglés, trece traducciones, o traslados, o mudanzas castellanas, entre las que sobresalen las de Joaquín V. González, Antonio de Tomaso, Juana de Ibarbourou, Oscar Secco Ellauri; y la versión en francés de Paul Groussac. Es lectura moral de honda enseñanza: idealiza la propia estimación, humanizándola, y convierte el orgullo desdeñoso de Stoclman, en recia humildad, fortificando el carácter, en tal forma, que poseerlo es superar al Hombre.” (José Guillermo Bertotto, Director de Biblioteca. Argentina)..., e apresenta várias versões, selecionei as traduções de Oscar Secco Ellauri e de Antonio de Tomaso.


Si
Rudyard Kipling
traduccion es de Oscar Secco Ellauri

Si logras conservar intacta tu firmeza
cuando todos vacilan y tachan tu entereza;
si a pesar de esas dudas mantienes tus creencias
sin que te debiliten extrañas sugerencias;
si esperar puedes inmune a la fatiga
y fiel a la verdad, reacio a la mentira
el odio de los otros te deja indiferente
sin creerte por ello muy sabio o muy valiente.

Si sueñas, sin por ello rendirte ante el ensueño;
si piensas, mas de tus pensamientos sigues dueño;
si triunfos o desastres no menguan tus ardores,
y por igual los tratas como a dos impostores;
si soportas oír tu verdad deformada
para trampa de necios por malvados usada;
o mirar hecho trizas de tu vida el ideal
y con gastados útiles recomenzar igual.

Si el total de victorias conquistadas
arriesgar puedes en audaz jugada,
y aun perdiendo, sin quejas ni tristezas
con nuevos bríos reiniciar puedes tu empresa,
si entregado a la lucha con nervio y corazón
aun desfallecido persistes en la acción,
y extraes energías, cansado y vacilante
de heroica voluntad que te ordena ¡adelante!

Si hasta el pueblo te acercas sin perder tus virtudes,
o con reyes alternas sin cambiar de actitudes;
si no logran turbarte ni amigos ni enemigos
pero en justa medida contar pueden contigo;
si alcanzas a llenar el minuto sereno
con sesenta segundos de un esfuerzo supremo
lo que existe en el mundo en tus manos tendrás
y además, hijo mío, un hombre tú serás.


Si
Rudyard Kipling
traducción al castellano de Antonio de Tomaso

Puedes conservar tu cabeza, cuando a tu rededor
todos la pierden y te cubren de reproches;
Si puedes tener fe en ti mismo, cuando duden de ti
los demás hombres y ser igualmente indulgente para su duda;
Si puedes esperar, y no sentirte cansado con la espera;
Si puedes, siendo blanco de falsedades, no caer en la mentira,
Y si eres odiado, no devolver el odio; sin que te creas,
por eso, ni demasiado bueno, ni demasiado cuerdo;
SI
Puedes soñar sin que los sueños, imperiosamente te dominen;
Si puedes pensar, sin que los pensamientos sean tu objeto único;
Si puedes encararte con el triunfo y el desastre, y tratar
de la misma manera a esos dos impostores;
Si puedes aguantar que la verdad por ti expuesta
la veas retorcida por los pícaros,
para convertirla en lazo de los tontos,
O contemplar que las cosas a que diste tu vida se han deshecho,
y agacharte y construirlas de nuevo,
aunque sea con gastados instrumentos!
SI
Eres capaz de juntar, en un solo haz, todos tus triunfos
y arriesgarlos, a cara o cruz, en una sola vuelta
Y si perdieras, empezar otra vez como cuando empezaste
Y nunca mas exhalar una palabra sobre la perdida sufrida!
Si puedes obligar a tu corazón, a tus fibras y a tus nervios,
a que te obedezcan aun después de haber desfallecido
Y que así se mantengan, hasta que en ti no haya otra cosa
que la voluntad gritando: ¡persistid, es la orden!
SI
Puedes hablar con multitudes y conservar tu virtud,
o alternar con reyes y no perder tus comunes rasgos;
Si nadie, ni enemigos, ni amantes amigos,
pueden causarte daño;
Si todos los hombres pueden contar contigo,
pero ninguno demasiado;
Si eres capaz de llenar el inexorable minuto,
con el valor de los sesenta segundos de la distancia final;
Tuya será la tierra y cuanto ella contenga
- y lo que vale más - serás un hombre! hijo mío
!




No site 4umi você também encontra muitas traduções (algumas de anônimos) em várias línguas, incluindo o esperanto. Foi lá que encontrei as traduções para o francês de André Maurois (1918) Germaine Bernard-Cherchevsky (1942), Jules Castier (1949)..., e duas mais recentes, de Hervé-Thierry Sirvent (2003) e Jean-François Bedel (2006). As três primeiras também se encontram, com comentários breves, no interessante site francês legissa.ovh, onde Ralph Davidovits “compartilha reflexões sobre várias coisas da vida, sérias ou não, muitas vezes inspiradoras”. Elas também se encontram no site crescenzo, que traz ainda a tradução de Leslie Tourneville (2009);


Si
Rudyard Kipling
traduction: André Maurois

Si tu peux voir détruit l'ouvrage de ta vie
Et sans dire un seul mot te mettre à rebâtir,
Ou perdre en un seul coup le gain de cent parties
Sans un geste et sans un soupir ;
Si tu peux être amant sans être fou d'amour,
Si tu peux être fort sans cesser d'être tendre,
Et, te sentant haï, sans haïr à ton tour,
Pourtant lutter et te défendre ;

Si tu peux supporter d'entendre tes paroles
Travesties par des gueux pour exciter des sots,
Et d'entendre mentir sur toi leurs bouches folles
Sans mentir toi-même d'un mot ;
Si tu peux rester digne en étant populaire,
Si tu peux rester peuple en conseillant les rois,
Et si tu peux aimer tous tes amis en frère,
Sans qu'aucun d'eux soit tout pour toi ;

Si tu sais méditer, observer et connaître,
Sans jamais devenir sceptique ou destructeur,
Rêver, mais sans laisser ton rêve être ton maître,
Penser sans n'être qu'un penseur ;
Si tu peux être dur sans jamais être en rage,
Si tu peux être brave et jamais imprudent,
Si tu sais être bon, si tu sais être sage,
Sans être moral ni pédant ;

Si tu peux rencontrer Triomphe après Défaite
Et recevoir ces deux menteurs d'un même front,
Si tu peux conserver ton courage et ta tête
Quand tous les autres les perdront,
Alors les Rois, les Dieux, la Chance et la Victoire
Seront à tous jamais tes esclaves soumis,
Et, ce qui vaut mieux que les Rois et la Gloire
Tu seras un homme, mon fils.

Em Les silences du colonel Bramble, André Maurois, 1918,  e em
"Tu seras un homme mon fils" suivi de "Lettres à son fils" de Rudyard Kipling,
éditions mille et une nuits, 1998.


Tu seras un homme, mon fils
Rudyard Kipling
traduction: Jules Castier

Si tu peux rester calme alors que, sur ta route,
Un chacun perd la tête, et met le blâme en toi ;
Si tu gardes confiance alors que chacun doute,
Mais sans leur en vouloir de leur manque de foi ;
Si l'attente, pour toi, ne cause trop grand-peine :
Si, entendant mentir, toi-même tu ne mens,
Ou si, étant haï, tu ignores la haine,
Sans avoir l'air trop bon ni parler trop sagement ;

Si tu rêves, - sans faire des rêves ton pilastre ;
Si tu penses,- sans faire de penser toute leçon ;
Si tu sais rencontrer Triomphe ou bien Désastre,
Et traiter ces trompeurs de la même façon ;
Si tu peux supporter tes vérités bien nettes
Tordues par des coquins pour mieux duper les sots,
Ou voir tout ce qui fut ton but brisé en miettes,
Et te baisser, pour prendre et trier les morceaux ;

Si tu peux faire un tas de tous tes gains suprêmes
Et le risquer à pile ou face,- en un seul coup -
Et perdre - et repartir comme à tes débuts mêmes,
Sans murmurer un mot de ta perte au va-tout ;

Si tu forces ton cœur, tes nerfs, et ton jarret
À servir à tes fins malgré leur abandon,
Et que tu tiennes bon quand tout vient à l'arrêt,
Hormis la Volonté qui ordonne : “Tiens bon !”

Si tu vas dans la foule sans orgueil à tout rompre,
Ou frayes avec les rois sans te croire un héros ;
Si l'ami ni l'ennemi ne peuvent te corrompre ;
Si tout homme, pour toi, compte, mais nul par trop ;
Si tu sais bien remplir chaque minute implacable
De soixante secondes de chemins accomplis,
À toi sera la Terre et son bien délectable,
Et, - bien mieux - tu sera un Homme, mon fils.

Publicado em "Tu seras un homme mon fils" suivi de "Lettres à son fils" 
de Rudyard Kipling, éditions mille et une nuits, 1998.




Encontrar uma tradução em italiano com autoria também não foi fácil. Mas, de tanto procurar, encontrei no palheiro a do genial escritor e jornalista Indro Montanelli e a do filósofo comunista Antonio Gramsci, que se rendeu à beleza e potencial positivista do poema Se, de Rudyard Kipling, fazendo a sua própria tradução: Se - Breviário per Laici, publicada na edição do famoso jornal Avanti! Next!, em 17 de dezembro de 1916. A tradução de Montanelli encontrei em AuroraBlu e ade Gramsci em Interventi.


Se
Rudyard Kipling
traduzione: Indro Montanelli

Se riuscirai a tener salda la testa
quando tutti la perdono
e te ne fanno una colpa;

Se riuscirai a credere in te
quando tutti ne dubitano
ma anche a tener conto del loro dubbio;

Se saprai aspettare e non stancarti di aspettare
e calunniato non rispondere alla calunnia
senza cercare di sembrare troppo buono
nè di parlare troppo saggio;

Se riuscirai a sognare
senza fare del sogno il tuo padrone
e a pensare
senza fare del pensiero il tuo scopo;

Se riuscirai ad affrontare Trionfo e Rovina
e a trattare allo stesso modo
questi due impostori;

Se riuscirai a sopportare che le tue verità
siano distorte dai furfanti
per abbindolare gli sciocchi
e vedendo infrante le cose
cui dedicasti la vita
metterti a ricostruirle
coi tuoi logori arnesi;

Se riuscirai a fare un mucchio
di tutte le tue vincite
e a rischiarle in un solo colpo
a testa e croce
e perdere e ricominciare daccapo
senza fare parola della tua perdita;

Se riuscirai a serrare cuore, tendini e nervi
quando sono sfiniti
e a tenere duro
quando in te altro non resta
che la forza di dire "tieni duro";

Se riuscirai a dire il vero
anche quando parli alla folla
e a camminare con i Re
rimanendo te stesso;

Se il nemico non potrà ferirti
ma nemmeno l'amico più caro;

Se per te tutti conteranno
ma nessuno troppo;

Se riuscirai a riempire il minuto che passa
dando il suo valore a ogni secondo;

Tuo sarà il mondo
e tutto ciò che contiene
e - quel che più conta -
tu sarai un uomo, figlio mio!


