Nos últimos 100 anos muita coisa mudou
na Literatura Infantil..., inclusive o conceito de Literatura Infantil. Já
postei anteriormente alguns poemas de Olavo
Bilac publicados em Poesias Infantis,
editado em 1904 e 1929, pela Editora
Francisco Alves. Retorno com mais três. Ontem, a diversão com O Remédio. Hoje, a melancolia na Velhice. Amanhã, a reflexão com O Soldado e a Trombeta, em uma fábula
de Esopo.
Velhice
Olavo
Bilac
O neto:
Vovó,
por que não tem dentes?
Por que
anda rezando só.
E
treme, como os doentes
Quando
têm febre, vovó?
Por que
é branco o seu cabelo?
Por que
se apoia a um bordão?
Vovó,
porque, como o gelo,
É tão
fria a sua mão?
Por que
é tão triste o seu rosto?
Tão
trêmula a sua voz?
Vovó,
qual é seu desgosto?
Por que
não ri como nós?
A Avó:
Meu
neto, que és meu encanto,
Tu
acabas de nascer...
E eu,
tenho vivido tanto
Que
estou farta de viver!
Os
anos, que vão passando,
Vão nos
matando sem dó:
Só tu
consegues, falando,
Dar-me
alegria, tu só!
O teu
sorriso, criança,
Cai
sobre os martírios meus,
Como um
clarão de esperança,
Como
uma benção de Deus!
*
Foto e montagem de Joba Tridente
- 2014
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (16.12.1865 – 28.12.1918), jornalista, escritor e membro
fundador da Academia Brasileira de Letras (1896), onde ocupou a cadeira 15,
cujo patrono é o poeta Gonçalves Dias. É autor de Poesias Infantis (1904 ou
1929); Teatro Infantil (?); Contos Pátrios (1904); Antologia Poética (?); Crônicas
e Novelas (1894); Tarde (1919); Crítica e Fantasia (1906); Tratado de
Versificação (1910); Dicionário de Rimas (1913); Ironia e Piedade (1916); Conferências
Literárias (1906).
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