para Carlos Drummond de Andrade 
Não sou muito ligado a datas. Para mim todo dia é dia de todo dia e do que e de quem quiser o dia. Carlos Drummond de Andrade teria completado 118 anos, ontem, dia 31 de outubro de 2020. Hoje faz 22 anos que escrevi, em sua homenagem, o poema comemORAÇÃO (1998). Há 23 anos foi publicado, no livro Traço de União, Poema para Carlos Drummond de Andrade (1997), do poeta angolano João Maimona. Então, como todo o passado é presente algum dia que também será passado, republico, aqui no Falas ao Acaso, os dois poemas.
Joba Tridente 
hoje é dia de todos os Santos e da Lua 
amanhã é dia de todos os Mortos e de Marte 
ontem foi o dia de Drummond e do Sol 
e as pedras continuam espalhadas por todos os caminhos 
por todos os caminhos continuam espalhadas as pedras 
alguns tropeçam e caem e ficam 
alguns tropeçam e caem e se levantam 
alguns tropeçam e se equilibram e vão 
alguns veem as pedras e desviam 
alguns já conhecem os caminhos 
outros nunca leram Drummond 
  
  
Poema para Carlos Drummond de Andrade João Maimona 
É útil redizer as coisas 
as coisas que tu não viste 
no caminho das coisas 
no meio do teu caminho. 
  
Fechaste os teus dois olhos 
ao bouquet das palavras 
que estava a arder na ponta do caminho 
o caminho que esplende os teus dois olhos. 
  
Anuviaste a linguagem de teus olhos 
diante da gramática da esperança 
escrita com as manchas de teus pés descalços 
ao percorrer o caminho das coisas. 
Fechaste os teus dois olhos 
aos ombros do corpo do caminho 
e apenas viste uma pedra 
no meio do caminho. 
  
No caminho doloroso das coisas. 
  
Ilustrações: Joba Tridente.2015.2016.2020
Joba
Tridente,
um livre pensador livre. artesão de imagens e de palavras em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em
Antologias: Hiperconexões: Realidade
Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões:
Realidade Expandida (2015); 101
Poetas Paranaenses (2014); Ipê
Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois
de ma fenêtre – O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal
Nicolau, Gazeta do Povo,
Revista Planeta,
entre outros.
João Maimona (1955) nasceu em
Kibokolona, Angola. Escritor, ensaísta e crítico literário licenciou-se em
Medicina Veterinária. Maimona é membro fundador da Brigada Jovem de Literatura do Huambo e da União dos Escritores Angolano. O premiado escritor é autor de Trajetória Obliterada (1985); Les Roses Perdues de Cunene (1985); Traço de União (1987, 1990);  Diálogo
com a Peripécia (1987); As Abelhas do
Dia (1988, 1990); Quando se ouvir os
sinos das sementes (1993); Idade das
Palavras (1997).
Para saber mais: União dos Escritores Angolanos: João Maimona;
Portal São Francisco: João
Maimona; Antonio Miranda: Poesia
Angolana - João Maimona; Terezinha de Jesus Aguiar Neves:
Do alarme do mundo e das celebrações da escrita na poética de João Maimona;
Templo Cultural Delfos: João Maimona -
universos poéticos; Revista Zunái: Uma Conversa
com João Maomona.
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário