Nos últimos 100 anos muita coisa mudou
na Literatura Infantil..., inclusive o conceito de Literatura Infantil. Já
postei anteriormente alguns poemas de Olavo
Bilac publicados em Poesias Infantis,
editado em 1904 e 1929, pela Editora
Francisco Alves. Retorno com mais três. Anteontem, a diversão com O Remédio. Ontem, a melancolia na Velhice. Hoje, a reflexão com O Soldado e a Trombeta, em uma fábula
de Esopo.
O Soldado e a Trombeta
Esopo,
na versão de Olavo Bilac
Um
velho soldado
Um dia
por terra
A espada
atirou;
Da
guerra cansado,
Com
nojo da guerra.
As
armas quebrou.
Entre
elas estava
Trombeta
esquecida:
Era ela
que no ar
Os
toques soltava,
E à
luta renhida
Tocava
a avançar.
E
disse: “Meu dono,
É justo
que a espada
Tu
quebres assim!
Mas
que, no abandono,
Fique
eu sossegada!
Não
quebres a mim!
Cantei
tão somente...
Não
sejas ingrato
Comigo
também!
Eu sou
inocente:
Não
piso, não mato,
Não
firo a ninguém...
Nas
horas da luta
Alegre
ficavas,
Ouvindo
o meu som.
Atende-me!
escuta!
Se
então me estimavas,
Agora
sê bom!”
E o
velho guerreiro
Lhe
disse: “Maldita!
Prepara-te!
sús!
Teu som
zombeteiro
As
gentes excita,
À
guerra conduz!”
Terrível,
irado,
Jogou-a
por terra,
Sem dó
a quebrou...
E o
velho soldado,
Cansado
da guerra
Por fim
repousou.
*
Ilustração de Joba Tridente - 2014
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (16.12.1865 – 28.12.1918), jornalista, escritor e membro
fundador da Academia Brasileira de Letras (1896), onde ocupou a cadeira 15,
cujo patrono é o poeta Gonçalves Dias. É autor de Poesias Infantis (1904 ou
1929); Teatro Infantil (?); Contos Pátrios (1904); Antologia Poética (?);
Crônicas e Novelas (1894); Tarde (1919); Crítica e Fantasia (1906); Tratado de
Versificação (1910); Dicionário de Rimas (1913); Ironia e Piedade (1916); Conferências
Literárias (1906).
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