..., mais uma
tragédia se abateu por entre as montanhas de Minas Gerais, no Brasil. agora, na
aprazível Brumadinho..., e aos moldes daquela ocorrida sobre a bucólica Bento
Rodrigues, no município de Mariana, em 2015, quando toneladas de resíduo tóxico
vazaram dos reservatórios da mineradora Vale (ex Vale do Rio Doce), destruindo
tudo pela frente. ..., até o momento desta postagem, não se sabe exato o número
de mortos encontrados e mortos desaparecidos (enterrados vivos!). assim, nesse
atordoo, escrevi laMal.
laMal
joba tridente
nas Minas Gerais
homens caducos
cavucam minérios
revolvem mistérios
do solo, das pedras,
que minam
que afloram na terra
violada
ao sol e às estrelas
por um palmo de riqueza
capital
no imediatismo
das bolsas
das poças
dos resíduos
aprisionados na ganância
de um hoje MEU
sem amanhã para os TEUS
..., mais um crime ambiental
nas montanhas dilapidadas
de Brumadinho
prenunciado em Mariana
não mais bruma
nas brumadinhas manhãs
não mais cantos de pássaros nos pomares
latidos e miados nas varandas
galos e galinhas nos quintais
nada de gado nos pastos
nada de porcos nos currais
nada de peixes nos rios
..., não mais pomares, varandas,
quintais,
pastos,
currais e rios
: na paisagem outrora verde
o barro desdenha o velho horizonte
não mais café coando na cozinha
leite fervendo no fogão a lenha
pão assando no forno caipira
hortaliça fresca sobre a mesa
não mais pouso
não mais alvoroço
não mais cantoria
de aves nas manhãs e tardes
de Brumadinho
..., não mais o terço das seis
a lama levou
a alma de tudo
que encontrou no caminho
..., até de gente!
: de MUITA gente!
ao sul do país
não me alcança a lama
apenas a dor
que sei
não se compara
à dor dos que ficaram
sem os seus
que mesmo que chova a cântaros
jamais será lavada
jamais será
levada
para
longe dali...
*
poema.ilustração.jobatridente.27.01.2019
Joba Tridente,
um livre pensador livre. artesão de imagens e de palavras em Verso : 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em
Antologias: Hiperconexões: Realidade
Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões:
Realidade Expandida (2015); 101
Poetas Paranaenses (2014); Ipê
Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois
de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal
Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.