a cada dia a saída da crise constitucional se adia nas
américas e arredores. são poucos os lugares onde a luz chega antes do fim do
túnel nas américas e arredores. a grande lona do circo das ilusões é esticada
ao extremo nas américas e arredores. sob ela o povo se espreme para saborear o
pão do palhaço que o diabo amassou. palhaço
é um poema (inacabado?) catártico..., o meu epílogo para 2018 nas américas e
arredores desgovernados.
palhaço
joba tridente
I
cada povo tem
o círculo que merece
cada círculo tem
o circo que aparece
cada circo tem
o palhaço que padece
conforme a conveniência do
ato
recebe
palmas ou palmadas
ovação ou uivo
é mera questão de métrica
II
o palhaço só é de estima
se partido
se inteiro
o
palhaço só é bucha
III
no picadeiro
sempre há
..., verá!
alguém da arquibancada
aparando a grama
afofando a serragem
nas cadeiras
sempre há
..., verá!
alguém a (a)pagar ratos
sem deixar rastros
na cova do leão
que na reta
guarda silêncio
se dela a ação
miado vira urro
IV
o ingresso do comum
não garante
o espetáculo no globo
da morte à sorte
cabeças não rolam
pra quem sabe a arte
de rapinar
a magia com números
e cartas
marcadas não é
para amadores
se cabe em qualquer caixa
para armadores
V
nem
trapézio
nem corda bamba
nem malabares
a função do palhaço
é confundir
os inocentes
(in)úteis
os que creem no seu sermão
de pai paspalho da pátria
armada
a salva aleatória que rico
chateia
na
retórica
do bobo do congresso
que entorna a dialética
na fantasia bufa
que induz o risco
franco
na gargalhada interrompida
ao final do algodão
doce
no palito envenenado
VI
enquanto ilude o público
o palhaço da vez
considera sua dor privada
..., e
em meio a tapas
na circunstância circular do
picadeiro
borra a maquiagem
cômica na intenção
que se faz trágica
na face sugestiva
que lhe sucede ao ato
afiado na língua
mordaz
VII
..., palhaço de dentadura
ladra até dentes de leite
derramados
*
ilustração: joba
tridente. 2018
Joba Tridente, um livre pensador livre. artesão de
imagens e de palavras em Verso : 25 Poemas
Experimentais (1999); Quase Hai-Kai
(1997, 1998 e 2004); em Antologias:
Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões:
Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26
Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014);
Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia
de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades Minguantes
(2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio
Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
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