..., bem em 20 anos de Oficineiro Cultural sempre recebi muita
manifestação de carinho dos oficinandos, fossem eles crianças ou adultos. ...,
já recebi objetos decorativos, frutas e cartas como essa, que encontrei ontem,
em meio a uma documentação que procurava. ..., a Oficina, creio que de Formação
de Contadores de Histórias e ou Contando Histórias com Bonecos Animados. ..., a
Oficinanda, infelizmente, esqueceu de assiná-la. ..., a carta me foi entregue dobrada,
feito um envelope de origami inverso, se desvelando ao desdobrá-la. ..., há
exatos nove anos. Eis a transcrição, reformatada graficamente.
Curitiba, 08,05,06
“Deus nos dê:
Sabedoria para descobrir o
certo
Vontade para escolhê-lo e
Força para mantê-lo”
Querido
amigo Joba:
Além
daquela fábula dos sapos que caíram no leite, encontrei mais uma e muito legal e
olhe só, reúne o meu e o seu bicho prediletos, é uma Lenda Africana intitulada:
O
SAPO E A COBRA
Era uma vez um sapinho que
encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
– Olá! O que você está
fazendo estirada na estrada?
– Estou me esquentando
aqui no sol. Sou uma cobrinha e você?
– Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda
no mato.
– Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda
pela estrada.
– Vou ensinar você a subir
na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
E eles subiram.
Ficaram com fome e foram
embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
– Obrigada por me ensinar
a pular.
– Obrigado por me ensinar
a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à
mãe que sabia rastejar.
– Quem ensinou isso a
você?
– A cobra, minha amiga.
– Você não sabe que a
família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar
com cobra. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à
mãe que sabia pular.
– Quem ensinou isso a
você?
– O sapo, meu amigo.
– Que besteira! Você não
sabe que a gente nunca se deu bem com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o
sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou
em seu canto.
– Acho que não posso
rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do
conselho da mãe e pensou: “Se ele chegar perto, eu pulo e o devoro.”
Mas lembrou-se da alegria da
véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o
mato.
Daquele dia em diante, o
sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficavam sempre ao sol,
pensando no único dia em que foram amigos.
O
Livro das Virtudes para Crianças
Organizado por William J. Bennett. Tradução de Luiz
Raul Machado.
Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1997
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