sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Murillo Araújo: Infância


Não conhecia Murillo Araujo (1894 - 1980). Descobri por acaso a sua obra poética. Infância não é necessariamente um poema infantil, mas é lúdico. Publicado em 1917, no livro Carrilhões (*), é um poema nostálgico para quem já foi criança e para quem um dia sentirá, também, saudade.

Infância

À noite (e lá por fora ia a tormenta...)
eu pedia à Mamãe: Conta uma história!
E ouvia... Cabecinha sonolenta,
via os reinos de fadas - via a Glória.

(Havia a ventania e a merencória
chuvarada, nas telhas, barulhenta.)
-"Era uma vez..." É incenso na memória
aquela voz embaladora e lenta!

Hoje (que diferente é cada idade!)
Mamãe foi ver as fadas... foi talvez
morar no Reino da Felicidade!

Hoje sou homem, sou, vejam vocês.
Ai! vindo a noite e vindo a tempestade
só da Saudade escuto ERA UMA VEZ!

*
Ilustração de Joba Tridente - 2013


Murillo Araujo (1894 -1980), advogado, jornalista, escritor e crítico literário. Um dos expoentes do modernismo, lançou o seu primeiro livro, Carrilhões, em 1917, cinco anos antes da Semana de Arte Moderna. Em poesia publicou: A galera (1920), Árias de muito longe (1921), A cidade de ouro (1927), A iluminação da vida (1927), A estrela azul (1940), As sete cores do céu (1941), A escadaria acesa (1941), O palhacinho quebrado, A luz perdida (1952), O candelabro eterno (1955) e, em prosa: A arte do poeta (1944), Ontem, ao luar (1951), Catulo da Paixão Cearense, Aconteceu em nossa terra (pequenos casos de grandes homens), Quadrantes do Modernismo Brasileiro (1958). Murillo traduziu o livro O inspetor geral, do escritor russo Nikolai Gogol (1809 - 1852). Fonte: Antonio Miranda e Murillo Araujo Vida e Obra.

(*) A versão digital de Carrilhões (link), de Murillo Araújo, está disponibilizada, gratuitamente, no Portal Domínio Público.

2 comentários:

  1. Que bonito, Joba, o poema e seu trabalho! Gostei de conhecer este poeta, fui com ele no reino das fadas... Beijão.

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    Respostas
    1. Oi, Teca.
      É um poema tocante, sem dúvida.
      Se não fosse a internet, jamais o conheceria.

      Gostei muito do resultado da ilustração...,
      da ideia de infinitude.

      Bjs!

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