domingo, 30 de junho de 2013

Poesia Aleatória - Iguaraçú


Neste mês de Junho de 2013, orientei quatro Oficinas de Poesia Aleatória – Reciclando a Palavra, aqui no Paraná: Colombo (Projeto Letramento - UFPR, sob coordenação de Lucia Cherem); Centenário do Sul (Projeto do BiblioSESC - Londrina); Ângulo e Iguaraçú (Projeto do BiblioSESC - Maringá). Hoje selecionei trabalho de Iguaraçú-PR:


Micheli e Fabiana




Ana Maria Hirata Ernesto

Criei a Oficina de Poesia Aleatória - Reciclando a Palavra, há 15 anos. Já trabalhei com alfabetizandos, pós-graduandos e escritores. Ao aprender a reciclar a palavra, o oficinando cria uma poesia casual, descontraída e até mesmo distraída, reutilizando textos de publicações descartadas, através de um dinâmico e divertido exercício que busca dar um novo sentido a palavras aleatórias em textos aleatórios.


Geauciara Oliveira da Silva


Valdirene Paz dos Santos


Um exercício que o fará pensar no significado da palavra que tem em mãos ao construir um verso e descobrir que algumas palavras são poéticas e outras esperam a vez de se tornarem poéticas.


Laura Gregório Kikuchi



Salete Bernini


Oficinando Ocasional
  

Josimar de Oliveira - Bibliotecário do SESC-Maringá


Oficina de Poesia Aleatória em Iguaraçú-PR



 *

Fotos de Joba Tridente

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Poesia Aleatória - Ângulo

Neste mês de Junho de 2013, orientei quatro Oficinas de Poesia Aleatória – Reciclando a Palavra, aqui no Paraná: Colombo (Projeto Letramento - UFPR, sob coordenação de Lucia Cherem); Centenário do Sul (Projeto do BiblioSESC - Londrina); Ângulo e Iguaraçú (Projeto do BiblioSESC - Maringá). Hoje selecionei trabalho de Ângulo-PR:


Jaqueline Ribeiro, Luzinete, Cidilomar,
Jaqueline Gleice G. Fernandes, Vilma Pirani


Criei a Oficina de Poesia Aleatória - Reciclando a Palavra, há 15 anos. Já trabalhei com alfabetizandos, pós-graduandos e escritores. Ao aprender a reciclar a palavra, o oficinando cria uma poesia casual, descontraída e até mesmo distraída, reutilizando textos de publicações descartadas, através de um dinâmico e divertido exercício que busca dar um novo sentido a palavras aleatórias em textos aleatórios.


Sheila Vicentina da Silva

Um exercício que o fará pensar no significado da palavra que tem em mãos ao construir um verso e descobrir que algumas são poéticas e outras esperam a vez de se tornarem poéticas.


Noêmia Vidigal



Deolinda Driussi



Oficinando Ocasional

 
Josimar de Oliveira – Bibliotecário do SESC-Maringá


Oficina de Poesia Aleatória em Ângulo-PR




*
Fotos de Joba Tridente

terça-feira, 25 de junho de 2013

Poesia Aleatória: Centenário do Sul


Neste mês de Junho de 2013, orientei quatro Oficinas de Poesia Aleatória – Reciclando a Palavra, aqui no Paraná: Colombo (Projeto Letramento, sob coordenação de Lucia Cherem); Centenário do Sul (Projeto do BiblioSESC - Londrina); Ângulo e Iguaraçú (Projeto do BiblioSESC - Maringá). Conforme for editando posto alguns trabalhos mais interessantes. Os primeiros são de Centenário do Sul:


Mágila Aparecida Oliveira Lima



Elisangela Adriana Teixeira Romão



Elvira - Viviani - Liliane - Maria




Fotos de Joba Tridente

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Vanessa Gomsant: Desabafo no silêncio


CATRACA, um PEDÁGIO de PEDESTRES...
Transporte PÚBLICO?
Carros pagam PEDÁGIO, pedestres pagam PASSE...
As estradas e empresas de transporte tornaram-se PRIVADAS...
SOU UMA ESTRANGEIRA EM MEU PRÓPRIO PAÍS!

