Não
conhecia Murillo Araujo (1894 -
1980). Descobri por acaso a sua obra poética. Infância não é necessariamente um poema infantil, mas é lúdico. Publicado em
1917, no livro Carrilhões (*), é um
poema nostálgico para quem já foi criança e para quem um dia sentirá, também,
saudade.
Infância
À noite (e lá por fora ia a tormenta...)
eu pedia à Mamãe: Conta uma história!
E ouvia... Cabecinha sonolenta,
via os reinos de fadas - via a Glória.
(Havia a ventania e a merencória
chuvarada, nas telhas, barulhenta.)
-"Era uma vez..." É incenso na
memória
aquela voz embaladora e lenta!
Hoje (que diferente é cada idade!)
Mamãe foi ver as fadas... foi talvez
morar no Reino da Felicidade!
Hoje sou homem, sou, vejam vocês.
Ai! vindo a noite e vindo a tempestade
só da Saudade escuto ERA UMA VEZ!
*
Ilustração
de Joba Tridente - 2013
Murillo
Araujo (1894 -1980), advogado, jornalista, escritor e crítico
literário. Um dos expoentes do modernismo, lançou o seu primeiro livro, Carrilhões, em 1917, cinco anos antes da
Semana de Arte Moderna. Em poesia publicou: A
galera (1920), Árias de muito longe (1921),
A cidade de ouro (1927), A iluminação da vida (1927), A estrela azul (1940), As sete cores do céu (1941), A escadaria acesa (1941), O palhacinho quebrado, A luz perdida (1952), O candelabro eterno (1955) e, em prosa: A arte do poeta (1944), Ontem, ao luar (1951), Catulo da
Paixão Cearense, Aconteceu em nossa terra (pequenos casos de grandes homens),
Quadrantes do Modernismo Brasileiro
(1958). Murillo traduziu o livro O
inspetor geral, do escritor russo Nikolai Gogol (1809 - 1852). Fonte: Antonio
Miranda e Murillo
Araujo Vida e Obra.
(*) A
versão digital de Carrilhões
(link), de Murillo Araújo, está
disponibilizada, gratuitamente, no Portal Domínio Público.
Que bonito, Joba, o poema e seu trabalho! Gostei de conhecer este poeta, fui com ele no reino das fadas... Beijão.
ResponderExcluirOi, Teca.
ExcluirÉ um poema tocante, sem dúvida.
Se não fosse a internet, jamais o conheceria.
Gostei muito do resultado da ilustração...,
da ideia de infinitude.
Bjs!