Se - Breviario per Laici
Rudyard Kipling
traduzione: Antonio Gramsci

Se puoi conservarti calmo, mentre tutti attorno a te hanno perduto la testa, e dicono che ciò è per colpa tua,
Se sei sicuro di te mentre tutti ne dubitano, e tuttavia puoi trovare delle scuse per questo dubbio,
Se puoi aspettare, senza stancarti di aspettare,
Se vivendo in mezzo alla menzogna non menti,
O, essendo odiato, non ti lasci trasportare dall'odio, non avendo l'aria, pertanto, di essere né troppo buono, né troppo saggio,
Se puoi sognare senza essere schiavo del tuo sogno,
Se sai pensare, senza fare del pensiero il solo scopo della tua vita,
Se, imbattendoti nel successo o nel disastro, tu tratti questi due impostori allo stesso modo,
Se puoi sentirti ripetere la verità che hai espresso, imbellettata dai furbi per prendere intrappola gli scemi,
Se puoi guardare le cose che hai creato spezzarsi, e se, abbassandoti, tu le ricostruisci con strumenti già usati,
Se puoi fare un mucchio di tutti i tuoi guadagni, arrischiarli con un sol colpo di fortuna, gettare il dado, perderli, e ricominciare tutto dal principio, senza mai dir parola sulla tua perdita,
Se puoi costringere il tuo cuore, i tuoi nervi, i tuoi muscoli, a servirti a lungo, anche dopo che essi si sono logorati, e così tener fermo, quando non avrai in te altro che la volontà che dice al resto: sii fermo,
Se puoi parlare alle moltitudini conservando la tua virtù, e parlare con i re conservando il senso comune,
Se un nemico non può ferirti, e neppure un amico,
Se tutti gli uomini hanno un valore per te, ma nessuno di essi troppo,
Se riesci a riempire il minuto che non perdona con sessanta secondi che valgono la distanza percorsa...
Allora la terra sarà tua e tutto ciò che essa contiene, e, ciò che piú importa, tu sarai un Uomo, figlio mio.


Joseph Rudyard Kipling (Bombaim, Índia: 30.12.1865 - Londres-RU: 18.01.1936): romancista, contista, cronista, jornalista e poeta merecedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1907. Autor polêmico, cujas ideias (se imperialistas e ou humanistas) até hoje são debatidas, ganhou notoriedade principalmente com obras juvenis. Kipling é autor de O Homem Que Queria Ser Rei (The Man Who Would Be King, 1888), O Livro da Selva (The Jungle Book, 1894), Kim (1901). Dois dos seus poemas estão entre os mais célebres do mundo: Se (If, 1895) e O Fardo do Homem Branco (The White Man's Burden, 1899). Para saber mais sobre este grande autor e sua fascinante obra, recomendo: Wikipedia: Joseph Rudyard Kipling, Poetry Foundation: Rudyard Kipling, Horuska 1: Rudyard Kipling, Templo Cultural Delfos: Rudyard Kipling - A liberdade do escritor. Há uma versão em áudio livro (espanhol e inglês) do poema If/Si.

Félix Redondo Adães Bermudes (Porto, Portugal: 04.07.1874 – Lisboa, Portugal: 05.01.1960): despostista, escritor e dramaturgo e roteirista. Foi um dos fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (futura Sociedade Portuguesa de Autores) e seu presidente (1928/1960) e colaborador das revistas Cine e Palco. Além de diversas peças teatrais, Feliz Bermudes, em parceria com Ernesto Rodrigues e João Bastos, é autor do roteiro do filme O Leão da Estrela de Arthur Duarte e do libreto da opereta O Timpanas (1933), com música de Frederico de Freitas. Para saber mais sobre o também autor do Hino do Benfica: Rolo Compressor Vermelho: Félix Bermudes - Benfiquista dos 7 oficios, You Tube: Félix Bermudes em entrevista - 1958, Audiência: No palco da saudade: Félix Bermudes,

Guilherme de Andrade e Almeida (Campinas- SP: 24.07.1890 - São Paulo-SP: 11.07.1969): advogado, dramaturgo, tradutor, jornalista, escritor modernista membro da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Instituto de Coimbra e do Seminário de Estudos Galegos de Santiago de Compostela. A sua estreia literária se deu em 1916, com as peças de teatro Mon Coeur Balance e Leur Âme, escritas em colaboração com Oswald de Andrade. Nós, seu primeiro livro de poemas, foi lançado em 1917. Foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna (1922) e um dos fundadores da revista Klaxon. Para conhecer melhor a sua vasta obra, que inclui poesia, prosa, ensaios e traduções, recomendo: Templo Cultural Delfos: Guilherme de Almeida - tradição e invenção, Academia Brasileira de Letras: Guilherme de Almeida, site Casa Guilherme de Almeida.