"Sinto-me uma estrangeira, ou melhor NÃO ME SINTO...
Seria eu também um PRODUTO?
Deixamos de ser PESSOAS e passamos a ser MÁQUINAS.
Não mais VERBALIZAMOS
e passamos a ser GERADORES DE VERBA.
Não mais vivemos para o COLETIVO,
não mais sabemos o que é PÚBLICO.
Fazem-nos ESCRAVOS sem algemas,
presos a uma SENZALA invisível
e sacrificados com um chicote chamado TEMPO.
Geramos e consumimos nossa própria PRI$ÃO.
Fazemo-nos escravos de nós mesmos...
Libertemo-nos!"


*
Ilustração de Joba Tridente - 2013


Vanessa Gomsant é arte-educadora e educadora ambiental brasileira em constante ebulição. Faz do meio o seu ambiente e do ambiente o seu verbo e do verbo a sua arte.

domingo, 16 de junho de 2013

H. Murger: Domingo de Manhã

Porque hoje é manhã de domingo estou postando o campestre Domingo de Manhã, poema de Henry Murger, traduzido por Pietro de Castellamare, que se encontra em Versos de Pietro de Castellamare (1868), em edição digital da Brasiliana USP.



DOMINGO DE MANHÃ

Disse o Sábado ao Domingo:
- Amigo, rende-me a guarda,
Já meia noite não tarda,
Essa hora pertence a ti...
Estou cansado do trabalho,
O sono bole comigo,
Toma o lugar, meu amigo...
Disse o Domingo: - Eis-me aqui!

E despertou bocejando;
Viu as estrelas fulgindo;
Bocejou já se vestindo,
Esfregou olhos com a mão;
Finalmente preparado,
Foi risonho e com doçuras
Despertar lá nas alturas
O sol, que dormia então:

- Dessa alcova do oriente
Surge, ó grande preguiçoso!
Já busca a lua o repouso
Fechando os olhos nos céus;
No bosque para saudar-te
A calhandra além se apresta;
Vem, que o dia hoje é de festa,
Traz os lindos raios teus!

Chegou ao monte o Domingo,
Dali os olhos vagueia;
Vê dormindo toda a aldeia:
- Não despertemo-la, diz...
E caminha docemente,
Com cautela, sem abalo:
- Não cantes — murmura ao galo —
Deixa-os dormir como eu fiz!

Do labor todos repousam;
Que este dia é de descanso;
O sol caminha de manso
Para mais tarde chegar...
E se, além da madrugada,
Inda alguém se apraz num sonho,
O dia, que o vê risonho,
Deixa-lhe o sonho acabar!

Mas enfim, eis o Domingo,
Domingo de primavera!
Na flor a luz reverbera,
Céu e mar é tudo azul!
Fala a violeta com a rosa
Uma linguagem diversa,
E o forte cedro conversa
Com o caniço do pântano!

Junto ao ninho bate as asas
Linda pomba, que acordara,
E, vendo que o dia aclara,
bom-dia ao sol que vem;
E mil outras companheiras,
Outros alados cantores,
Girando por entre as flores,
Ali cantam também!

Traz o Domingo consigo
A todos novo deleite,
Para a donzela um enfeite,
Muito rir, muito folgar!
Quantos brincos e folguedos!
Quantas garrafas vazias!
Que folgazãs sinfonias!
Quanto correr e bailar!

Como tudo está tranquilo
Ou na aldeia ou no caminho!
Não volve a roda o moinho,
A bigorna muda está!
Os bois ruminam contentes,
Livres do jugo pesado,
E a charrua no eirado
Repousa, encostada lá...

Todos folgam satisfeitos,
Que conversas neste dia!
- Como vai teu pai, Maria?
- E o teu filhinho, Manoel?
- Bela estação, meu vizinho!
- A colheita há de ser boa!
Não trabalha outra pessoa,
A não ser o menestrel!

*
Ilustração de Joba Tridente – 2013


Louis-Henri Murger (Paris, 1822 - 1861), ou Henri Murger, Henry Murger, H. Murger, foi um escritor francês que encontrou o sucesso com Scènes de la vie de bohème, que  inspirou a ópera La Bohème, de Puccini, o filme La Vie de Bohème (1992), de Aki Kaurismäki, e o musical Rent (1996), de Jonathan Larson. H. Murguer, que morreu pobre, aos 39 anos, é autor de Scènes de la vie de bohème (1847-1849); Scènes de la vie de jeunesse (1851); Le Pays Latina (1851); Scènes de campagne (1854); Le Roman de toutes les femmes (1854); Baladas et Fantaisies (1854); Les Nuits d'hiver (1856); Le Sabot rouge (1860); Le Roman du Capucin (publicado em 1869).

Pietro de Castellamare é um dos pseudônimos do jornalista, escritor, tradutor, dramaturgo, político Joaquim Serra (São Luís do Maranhão, 1838 - Rio de Janeiro, 1888). Sobre o abolicionista fundador e diretor dos periódicos Semanário Maranhense, A Reforma, A Folha Nova, assim se referiu Joaquim Nabuco (1849-1910): Joaquim Serra é, na Reforma, a Vida do jornalismo liberal. Foi ele o criador da moderna imprensa política, figura resplandecente na história da Abolição, pela seriedade, constância, sacrifício e heroísmo do seu incomparável combate de dez anos, dia a dia, até à vitória final de 13 de maio.

Joaquim Serra, patrono da Cadeira 21, da Academia Brasileira de Letras, publicou, entre outros: Quem tem bocca vai a Roma: opera comica em um acto (1863); Julieta e Cecília (1863); Mosaico: Poesias traduzidas (1865); O Salto de Leucade (1866); Um coração de mulher: poema romance (1867), Quadros (1873). Sob os pseudônimos de Pietro de Castellamare: Versos de Pietro de Castellamare (1868); Frei Bibiano: Fabio (1871); Amigo Ausente: A capangada: paródia muito seria (1872); Ignotus: Sessenta anos de jornalismo: a imprensa no Maranhão 1820-1880 (1883). Fontes: Acervo Digital Brasiliana USP - Joaquim Serra e Academia Brasileira de Letras.


Joaquim Serra foi homenageado por seu grande amigo de Machado de Assis com a crônica Joaquim Serra (link no Falas ao Acaso).

Machado de Assis: Joaquim Serra

Esta crônica foi publicada originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro (05/11/1888) e se encontra também em Machado de Assis - Obra Completa (Nova Aguilar).



Joaquim Serra

Quando há dias fui enterrar o meu querido Serra, vi que naquele féretro ia também uma parte da minha juventude. Logo de manhã relembrei-a toda. Enquanto a vida chamava ao combate diurno todas as suas legiões infinitas, tão alegre e indiferente, como se não acabasse de perder na véspera um dos mais robustos legionários, recolhi-me às memórias de outro tempo, fui reler algumas cartas do meu amado amigo.

Cartas íntimas e familiares, mais letras que política. As primeiras, embora velhas, eram ainda moças, daquela mocidade que ele sabia comunicar às coisas que tratava. Relê-las era conversar com o morto, cuja alma ali estava derramada no papel, tão viçosa como no primeiro dia. A cintilação do espírito era a mesma; a frase brotava e corria pela folha abaixo, como a água de um córrego, rumorosa e fresca.

Os dedos que tinham lavrado aquelas folhas de outro tempo, quando os vi depois cruzados sobre o cadáver, lívidos e hirtos, não pude deixar de os contemplar longamente, recordando as páginas públicas que trabalharam, e que ele soltou ao vento, ora com o desperdício de um engenho fértil, ora com a tenacidade de apóstolo. Versos sobre versos, prosa e mais prosa, artigos de toda casta, políticos, literários, o epigrama fino, o epíteto certo ou jovial, e, durante os últimos anos, a luta pela abolição, tudo caiu daqueles dedos infatigáveis, prestadios, tão cheios de força como de desinteresse.

A morte trouxe ao espírito de todos o contraste singular entre os méritos de Joaquim Serra e os seus destinos políticos. Se a vida política é, como a demais vida universal, uma luta em que a vitória há de caber ao mais aparelhado, aí deve estar a explicação do fenômeno. Podemos concluir então, que não bastam o talento e a dedicação, se não é que o próprio talento pode faltar, às vezes, sem dano algum para a carreira do homem. A posse de outras qualidades pode ser também negativa para os efeitos do combate. Serra possuía a virtude do sacrifício pessoal, e muito cedo a aprendeu e cumpriu, segundo o que ele próprio mandou me dizer um dia da Paraíba do Norte, em 10 de março de 1867:

Já te escrevi algumas linhas acerca da minha adiada viagem em maio. Foi mister... Não sei mesmo como se exigem sacrifícios da ordem daqueles que ultimamente se me têm exigido. Se eu contasse tudo, talvez não o acreditarias. Enfim, não te verei em maio, mas hei de ir ao Rio este ano.

Não me referiu, nem então, nem depois, outras particularidades, porque também possuía o dom de esquecer, — negativo e impróprio da vida política. Era modesto até à reclusão absoluta. Suas ideias saíam todas endossadas por pseudônimos. Eram como moedas de ouro, sem efígie, com o próprio e único valor do metal. Daí o fenômeno observado ainda este ano. Quando chegou o dia da vitória abolicionista, todos os seus valentes companheiros de batalha citaram gloriosamente o nome de Joaquim Serra entre os discípulos da primeira hora, entre os mais estrênuos, fortes e devotados; mas a multidão não o repetiu não o conhecia. Ela, que nunca desaprendeu de aclamar e agradecer os benefícios, não sabia nada do homem que, no momento em que a nação inteira celebrava o grande ato, recolhia-se satisfeito ao seio da família. Tendo ajudado a soletrar a liberdade, Joaquim Serra ia continuar a ler o amor aos que lhe ensinavam todos os dias a consolação.

Mas eu vou além. Creio que Joaquim Serra era principalmente um artista. Amava a justiça e a liberdade, pela razão de amar também o arquitrave e a coluna, por uma necessidade de estética social. Onde outros podiam ver artigos de programa, intuitos partidários, revolução economica, Joaquim Serra via uma retificação e um complemento; e, porque era bom e punha em tudo a sua alma inteira, pugnou pela correção da ordem pública, cheio daquela tenacidade silenciosa, se assim se pode dizer, de um escritor de todos os dias, intrépido e generoso, sem pavor e sem reproche.

Não importa, pois, que os destinos políticos de Joaquim Serra hajam desmentido dos seus méritos pessoais. A história destes últimos anos lhe dará um couto luminoso. Outrossim, recolherá mais de uma amostra daquele estilo tão dele, feito de simplicidade, e sagacidade, correntio, franco, fácil, jovial, sem afetação nem reticências. Não era o humour de Swift, que não sorri, sequer. Ao contrário, o nosso querido morto ria largamente, ria como Voltaire, com a mesma graça transparente e fina, e sem o fel de umas frases nem a vingança cruel de outras, que compõem a ironia do velho filósofo.


Machado de Assis (1839 - 1908) um dos mais importantes escritores brasileiros, cofundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.


Ilustração: arte sobre desenho Joaquim Serra (web)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Joba Tridente: Mão


Mão

A mão que é certa,
afaga
A mão que é torta,
aleija
A mão que acerta,
mata
A mão que atorta
... nem milagre!

*

Joba Tridente - Poesia: 2012/2013 e Ilustração: 2013

terça-feira, 4 de junho de 2013

Orlando Mendes: Noiva


Gosto muito deste poema do escritor moçambicano Orlando Mendes (1916-1990). Absurdamente lírico e comovente: Noiva. Ele foi publicado em Adeus Gutucumbui e o conheci na Antologia de Autores Africanos: Do Rovuma ao Maputo, organizada por Carlos Pinto Pereira, em 1999.


N O I V A
Orlando Mendes

Eu te daria frescas flores de laranjeira
para uma grinalda na carapinha desfrisada.
Eu te daria um colar de missangas coloridas
para uma cruz de outra carne a fogo marcada
sobre o seio esquerdo ao rasgar da virgindade.
Eu te daria um trevo de quatro folhas verdes
para que te nascesse o primeiro filho varão.
Eu te daria se não fosses a noiva de todos
fazendo bandeira com uma capulana garrida
às nove da noite naquela rua de areia suburbana. 
Uma rosa encarnada se desfolha
na fonte do teu corpo em cada lua nova como
se fosses a virgem noiva a quem eu daria
flores de laranjeira, um colar e um trevo
que te darei talvez para usares quando não
puderes ser noiva de todos fazendo bandeira
às nove horas da noite naquela rua de areia.


*
Ilustração de Joba Tridente


Orlando Marques de Almeida Mendes (Ilha de Moçambique, 1916 - Maputo, 1990). Crítico Literário, poeta, romancista, dramaturgo. Influenciado pelo neorrealismo português, colaborou em diversos jornais moçambicanos e estrangeiros e produziu uma vasta obra literária: Trajectória (1940); Portagem (1966); Um minuto de Silêncio (1970); Adeus de Gutucumbui (1971); A Fome das Larvas (1975); Papá Operário mais Seis Histórias (1983); Sobre Literatura Moçambicana (1982). Recebeu os prêmios: Fialho de Almeida; Jogos Florais da Universidade de Coimbra (1946); Prémio de Poesia no concurso literário da Câmara Municipal de Lourenço Marques. Fonte: Infopédia
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