Os dias nos perseguem politicamente febris mundo
afora e américa latina adentro. O radicalismo é amplo e geral na maioria dos
corpos governamentais. Economia, corrupção, ditadura, tomada de poder estão na
flauta desafinada a cada lusco-fusco..., e (re)viram aborrecidas (ou seria
indigestas?) pautas nas mídias, inclusive “sociais”. Estamos todos à mercê da
demência?
Observando os gestos repercutindo nos sons do mundo
ao meu redor. Olhando o homem político por trás (ou por dentro) do homem do
povo..., na sarjeta ou no palácio..., na rua ou no teatro, em performance digna
de mestre ou de canastrão..., cheguei ao ..., c.h.ã.o
(2016), que me fez cometer m.ã.o.s (2017)..., dois poemas que me
levaram até a b.o.c.a (cwb.03.04.2017)...,
com que encerro uma trilogia sobre os meandros do poder estabelecido. Qualquer
semelhança desta boca com a boca de alguém (re)conhecido, pode não
ser mera coincidência.
b.
o. c. a
joba tridente
tua boca
tão maldosamente sua
é mera rasgadura
na máscara sobre máscara
que mascara tua cara mamulenga
de tacho cuspideiro
tua boca
tão verborragicamente
sua
a mover seus lábios toscos
num vocalize de impropérios
aveludados
aos ouvidos viciados à ordem
midiática
chita rasgada
aos ouvidos desconfiados da ordem
midiática
mergulhada no cuspe
que escorre
das engrenagens enferrujadas
que desafinam tuas vocais
na consonância chantagista
do poder...,
de poder insuflar o medo
consoante
da perda de privilégios coletivos
privados na privada palaciana vogal
tua boca
tão trêmula
faz temer suas falas
tão vagas
aos absurdos monumentais
tão seus
na reverência fantasmagórica
às demências governamentais
a cada alvorada
: pão de fel no café do amanhã
desvela
o linguado ao molho parvo
no lusco-fusco das negociatas
tua boca
tão fétida
cloaca de falácias tão suas
na mediocridade ideológica
da vilania partidária
que comungas nos bastidores
a cruzada de malditos asseclas
no assalto ao cidadão
que sangra que cala que grita que rola
indigente
na burocracia gananciosa
do pavilhão que encerra a ordem
e desterra o progresso
tua boca
septuagenária mente
ordinária suga gota a gota o labor
de inocentes (e desavisados
indecentes)
incongruências tão suas
tão sumariamente suas
soam taquara rachada
ardendo no lombo
a supremacia que não tens
: seus dedos
finos rabos de ratazana
se atropelam
se embaraçam
se dão nós...,
mas não te calam
não alcançam
a tua boca bagaceira
a tua língua vã
a tua fala logomáquica
..., e maquiavélicos
se recolhem acovardados
no recôndito da sua insignificância
tão politicamente sua
...................................
: pena de prata em corpo de ouro
também borra mãos
: palavra só é prata..., se perene
a fala
: silêncio só é ouro..., se constante
o ato
..., eu recuso o seu dito
..., eu recuso a sua boca
..., eu recuso o seu repulsivo beijo traidor
ao apagar também das suas luzes
num modorrento e
definitivo:
adeus!
ou eloquente:
adiabo!
...................................................................
oras!
*
ilustração: foto de joba tridente.2011
Joba Tridente,
artesão de palavras e imagens em Verso : 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê
Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois
de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
"tacho cuspideiro", "cloaca de falácias", "privados na privada palaciana vogal",
ResponderExcluir"septuagenária mente": isso é muito bom. (na poesia)
Também recuso veementemente essas condutas nojentas que ferram com milhões de pessoas honestas. Horrível tais posturas, e eles? Ela acham lindo serem malandrões e vigaristas: quanto mais, melhor.
Assemelham-se a ratos de esgoto numa capa Homo Sapiens, mas, por dentro; além de ratos são ´víboras.
Obrigado, Joba (por escrever assim e por me marcar)
Gratidão
Marcelo Finholdt
..., grato pela nova visita e comentários, Marcelo!
Excluirna mosca, como se disse por um tempo, Joba Tridente. suas falas não são ao acaso, pois marcam o tempo e a linguagem.
ResponderExcluir..., obrigado, meu amigo jornalista e escritor, tão mais perto da ebulição distrital que eu, e, com certeza, mais ciente, hoje, do que só será notícia amanhã!
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