Uma breve nota
de Marcílio Farias, em O Livro Cor de Triângulo Cor-de-Rosa, lembra
ao leitor que os poemas podem ser lidos/vistos
linearmente como um só texto, ou em separado, como a vida. Assim o
prefaciou Talvani Guedes da Fonseca: É
dor, apenas dor, "O Livro Cor de Triângulo Cor-de-Rosa (a.k.a. o livro de
Gabriel)". Sem amargura, mágoa. Dor assumida. (...) Enfrentei, página por página, sabendo do
que se tratava e o que li é verdadeiramente lindo, amor, olhar crístico e
crítico sobre os que o condenam por ter nascido dono de desejos e sensibilidade
diferentes que "afundam sem pressa, como num sonho, numa dor de
cabeça"; e prossegui, porque meus ossos também sabem "da dor do
desejo e do cheiro do delírio de corpos que se roçam no verão".
(John)
fragmento
"Era
uma vez um rei e sua amante fiel", diz a lenda...
"Um
rei e uma amante fiel,
Bebendo
os dois de um cálice de ouro
Cinzelado
por anjos e demônios.
Do
cálice extraiam juventude,
Dos
anjos extraíam pecados
Dos
demônios extraiam virtudes.
O
cálice os mantinha atentos,
O vinho
conservava o amor atento.
Eles
não tinham videocassetes,
Nem CD
Players, nem espadas, ou cavalos, ou guerreiros.
Mas
havia o mar, e o horizonte parecia eterno.
Havia
um terraço com pedaços de
Espelhos
quebrados pelas ondas.
Um dia,
o rei e sua amante
Aproximaram-se
do mar;
O rei
inclinou sua face pálida
A
amante inclinou sua face pálida,
E nunca
mais os viram
Beber
do cálice de ouro cinzelado por
Anjos e
demônios."
(*)
Ilustração de Joba Tridente: 2013
Marcílio
Farias é formado e pós-graduado pela UnB em Jornalismo, Cinema
e Filosofia. Em 1989 emigrou para os Estados Unidos. Vive e trabalha entre
Natal (Brasil) e Phoenix-Miami-Boston (EUA). Obras publicadas: Visual Field (poemas), 1996 - Watermark
Press, MD, EUA; O Livro Cor de Triângulo
Cor-de-Rosa (poemas), 2007, e Rito
para Ressuscitar um Elefante (poemas), 2010, ambos pela Scortecci Editora,
São Paulo, Brasil. Link: Currículo completo.
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