sábado, 28 de novembro de 2015

Joba Tridente: Deus Quequé

Num mundo a cada dia mais dominado pela insana “vontade” humana de Deus, uma lenda cotidiana na reza de cada (in)fiel. Quequé (Que quer) não chega a ser um neologismo. Está mais para o falar coloquial, o dialeto caipira. Comecei este triângulo poético em 2013, com a fabulosa lenda do Deus Quequé e subserviência. Findo, em 2015, com ladainha. Os dois primeiros já foram publicados aqui. Revistos, juntam-se ao terceiro.


I
a fabulosa lenda do Deus Quequé
joba tridente
poesia in complete

ontem no princípio
do nada
uma bolha ácida
ploft!
: Deus Quequé

omni!
o que era é o será
omni!

Deus Quequé
eu bufo eu
Deus Quequé

verbo em verso
desfazedor do que cria
odiador do que ama
desgraçador da alegria
punidor do gentio
prendedor do livre

verso em verbo
vingador docente
doente errante
epifania indecente

omni!
Deus Quequé
ignorância animal
omni!
Deus Quequé
ignorância in natura
omni!
Deus Quequé
sádico reflexo
hominídeo
irônica imagem
Deus Quequé
omni!
• • •
ira iriada



II
subserviência
joba tridente
poesia in complete 

hoje
tudo é
Deus Quequé

nada é
Deus Quequé

puta não pare
Deus Quequé

puta pare
Deus Quequé

filho da puta
... mata ...
Deus Quequé
• • •
omni!



III
ladainha
Joba Tridente
poesia in complete

amanhã
sem
Deus Quequé

Deus omni Quequé
Deus hominídeo Quequé
Deus homilia Quequé

Deus Quequeria:
o infiel violado!
Deus Quequeria:
a maçã lexical!
Deus Quequeria:
a fé abalada!
Deus Quequeria:
o antigo perpetuado!
Deus Quequeria:
o fiel dizimado!

Deus Quequeria:
alfas tementes
dementes gamas
ômegas inocentes

Deus omni Quequeria
Deus hominídeo Quequeria
Deus homilia Quequeria

amém, omni!

Deus encara
Quem
encarna Deus
Quem
escancara
Quem não é Deus
não É verbo
É metonímia
• • •
: ploft!

*
ilustrações de joba tridente.2013/15


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2015); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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