A maldição do círculo
ou os Tupyninguém
Eu tenho dúvidas se o correto seria maldição ou má dicção do círculo. Essa figura meta e física, ápice do conhecimento sagrado e profano, antes esotérica e hoje totalmente banalizada por uma tribo Tupyninguém que, de tão subdesenvolvida, subserviente e tacanha, autodenomina-se designer.
Dizem os estudiosos que a palavra designer (cuja pronúncia varia conforme a classe usuária: desainer, dessainer, disainer, dissainer, dezaine, dizaine, dezãin, dizãin...) vem do inglês de cima e significa o mesmo que o português de baixo: desenhista. No entanto, como os Tupyninguém são uma tribo de desentendidos, cada integrante dá à palavra de cima o significado que quiser no português de baixo. Para uns, designer quer dizer que o costureiro de ontem é hoje um estilista conceitualista de moda e o cabeleireiro é um arranjador conceitualista de cabelo. Para outros, designer quer dizer que o ilustrador e artista gráfico agora é um web-conceitualista de arte, ou que o desenhista industrial é um estilista conceitualista de produtos industriais, o decorador é um estilista conceitualista de interiores e a manicure é uma estilista conceitualista de mãos... E por aí vai, cada um se dando a graça de ser cada vez mais cada um no seu universo cada vez mais abarrotado de “unidades carbono” conceituais (ou seria designers?).
O que se passa na cabeça sempre colorida de um designer (reflexo contínuo da cabeça de outro designer) ao criar (?) uma marca para um produto e concluir que ao logotipo basta acrescentar um círculo, meio círculo, círculo entrelaçado ao círculo...? Céus e Infernos, será que esse indivíduo só aprendeu a fazer rodinhas na escola em que atravessou? Ou será que essas horrendas marcas (geralmente cópias de outras cópias) que a cada dia invadem os meios de comunicação, cegando, ensurdecendo, emudecendo o espectador distraído é mera brincadeira de mau gosto, um estilismo conceitual caduco, um teste de paciência para concluir até onde uma pessoa sã está atenta ao lixo visual?
De volta ao princípio questiono: Será o círculo uma maldição divina e/ou maligna, para testar os nossos sentidos? Será o designer tupyninguém um capacho inocente de forças desconhecidas (que abduziram a sua criatividade) ou um zumbi com má dicção, maldizendo o círculo em todas as suas (sic!) possibilidades de círculo? Socorro! Ou melhor, help!
ilustração de Joba Tridente - Variação sobre a maçã - 2009
Sempre tem os equivocados, sobre a profissão e sua conceituação. O Designer, materealiza a idéia, ou a solução para resolver um problema para a sociedade. Seja ele um designer de: Produtos (Eletros eletrônicos, veículos, móveis), Interiores, Moda (estilista), gráfico(Web, gráfico, games, vídeo, tipográfico). Que por vezes passa desapercebido e é marginalizado. Isto no Brasil, Que acham o design uma coisa bonitinha e que se faz em poucos segundos. Más não é, sendo o design fruto de pesquisa e solução. Infelizmente o Brasil tem este Pré-Conceito formado, pois é um País carente ainda de educação e cultura. Ai vem os que querem "surfar na onda" do design e se auto entitulam como tais, pelo glamour da profissão e beleza da palavra. Marginalizando e denegrindo a profissão e o profissonal. Então, antes de criticar uma profissão saiba de suas origens, os seus conceitos, e as suas funções. E a etimologia certa das palavras. A tradução mais próxima para designer seria: Criador de soluções (Com uma visão global), ou Resolvedor de problemas. Estes que fazem consumidores comprar mais ou se interagirem mais com a vida, para terem uma vida mais confortável. Desafios estes que nenhuma outra pessoa de outra profissão enfrenta ou se propõe a fazer e a resolver, pois a maioria se incomoda para fazer e acham complexas demais transformar pensamentos e ídéias em soluções visíveis. Seja uma marca, um escritório reformulado, uma vitrine ,um automóvel, uma roupa, uma tênis, etc. Um pensamento: Sem o design não tem como materealizar as idéias, e grandes idéias. Pois o design faz o mundo mover e se evoluir, tudo contém design. Ah!, só para lembrar, designer é o profissional, e design é a profissão. Aculture-se Brasil. Designer Anônimo.
ResponderExcluirOlá, Designer Anônimo.
ResponderExcluirInfelizmente o Brazil já está aculturado demais (ou seria D+?)por tanta americanalhice.
Ah,só para lembrar: aculturar-se é aceitar (sem reclamar e ou discutir)a "cultura" do povo dominador, uma cultura estranha à sua, imposta por quem "pode mais", sem respeitar fronteiras e idiossincrasias do dominado.
Já está na hora de se olhar o próprio umbigo, quem ainda o tiver.
No Brasil todos os cursos de Desenho Industrial (soa feio, né?), Artes Gráficas e correlatos, viraram Design, na década de 1990, aqui no Paraná, sabia?
O responsável pela renominação foi um professor da UFPR.
Antes disso cada arte sabia de si.
De qualquer sorte obrigado por ter chegado até aqui e lido esta crônica escrita há 15 anos para o jornal Gazeta do Povo, aqui de Curitiba. Mas que continua atual.
Eu me orgulho de ser Artista Gráfico (e faço questão de dizer que não sou, nunca fui e jamais serei designer), há 40 anos.
Sou um artista das antigas, de um tempo em que criar uma logomarca era muito mais que ficar desenhando, copiando e repetindo e entrelaçando rodinhas.
Abs.
T+
Joba