quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dia Nacional da Literatura Infantil



O Dia Nacional da Literatura Infantil se comemora nesta data em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato: Um País se faz com Homens e Livros!

Fábula: O Ratinho, o Gato e o Galo
Monteiro Lobato em Memória de Emília - Fábulas - Ed. Brasiliense, 1935.

Certa manhã, um ratinho saiu do buraco pela primeira vez.
Queria conhecer o mundo e travar relações com tanta coisa bonita de que falavam seus amigos. Admirou a luz do sol, o verdor das árvores, a correnteza dos ribeirões, a habitação dos homens. E acabou penetrando no quintal duma casa da roça.
- Sim senhor! É interessante isto!
Examinou tudo minuciosamente, farejou a tulha de milho e a estrebaria. Em seguida, notou no terreiro um certo animal de belo pelo, que dormia sossegado ao sol. Aproximou-se dele e farejou-o, sem receio nenhum. Nisto, aparece um galo, que bate as asas e canta. O ratinho, por um triz, não morreu de susto.
Arrepiou-se todo e disparou como um raio para a toca. Lá contou à mamãe as aventuras do passeio.
- Observei muita coisa interessante - disse ele. - Mas nada me impressionou tanto como dois animais que vi no terreiro. Um de pelo macio e ar bondoso, seduziu-me logo. Devia ser um desses bons amigos da nossa gente, e lamentei que estivesse a dormir impedindo-me de cumprimentá-lo. O outro… Ai, que ainda me bate o coração! O outro era um bicho feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha e aspecto ameaçador. Bateu as asas barulhentamente, abriu o bico e soltou um có-ri-có-có tamanho, que quase caí de costas. Fugi. Fugi com quantas pernas tinha, percebendo que devia ser o famoso gato, que tamanha destruição faz no nosso povo.
A mamãe rata assustou-se e disse:
- Como te enganas, meu filho! O bicho de pelo macio e ar bondoso é que é o terrível gato. O outro, barulhento e espaventado, de olhar feroz e crista rubra, filhinho, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal. As aparências enganam. Aproveita, pois, a lição e fica sabendo que: Quem vê cara não vê coração.


José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté-SP, 18 de Abril de 1882 – São Paulo-SP: 4 de Julho de 1948), jornalista, crítico, cronista, artista plástico, tradutor, editor. Um dos mais importantes escritores brasileiros. Por vezes contraditório (ainda amado e censurado), deixou ao alcance do público adulto uma curiosa e polêmica literatura, onde se destacam: Urupês (1918); Cidades Mortas (1919); Ideias de Jeca Tatu (1919); Negrinha (1920); Contos escolhidos (1923); O Presidente Negro e o Choque de Raças (1926). Ao público infantojuvenil o genial autor legou uma série (atemporal) de aventuras vividas por Emília, Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia, Dona Benta no Sítio do Pica-Pau Amarelo.

ilustração: Boneco Ratinho - criado por Joba Tridente 

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