Em Um poeta de versos adormecidos, na
contracapa de Rito Para Ressuscitar um
Elefante, Eduardo Alexandre, poeta e artista visual, escreve que: Marcílio é um pensador do seu tempo e
traduz sua visão do mundo através de seus versos, fortes, contundentes, sem
amaciantes verbais, com elegância de feitio, forma e sentimento. (...) Esse “Rito
para Ressuscitar um Elefante” é como se
fosse sua própria ressurreição como poeta imenso que é, paquidérmico em
qualidade, mas escondido na humildade do quem, por não vestir mantos de
vaidade, hesita em mostrar ao mundo o que tem. Finalmente, depois de
insistentes apelos de amigos, Marcílio Farias, esse gigante das palavras
manipuláveis, traz ao público brasileiro um pouco do que tem escrito. Um começo
que espero se mostre paulatino na inteireza que merece e faz merecer o prazer
de quem o lê.
Passado incômodo
Nas
aulas de História, compenetrados falastras
Falam sobre
a mesa tecnicolor montada trinta anos
Atrás
pelo time dos descompassados.
Cadáveres
e mentiras pareiam-se felizes no desenho
Insuportável,
cheirando a memorando e ofício,
Propina
e chope, traçado dia por dia.
Nas
origens do sangue dessas glebas sedimenta-se o
Verniz
de terras confiscadas, mulheres mutiladas,
Fazendas
invadidas, famílias reescritas.
Quando
abro a janela perto das quatro da manhã,
Vejo
ainda o estandarte do meu rei ser devorado pelos
Mortos
enfatiotados no time dos descompassados.
(*)
Ilustração de Joba Tridente: 2013
Marcílio
Farias é formado e pós-graduado pela UnB em Jornalismo, Cinema
e Filosofia. Em 1989 emigrou para os Estados Unidos. Vive e trabalha entre
Natal (Brasil) e Phoenix-Miami-Boston (EUA). Obras publicadas: Visual Field (poemas), 1996 - Watermark
Press, MD, EUA; O Livro Cor de Triângulo
Cor-de-Rosa (poemas), 2007, e Rito
para Ressuscitar um Elefante (poemas), 2010, ambos pela Scortecci Editora,
São Paulo, Brasil. Link: Currículo completo.
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