quarta-feira, 13 de maio de 2015

Lenda Africana: O Sapo e a Cobra


..., bem em 20 anos de Oficineiro Cultural sempre recebi muita manifestação de carinho dos oficinandos, fossem eles crianças ou adultos. ..., já recebi objetos decorativos, frutas e cartas como essa, que encontrei ontem, em meio a uma documentação que procurava. ..., a Oficina, creio que de Formação de Contadores de Histórias e ou Contando Histórias com Bonecos Animados. ..., a Oficinanda, infelizmente, esqueceu de assiná-la. ..., a carta me foi entregue dobrada, feito um envelope de origami inverso, se desvelando ao desdobrá-la. ..., há exatos nove anos. Eis a transcrição, reformatada graficamente.

Curitiba, 08,05,06

“Deus nos dê:
Sabedoria para descobrir o certo
Vontade para escolhê-lo e
Força para mantê-lo”

Querido amigo Joba:

Além daquela fábula dos sapos que caíram no leite, encontrei mais uma e muito legal e olhe só, reúne o meu e o seu bicho prediletos, é uma Lenda Africana intitulada:



O SAPO E A COBRA

Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
– Olá! O que você está fazendo estirada na estrada?
– Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha e você?
– Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
– Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
– Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
E eles subiram.
Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
– Obrigada por me ensinar a pular.
– Obrigado por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
– Quem ensinou isso a você?
– A cobra, minha amiga.
– Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobra. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
– Quem ensinou isso a você?
– O sapo, meu amigo.
– Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu bem com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou em seu canto.
– Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: “Se ele chegar perto, eu pulo e o devoro.”
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o mato.
Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficavam sempre ao sol, pensando no único dia em que foram amigos.
            
*
O Livro das Virtudes para Crianças
Organizado por William J. Bennett. Tradução de Luiz Raul Machado.  
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997 

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