Criança, olhava o céu. O azul era redondo e circular. Rasgando essa calma um fio longo de fumaça. Um rastro deixado por um jato. Não era sinal de morte ou do fim do mundo. Eu sabia. Os adultos não. Temiam o apocalipse. Não esperavam por invasão extraterrestre. Não o sabiam. Eu sim. Tentava imaginar como seria viver na lua ou em planetas que acreditava habitados. Perguntava se em outros planetas os dias e semanas seriam os mesmos. Seriam os mesmos também os fins de semana? Pensava nos sábados e domingos em outros planetas.
Criança, olhava o céu azul. O azul era infinito. Ou quase, não fosse rasgado por um arco de fumaça. Um fio algo algodão desfiado cruzando o espaço. Parecia sem começo e sem fim quando atravessava nuvens branquelas. Fora delas às vezes um ponto prateado traçava o caminho. Outras, era como se nascesse de um buraco invisível.
Criança, olhava um arco de fumaça contornando o céu. Um arco de fumaça se desmanchando no céu. Nas pontas eu imaginava se teriam surpresas. Como no arco-íris. Talvez potes de prata. Sabia que antes que alguém ali chegasse o arco de fumaça já teria se misturado às nuvens ou desaparecido. E com ele todo e qualquer segredo. Eu era criança.
Crônica e ilustração de Joba Tridente
08.03.2000 – 20.05.2011
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