Vitor Vaz da Silva (?). Encontrei nada sobre o autor na internet.

Oscar Secco Ellauri (1904-1990), escritor, político e historiador uruguaio. Foi professor de História Universal no nível secundário e Ministro da Educação e Cultura (1948-1951) durante a presidência de Luis Batlle Berres . É autor de uma série de livros de História Universal. Fonte: Wikipedia. Não sei se é o mesmo autor da tradução do poema de Rudyard Kipling.

Antonio de Tomaso (Buenos Aires, Argentina: 1889-1933), advogado e político afiliado ao Partido Socialista. Fonte Wikipedia. Não sei se é o mesmo autor da tradução do poema de Rudyard Kipling.

André Maurois (pseudônimo de Emile Salomon Wilhelm Herzog (Elbeuf - França: 26.07.1885 - Paris, Franca: 09.10.1967): escritor, biógrafo e ensaísta. É o seu primeiro livro, O Silêncio do Coronel Branbles (Les Silences du colonel Bramble), lançado em 1918, que traz o célebre poema If, de Rudyard Kipling. O autor das famosas biografias de Shelley (1923), Disraeli (1927), Byron (1930), entre outras, tornou-se membro da Academia Francesa em 1938. Para maiores informações biográficas e bibliográficas: Wikipedia: André Maurois, The New Yorker: Two Loves, Académie Française: Andrés Maurois, Blog do [cultor]: André Maurois.

Jules Castier (Calais - França: 10.04.1888 - (?): 1957): escritor e tradutor francês de autores como Jane Austen, Aldous Huxley, Rudyard Kipling, Oscar Wilde, Taylor Caldwell, Leonard Merrick, Charlotte Brontë. Também traduziu General Bramble, de André Maurois, do francês para o inglês (1922). Para saber mais: BNF - Bibliothèque Nationale de France: Jules Castier (1888-1957), Bibliothèque Nationale de France: Jules Castier (1888-1957), Wikisource – la bibliothèque libre: Jules Castier.

Indro Montanelli (Fucecchio, Itália: 22.04.1909 - Milão, Itália: 22.06.2001): jornalista, tradutor, dramaturgo, roteirista, cineasta e historiador. O renomado autor de Storia di Roma e Storia dei Greci, considerado o mais conhecido jornalista italiano do século XX, escreveu para Il Corriere della Sera e Repubblica, fundou os jornais La Voce e Il Giornale e chegou a ser condenado à morte pelos nazistas em 1944. Entre os vários prêmios que recebeu, estava o do International Press Institute World Press Freedom Heroes, que o colocava entre os 50 Heróis da Liberdade de Imprensa em todo o mundo. Para saber muito mais sobre o inquieto Indro Montanelli e conhecer a sua vasta obra na imprensa, literatura, teatro e cinema: Wikipedia: Indro Montanelli, Observatório da Imprensa: Indro Montanelli, 1909 - 2001, Biografie: Indro Montanelli.

Antonio Gramsci (Ales, Itália: 22.01.1891 - Roma, Itália: 27.04.1937): filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística para o jornal L'Avanti, do Partido Social. Foi membro-fundador e secretário-geral do Partido Comunista da Itália, e deputado pelo distrito do Vêneto, sendo preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Gramsci é reconhecido, principalmente, pela sua teoria da hegemonia cultural que descreve como o Estado usa, nas sociedades ocidentais, as instituições culturais para conservar o poder. Para saber mais: Wikipédia: Antonio Gramsci.



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