Ascenso Carneiro pode não ser aquele autor de “ponta da língua”
para muitos amantes da poesia, mas nos legou uma excelente obra. Em 1975, eu e
milhares de outros telespectadores, que não tiveram acesso ao Festival Abertura,
viram e ouviram pela TV, um desconhecido e enlouquecido Alceu Valença cantar Vou
Danado pra Catende. Em 2013 soube que Alceu adaptou um trecho de Trem de Alagoas em sua famosa e
arrebatadora Vou Danado pra Catende. Parceria perfeita! Inezita Barroso também musicou o poema de Ascenso.
Trem de Alagoas
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
- Adeus!
- Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
- Adeus!
- Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
- Adeus morena do cabelo cacheado!
- Ali dorme o Pai-da-Mata!
- Ali é a casa das caiporas!
- Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira (1895 - 1965), escritor regionalista pernambucano,
abolicionista, modernista, já em 1912 publicava seus versos em jornais. A sua
poesia, além de ricamente visual, têm um ritmo contagiante. É autor de: Catimbó (1927); Cana Caiana (1939); Poemas
(1951); Catimbó e Outros Poemas (1963); Poemas: Catimbó, Cana Caiana e Xenhenhém (1981); Eu Voltarei ao Sol da Primavera (1985).
Há um bom material sobre Ascenso
Carneiro no Portal Fundação Joaquim Nabuco em Pesquisa
Escolar.
Ilustração de Joba
Tridente - 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário