domingo, 13 de setembro de 2009

Joba Tridente: Livros, pra que te quero


Livros, pra que te quero
Joba Tridente

Castro Alves disse: Ah bendito o que semeia livros.../ Livros à mão cheia.../ E manda o povo pensar./ O livro, caindo/ n’alma,/ É germe – que faz a palma./ É chuva – que faz o mar!Há alguns anos oriento oficinas e participo de projetos que incentivam a leitura e também a construção de Bibliotecas, semeando um livro aqui e outro ali. Esperando que os leitores colham sempre uma boa leitura. A boa safra não depende apenas da qualidade do livro semeado, mas do cuidado que cada um tem com a semente lançada e com a mente fértil a ser alcançada. Já encontrei muitos não-cidadãos, na esperança de encontrar cidadãos melhores. Mas continuo buscando, mesmo que aleatóriamente, como a palavra busca o seu texto.

Livros diversos são lançados Brasil adentro e Bibliotecas (a)colhidas Brasil afora. Mas não será o bastante, se o caminho até eles não for bem calçado e sinalizado. Uma estante de livros sem leitores é feito uma porta infestada de cupins, é cheia de trilhas, mas o seu miolo é podre. A leitura é um vício que purifica a mente. Assim como aquele ditado diz que "não se deve dar um peixe a um mendigo, mas, sim, ensiná-lo a pescar", penso que também não se deve impor um livro a um carente de conhecimento, mas oferecer-lhe um leque de prazerosas opções literárias. Uma, com certeza, será do seu agrado.

A propósito, falar de livros há um propósito: clamar ainda mais a criação e a construção de Bibliotecas por todo país. Bibliotecas móveis, que sigam veredas em qualquer lombo. Bibliotecas imóveis, erguidas em qualquer campo. Bibliotecas espalhadas em praias, rodoviárias, áreas de lazer. Bibliotecas começando num canto da casa, dentro de um caixote de madeira que servia hortaliças e agora serve fantasias. Bibliotecas carregadas em velhas caixas de maçãs, com os seus livros cheirando a maçãs. Bibliotecas para quem vê e para quem não vê. Bibliotecas para quem ouve e para quem não ouve. Bibliotecas para quem sabe e para quem quer saber. Bibliotecas para quem ainda não sabe o que quer.

A mente é como uma casa. Podemos arejá-la todos os dias. Ou deixá-la fechada e embolorada para sempre. Ler é reciclar a palavra infinitamente. Narrar é reciclar a palavra infinitamente.

Ilustração: Arte Postal: Mito (1986) - de Joba Tridente

3 comentários:

  1. Oi, Joba.
    Parabéns pelos blogs, muito legais!
    Linkei vc no Achados, ok?
    Um abraço,
    Tereza

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  2. Olá meu querido amigo poeta.
    Boa sementeira essa, também trabalho nessa frente pela qualidade da educação, a arte das imagens e palavras a serviço da inteligência e sensibilidade. E grato pelo link com Nossa vida um só diamente.
    Luz, Amor, Fortuna, Paz, Poesia, Auguri.
    Grande abraço desde este planalto central.

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  3. Obrigado pelo carinho, parceiros (na arte e na vida) Tereza e Rômulo. Vamos nos vendo, nos lendo, por aqui e por aí. Vamos blogeando e nos linkando, partindo de um Nada para um Todo.

    Grande abraço!

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