Símbolo (Mulheres Pretas ou Brancas)
(Carla
Cristine e Rose Mari)
Ah,
símbolo de força e beleza!
Mulheres
que lutam
com
toda a certeza são deusas
que
têm o seu grande valor.
Por
isso não julgue sua raça,
sua
crença, a sua cor.
Trabalham
muito, trabalham por querer,
às
vezes trabalham pra sobreviver.
Mulheres
vulgares, algo sensual,
algo
mais, é assim que alguns dizem,
mas
não nos deixam em paz.
Então
respeite a mulher pelo que ela é.
Essas
guerreiras de força,
de
força, garra e fé.
Não
critique essas guerreiras,
pois
eu não aceito.
Deixe
o orgulho de lado,
pare
com esse preconceito.
Não
pense que digo isso
só
porque sou mulher,
sou
mulher e me orgulho,
estou
pro que der e vier.
Instinto
selvagem, animal,
que
te enlouquece a cada dia
com
um toque sutil e sensual.
Mulheres,
ah, pretas ou brancas
são
mulheres de garra,
de
força e esperança.
Mulheres,
pretas ou brancas.
Você,
você que não acredita
no
que agora digo, preste atenção
e
verá que não estou mentindo.
Veja
sua mãe e olhe do que ela é capaz
ela
está sempre a seu lado para te ajudar.
Mulheres,
mulheres não são só para o prazer,
querido,
tome cuidado, pois temos muito poder.
São
elas que com muita força de vontade
encaram
essa vida e também essa realidade.
Coloque
a mão na cabeça e pare pra pensar
você
não tem esse direito de olhar e julgar
erga
essa cabeça e bote para funcionar
porque
mulheres, como nós, também sabem lutar.
Força,
humildade, coragem e fé
são
essas as armas pra vencer e ficar de pé.
Não
pense que digo isso só porque sou mulher
Sou
mulher e me orgulho, estou pro que der e vier,
pro
que der e vier.
Digo
isso a você, a você que discrimina
e
que não tem o que fazer.
(com
uma voz de homem junto):
Mulheres, vocês são meus
amores.
Vocês,
ideia de rua, conhecem nossos valores
Mulheres,
ah, pretas ou brancas,
são
mulheres de garra, de força e esperança.
Mulheres
...pretas ou brancas.
Esta é a letra de Símbolo (mulheres), rap composto
por Carla Cristine Gomes Xavier e Rose Mari Rodrigues dos Santos, duas
garotas gaúchas que enfrentaram o machismo dos rappers e conseguiram se impor no Movimento Hip-Hop de Porto Alegre com o seu grupo ZhaMMp!. Ela faz parte da pesquisa
desenvolvida por Mirian Gusmão, para
a sua tese de doutorado em Letras: Teoria da Literatura, e está presente no
excelente livro A Poética dos Esquecidos,
onde a poesia é tratada sem discriminação social, erudita ou popular.
Entre 1993 e 1998, Miriam viajou por todo o Rio
Grande do Sul, ouvindo imigrantes italianos, alemães, e negros, pessoas que
testemunharam antigas atividades braçais e recordaram antigas canções da
lavoura. O livro, acompanhado de um CD com o registro musical e poético destes
encontros, foi publicado pela Editora Imprensa Livre, em 2000.
ilustração: Arte Postal criada por Débora, durante a Oficina de Arte Postal que orientei no Projeto Formando Cidadã (2004), em Curitiba.