..., o poema (em prosa?) o cadelo da barbárie frutou e amadureceu nos últimos anos. seus tons desvelam a pertinência dos dias cruéis no Brasil e no mundo, tomados por idiotas, oportunistas e extremistas de toda ordem (política, religiosa, social) ideológica. 2022 será um ano ambíguo. no horizonte cada vez mais horizonte apenas a cerração. não. ainda não sinto no ar o cheiro doce do orvalho de um novo amanhã. ilustração: fotos e montagem de Joba Tridente.
o cadelo da barbárie
joba tridente
...............1
: quanto mais descrédito
mais crédulo
..., o
cidadão
que lambe o chão
que lambe o pelo
que lambe a sola
do sapato do cadelo
..., que assombra
com a
barbárie
quem recolhe o rabo
...............2
: quanto mais decrépito
mais
débil o caotizador
na oferenda das suas tetas caralhas
às bocas famintas das hienas
centradas no curral da esfoliação
sociopolítica
acarinhando suas pelotas
..., pútridas
...............3
: quanto mais demente
o
cão-tinhoso
mais
devotos os esfoliados
que se
deleitam
com a enrabação dizimal
e saboreiam o leite acre derramado
e dão graças evangelicais
ao cadelo canalha que rouba
o que lhes resta de cidadania
..., se é que resta algo nas carcaças
ocas
de energúmenos
...............4
: quanto mais ausente
às necessidades cidadãs
mais enojante a fala do cadelo
indecente
extasiado com as firulas do poder
que oferece suas hemorróidas
pestilentas
aos pupilos delirantes que lhe mordiscam
o cu da
economia
aos pupilos delirantes que lhe bebem
o pus do
desenvolvimento
antes de beijarem sua boca fétida
com um
beijo de língua pururuca
selando um casamento de pusilânimes
na
pátria armada
do fuzil
...............5
: quanto mais genocida
o cão
matreiro
mais os
galinhos ciscam
no cercado
à caça
de vermes polpudos
que pululam sob e
sobre
as cúpulas
...,
sob o olhar auspicioso do cadelo
da corte
que
pastoreia as raposas
que
sobem e que descem
a rampa do castelo
em busca da torre do vizinho
que é sempre mais rica...
Joba Tridente, um livre pensador livre. artesão de
imagens e de palavras em