terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Joba Tridente: Paisagem

paisagem

a vida é que nem a noite
...e assim é com a semente no fruto
por mais que se faça escura
...e assim é com a semente na terra
sempre se chega à luz


(*)
Joba Tridente
poema (2007) e ilustração (2013)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Joba Tridente: Passagem

 
passagem

dia ante dia
mês ante mês
entre os dedos
o ano escorre

na dobra da noite
mão aconcha mão
acolhe o novo
dia ante dia


(*)
joba tridente
poema (2008) e foto (2004)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Baptista Nunes: Não Sei!

Quem é Baptista Nunes? Não Sei! Onde encontrei o jocoso poema Não Sei!? No Almanach Popular para 1878. É só o que sei! Por que não atualizei o português? Ah, porque é muito mais divertido no original.


Não Sei!

Dize, sinhá, o que fizeste, hontem
da flor mimosa que te dei ?
- Guardei!
Se por acaso meu amor te desse,
tu guardarias como a flor?
- Não sei!

O que fizeste da pombinha rola,
que no jardim te confiei?
- Matei!
Pois tu mataste a pobresinha?! Então
eras capaz de me matar!
- Não sei!

Onde guardaste a poesia triste,
que ao teu piano, recitei?
- Rasguei!
E nem ao menos conservaste um verso,
para o author não olvidar!
- Não sei!

Ai! não me mates respondendo assim!
Deixa um momento de zombar commigo!
Dize se posso acalentar a esp'rança,
de ser amado por você.
- Não digo!

És muito ingrata! Pois terás coragem,
de ver a esp'rança que me resta, morta?
Queres a sorte da rolinha dar-me?
Queres que eu morra de paixão!
- Qu'importa ?

Pois bem eu juro me esquecer de ti,
Mas, dize ao menos porque assim me tratas!
Será porque teu coração tem dono?
- Não me aborreça, vá plantar batatas!


(*)
Ilustração de Joba Tridente – 2013

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Victor Champier: Uma locomotiva do século XVII

Adoro curiosidades de Almanaque. Na minha infância havia o delicioso Almanaque Fontoura. Há uns dois ou três anos descobri antigos Almanaques, em edições digitais da Brasiliana-USP, e fiquei encantado. Viajando pelas páginas do Almanach Popular para 1878, encontrei este delicioso artigo de Victor Champier: Uma locomotiva do século XVII, infelizmente sem a autoria do tradutor português. Acho que o meu encanto por este texto com ares de fantástico tem a ver com o fascinante gênero literário Steampunk, que estou conhecendo. Atualizei apenas a grafia.

 Uma locomotiva do século XVII
(Tradução para o Almanach Popular para 1878)

Não há nada de novo debaixo do sol; a natureza transforma-se, mas reaparecem sempre os mesmos elementos.
Existe ainda alguém que acredite no progresso?
Se tivessem lido o livro de Édouard Fournier, o Vieux Neuf, veriam estar demonstrado que os antigos egípcios, gregos, romanos - e outros, conheciam todas as grandes invenções que nós, modernos, nos atribuímos.
Este livro que se tornou raro, e cuja reimpressão nós podemos anunciar entre parêntesis, prova claramente que não ha uma só força mecânica que os gregos não pressentissem, uma só aplicação de química ou de física que não tenha sido empregada por eles.
O quê! direis vós, o vapor que data apenas de um século?
E então! que pensais? O vapor é velho como o mundo.
Hiren d'Alexandrie divertia-se há alguns centos de anos a fazer dançarem esferazinhas à extremidade do jato do vapor.
Era divertimento, na verdade, mas é, sem duvida, porque os antigos não queriam dar à água quente um papel mais nobre. Por um excesso de civilização eles recusavam-se a inventar os caminhos de ferro, causa permanente de acidentes e além disso instrumentos de perdição, como dizia o cura de certa aldeia.
E não só o vapor, mas também os balões lhes eram conhecidos. Inclina-te bravo Montgolfier!
Pelo menos, sabe-se que antes de Cyrano de Bergerac foram vistos ovos de galinha cheios de rocio flutuar nos ares como balões.
Aulu Gelle contou que tinha admirado um pombo mecânico que voava e agitava-se no espaço, devido a um ar sutil de que tinha o corpo cheio.
Não existe coisa alguma até aos milagres, cuja invenção não seja antiga.
Os sacerdotes das religiões antigas faziam-nos admiráveis, e a certos respeitos, superiores aos que se vêm agora.
No Egito os altares eram arranjados com a máxima habilidade. A água destinada às libações, nas cerimonias sagradas, achava-se no interior de uma cavidade, comunicando por um tubo com a taça colocada sobre o altar ou na mão do sacerdote; no momento de fazer o milagre, a taça estando ainda vazia, trazia-se um fogo ardente, sem o qual não era possível a cerimonia. Posto sobre o altar aquecia o ar interior que, dilatando-se, comprimia energicamente a superfície do liquido e o fazia subir pelo tubo até à taça. A libação tinha lugar assim e o povo acreditava no prodígio.
Vão se admirar, depois disto, quando dissermos que as locomotivas com que se sulca, neste momento, todos os boulevards de Paris, cuja invenção os ingleses tão altivamente se atribuem e das quais os americanos fazem tão grande uso há vinte anos, são simplesmente de origem francesa, que datam do século XVII, a menos que não remontem ao tempo dos Assírios ou que um semideus índio as tenha feito conhecer aos homens há milhares de anos!
Eis o caso. Há alguns meses, no palácio dos Campos Elyseos, o marechal de Mac-Mahon, presidente da republica, visitando as galerias da exposição da União Central, deteve-se ao pé da grande escada de honra e encaminhou-se, em seguida, para uma das elegantes lojas reservadas para livros. Achou-se diante dos livros editados por Morel e tomando um grande in-fólio, magnificamente impresso e cheio de belos desenhos, achou-lhe o seguinte título: Château de Marly-le-Roi, construit em 1676, détruit en 1798, par Aug.-Alex. Guillaumot.
O marechal examinava as gravuras com o descuido próprio de um personagem eminente. De repente levantou a cabeça e voltando-se para os seus ajudantes de campo, exclamou:
- Vede, é uma locomotiva!
Efetivamente, a gravura representava uma espécie de trenel rolando sobre trilhos, pelo meio do parque de Marly, tendo por viajantes as damas da corte e o rei Luiz XIV, em pessoa que, de pé à retaguarda, parecia presidir a carreira.
Sabe-se a predileção que este rei tinha por Marly e quantas prodigalidades tinha feito para construir neste país o magnífico castelo em que ele tanto gostava de dar festas.
No parque estavam dispostos grande quantidade de jogos destinados a fazer passar agradavelmente o tempo aos seus convidados.
Entre eles havia o da roulette, espécie de caminho de ferro posto em movimento à força de braços.
Era este jogo que estava gravado no volume que folheava o marechal de Mac-Mahon.
A locomotiva real, ornada à retaguarda, de quimeras douradas, rolava sobre pedrinhas de pequeno diâmetro, e os trilhos estavam solidamente arranjados.
O terreno conserva ainda neste lugar a inclinação que lhe deram para obter impulso, amortecido à chegada por um movimento inverso; o jogo dianteiro era armado de croquezinhos destinados a ajudá-la a subir quando a nobre companhia a abandonasse em meio do caminho.
É preciso ajuntar, para verificar o mérito da invenção com sua data, que lâminas girantes permitiam mudar a direção do veículo para a direita! Nós não temos ainda hoje nenhuma locomotiva munida deste precioso aparelho.
E agora, se me perguntarem o nome do inventor, serei obrigado a confessar que ignoro. Mas, que faz um nome?
Basta saber que o objeto existia: quod erat demonstrandum.


(*)
Victor Champier (1851-1929): historiador, editor e crítico de arte. Mais informações no OAC - Online Archive of California: Victor Champier e no Wikipédia: Victor Champier.

Édouard Fournier (1819 - 1880): escritor, dramaturgo, historiador, bibliógrafo e bibliotecário francês. Mais informação no Wikipédia: Édouard Fournier

Livro Vieux Neuf (1859) - o volume 2 (de 2): Vieux Neuf 

Ilustração: Locomotive Gilderfluke (American Journal Railway Gazette, 06 de dezembro de 1931), que encontrei em Some Fictional Locomotives. O site,  com suas loucas locomotivas ao estilo Steampunké muito bacana: Some Fictional Locomotives

domingo, 1 de dezembro de 2013

Joba Tridente: Hai-Kai Zumbi 2

A pedido do quadrinista e ilustrador Antonio Eder, criei dois Hai-Kais Zumbi para publicação no álbum Cidade Sorriso dos Mortos Vivos – Sangue e Pinhão Pra Todo Lado, editado por ele e Walkir Fernandes. O álbum com 351 páginas, lançado há duas semanas pelo Studio Dogzilla, traz inúmeras HQs, Contos, Passatempos, Cartuns, com um único tema: ZUMBI em Curitiba.

HAI-KAI ZUMBI 2



(*)

Para saber onde e como adquirir o álbum Cidade Sorriso dos Mortos Vivos, escreva para antonioeder@dogzilla.com.br

Joba Tridente: Hai-Kai Zumbi 1

A pedido do quadrinista e ilustrador Antonio Eder, criei dois Hai-Kais Zumbi para publicação no álbum Cidade Sorriso dos Mortos Vivos – Sangue e Pinhão Pra Todo Lado, editado por ele e Walkir Fernandes. O álbum, com 351 páginas, lançado há duas semanas pelo Studio Dogzilla, traz inúmeras HQs, Contos, Passatempos, Cartuns, com um único tema: ZUMBI em Curitiba.


HAI-KAI ZUMBI 1



(*)
Para saber onde e como adquirir o álbum Cidade Sorriso dos Mortos Vivos, escreva para antonioeder@dogzilla.com.br

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