Em 2012, na Semana
da Consciência Negra, postei o belíssimo poema Fábula, de José Craveirinha. Conheci a obra deste
genial escritor através da Antologia de
Autores Africanos: Do Rovuma ao Maputo, organizada por Carlos Pinto
Pereira, em 1999, que encontrei, por acaso, disponibilizada na web. Posteriormente, em 2014, fiz a postagem de três pungentes poesias: Terra
de Canaã; Carreira
de Gaza e Reza,
Maria. Hoje, a propósito da inconveniente declaração de um certo técnico da seleção brasileira
de futebol: Pena, do livro Cela 1 - 1980:
PENA
José
Craveirinha
Zangado
acreditas
no insulto
e
chamas-me negro.
Mas não
me chames negro.
Assim
não te odeio
Porque
se me chamas de negro
encolho
os meus elásticos ombros
e com
pena de ti sorrio.
*
Ilustração de Joba Tridente:
2015
José João Craveirinha (1922 - 2003) nasceu em Maputo,
Moçambique. Considerado o maior escritor
moçambicano, o primeiro a receber o Prêmio
Camões, iniciou-se no jornalismo no Brado
Africano e se firmou colaborando com diversos veículos de informação.
Craveirinha esteve preso entre 1965 e 1969, pela PIDE (Polícia Internacional e
de Defesa do Estado), na Cela 1, com Malangatana e Rui Nogar. O escritor
utilizou vários pseudônimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno
Cravo e Abílio Cossa. É autor de Xigubo
(1964 - com 13 poemas e 1980 – com 21 poemas); Cantico a un dio di Catrame (1966); Karingana ua karingana (1974);
Cela 1 (1980); Izbrannoe (1984); Maria (1988); Babalaze
das hienas (1996); Hamina
e outros contos (1997); Maria.
Vol.2 (1998); Poemas da Prisão
(2004); Poemas Eróticos (2004 - edição póstuma
organizada por Fátima Mendonça).
Para
conhecer um pouco mais da sua obra, sugiro o ensaio José Craveirinha, publicado no Portal Lusofonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário