Li o poema Sertão do
Brasil Central, de Keyane Dias, numa
postagem no FaceBook e gostei. Talvez
por ter morado no planalto central e amar o cerrado ou também por já ter
escrito sobre ele me identifiquei. Com autorização da autora, pincei o poema
publicado originalmente em seu site Além das Paredes (22.10.2014)
e no Xapouri Sócio Ambiental (10.04.2015).
Sertão do Brasil Central venceu o Concurso de Poesia do VII Encontro do Bonito,
em setembro de 2014.
Sertão
do Brasil Central
poesia dedicada aos
caminhantes e ao sertão cerrado de Minas Gerais
Keyane
Dias
Cerrado
é senhor velho
Profunda sabedoria
Onde resiste flor valente
Sempre-viva na estia
Veredas, chapadões
Sertão do Brasil Central
Céu do tamanho do mundo
Sem princípio, nem final
Morada de berço d’água
Clima seco, ora chuvoso
Foi lá que disse o Rosa
“Viver é muito perigoso”
Quem diz que o Cerrado
É mata morta, sem feitio
Não conhece sua cultura
Nem o povo que a pariu
Entre calango e carcará
De pé, em movimento
Se embrenha a sua gente
Na feitura do seu tempo
Benzedeiras, foliões
Divino, Reis vão louvar
Lundu e curralera
Só vê quem lá está
Buriti dá tudo um pouco
Sabor, beleza, proteção
Pequi, único gosto
Do tingui se faz sabão
Sozinha, vendo tudo
Calliandra sempre está
Barbatimão, forte remédio
Da medicina popular
Cura do mato, de tradição
Senhora erveira sabe usar
Vão das Almas, dos Buracos
Quilombo também tem lá
A essência dessas terra
É como aboio de vaqueiro
Vem da alma desse povo
Cerratense, brasileiro.
Profunda sabedoria
Onde resiste flor valente
Sempre-viva na estia
Veredas, chapadões
Sertão do Brasil Central
Céu do tamanho do mundo
Sem princípio, nem final
Morada de berço d’água
Clima seco, ora chuvoso
Foi lá que disse o Rosa
“Viver é muito perigoso”
Quem diz que o Cerrado
É mata morta, sem feitio
Não conhece sua cultura
Nem o povo que a pariu
Entre calango e carcará
De pé, em movimento
Se embrenha a sua gente
Na feitura do seu tempo
Benzedeiras, foliões
Divino, Reis vão louvar
Lundu e curralera
Só vê quem lá está
Buriti dá tudo um pouco
Sabor, beleza, proteção
Pequi, único gosto
Do tingui se faz sabão
Sozinha, vendo tudo
Calliandra sempre está
Barbatimão, forte remédio
Da medicina popular
Cura do mato, de tradição
Senhora erveira sabe usar
Vão das Almas, dos Buracos
Quilombo também tem lá
A essência dessas terra
É como aboio de vaqueiro
Vem da alma desse povo
Cerratense, brasileiro.
*
ilustração de Joba Tridente.2015
Keyane
Dias é
poeta e jornalista, especializada em comunicação cultural. É também
pesquisadora e articuladora social junto a movimentos e projetos voltados para
a sustentabilidade e valorização dos saberes tradicionais e de tradição oral. A
poesia Sertão do Brasil Central teve
como inspiração a travessia do projeto O
Caminho do Sertão pelo norte e noroeste mineiro.
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