Salve
Helena de todas as manhãs curitibanas:
Poesia Mínima (1986)
Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.
Iniciada
no haicai (haikai ou hai-kai) por Fanny
Luiza Dupré (1911 - 1996), uma das pioneiras da poética japonesa no Brasil,
Helena Kolody publicou seus
primeiros poemas curtos em 1941, e ao cultuar essa forma de poesia tornou-se “haijin”:
Fui criticada, aquilo não era soneto, não
tinha rima, não era poesia. A característica marcante na composição do hai-kai
é que ele tem apenas três versos de 5, 7, 5 sílabas, sem título e sem rima.
Arco-Íris (1941)
Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
Que há pouco chorou
Em 1965,
tão logo conheceu os haicais de Helena
Kolody, o jovem agitador cultural Paulo
Leminski, foi só elogios à autora que, em 1993 recebeu da comunidade
nipo-brasileira de Curitiba o nome artístico de Reika (perfume de poesia).
Kolody foi a primeira haicaísta do Paraná.
Pássaros Libertos (1985)
Palavras são pássaros,
Voaram!
Não nos pertencem mais.
Em 1985,
quando Helena lançou o livro Sempre
Palavra, o crítico Leminski, em seu texto intitulado Santa Helena Kolody, disse: "Tem certas manhãs azuis em Curitiba, mas tão azuis, tão azuis, que eu
tenho certeza: Helena Kolódy acordou cedo e olha por todos nós". Em
1986 ela retribuiu com o dístico Figo da
Índia: A casca espinhenta / guarda a macia doçura da polpa. E
explicou: “Ele, às vezes, parecia
agressivo. Todavia, tinha uma polpa doce, ele era muito carinhoso. Tanto que
ele me fez uma dedicatória: “Mãe querida, nada como ter uma fada na vida”.
Salve
Leminski de todas as manhas curitibanas:
relógio parado
o ouvido ouve
o
tic tac passado
Paulo Leminski Filho nasceu em 24 de Agosto de 1944, em Curitiba.
Um dos
mais importantes autores brasileiros, Paulo
Leminski ganhou reconhecimento pela excelência do seu trabalho dedicado à
literatura (prosa e verso) e à crítica literária, às biografias e aos ensaios.
Ele ainda conseguiu tempo para fazer parcerias musicais com grandes nomes da
MPB. Ao lado de Millôr Fernandes (1923
- 2012) foi um dos grandes mestres brasileiros do senryu, que difere do haicai
apenas pelo tom irônico, satírico.
cabelos que me caem
em cada um
mil
anos de haikai
Da sua vasta obra destacam-se: Quarenta
clics em Curitiba - Poesia e fotografia, com o fotógrafo Jack Pires; Caprichos e relaxos (1983); Distraídos Venceremos (1987); La vie en close (1991); Winterverno - com desenhos de João
Virmond (1994); Catatau (prosa experimental) - Edição
do Autor (1975); Agora é que são elas
(1984); Metaformose, uma viagem pelo
imaginário grego (1994); Cruz e Souza
(1985); Matsuó Bashô (1983); Jesus (1984); Trotski: a paixão segundo a revolução (1986); POE, Edgar Allan. O corvo (1986); Ensaios e anseios crípticos (1997); Guerra dentro da gente (1986); A
lua foi ao cinema (1989).
Paulo Leminski morreu em 07 de Junho de 1989, há exatos 23 anos, em Curitiba.
duas
folhas na sandália
o outono
também quer andar
Haikais
de Paulo Leminki publicados em Caprichos & Relaxos – Brasiliense - 1983
ilustração de Joba Tridente
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