terça-feira, 30 de junho de 2015

José Craveirinha: Pena

Em 2012, na Semana da Consciência Negra, postei o belíssimo poema Fábula, de José Craveirinha. Conheci a obra deste genial escritor através da Antologia de Autores Africanos: Do Rovuma ao Maputo, organizada por Carlos Pinto Pereira, em 1999, que encontrei, por acaso, disponibilizada na web. Posteriormente, em 2014, fiz a postagem de três pungentes poesias: Terra de Canaã; Carreira de Gaza e Reza, Maria. Hoje, a propósito da inconveniente declaração de um certo técnico da seleção brasileira de futebol: Pena, do livro Cela 1 - 1980: 



PENA
José Craveirinha

Zangado
acreditas no insulto
e chamas-me negro.

Mas não me chames negro.

Assim não te odeio
Porque se me chamas de negro
encolho os meus elásticos ombros
e com pena de ti sorrio.

*
Ilustração de Joba Tridente: 2015


José João Craveirinha (1922 - 2003) nasceu em Maputo, Moçambique.  Considerado o maior escritor moçambicano, o primeiro a receber o Prêmio Camões, iniciou-se no jornalismo no Brado Africano e se firmou colaborando com diversos veículos de informação. Craveirinha esteve preso entre 1965 e 1969, pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), na Cela 1, com Malangatana e Rui Nogar. O escritor utilizou vários pseudônimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. É autor de Xigubo (1964 - com 13 poemas e 1980 – com 21 poemas); Cantico a un dio di Catrame (1966); Karingana ua karingana (1974);  Cela 1 (1980); Izbrannoe (1984); Maria (1988); Babalaze das hienas (1996); Hamina e outros contos (1997); Maria. Vol.2 (1998); Poemas da Prisão (2004); Poemas Eróticos (2004 - edição póstuma organizada por Fátima Mendonça).

Para conhecer um pouco mais da sua obra, sugiro o ensaio José Craveirinha, publicado no Portal Lusofonia

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