Augusto
dos Anjos (1884-1914) é, sem dúvida, o mais original e
inclassificável escritor brasileiro. Simbolista? Parnasiano? Pré-modernista?
“Descoberto” primeiramente pelo público leitor e “tardiamente” pela crítica,
sua obra, literalmente única, EU,
lançada em 1912, ainda hoje provoca comoção e acirra ânimos dos teóricos da
classificação literária. Dado a um grande leque de interpretações, seus poemas,
por vezes amargos, líricos, mórbidos, científicos, soturnos, filosóficos...,
podem (também) ser lidos como profunda crítica à sociedade de sua época, com
respingos na de hoje.
Faz um tempinho que ando ensaiando uma publicação com os
poemas de Augusto dos Anjos. A hora
me apareceu agora, em oito postagens.
Comecei com o clássico Versos Íntimos,
segui com o emocionante A Árvore daSerra, o visionário poema Idealização da Humanidade Futura, o
mea-culpa Ricordanza della mia gioventú, a pungência de Sonetos (“a meu pai doente” e “a meu pai morto”). Hoje o metafísico
Última Visio.
Abaixo, após a biografia de Augusto dos Anjos, há uma série de links com sugestões de artigos
sobre este autor de versos avassaladores, tão complexos quanto ternos, em sua
angústia infinda, e cuja passagem pelo mundo foi meteórica..., porém profícua.
ú l t i m a v i s i o
Augusto dos Anjos
Quando o homem, resgatado da cegueira
Vir Deus num simples grão de argila
errante,
Terá nascido nesse mesmo instante
A mineralogia derradeira!
A impérvia escuridão obnubilante
Há de cessar! Em sua glória inteira
Deus resplandecerá dentro da poeira
Como um gasofiláceo de diamante!
Nessa última visão já subterrânea,
Um movimento universal de insânia
Arrancará da insciência o homem
precito...
A Verdade virá das pedras mortas
E o homem compreenderá todas as
portas
Que ele ainda tem de abrir para o
Infinito!
*
foto
de Joba Tridente - 2016
Projeto
Imagem Aleatória em Pintura Aleatória
AUGUSTO de
Carvalho Rodrigues DOS ANJOS (Engenho
Pau D’Arco-PB, 1884 – Leopoldina-MG, 1914), bacharel em Direito, pela Faculdade
de Direito do Recife, em 1907, se dedicou ao magistério, trabalhando no Rio de
Janeiro e em Minas Gerais, mais precisamente em Leopoldina, onde veio a
falecer, em 1914, aos 30 anos, em consequência de pneumonia. Embora veiculasse
seus poemas em diversos periódicos, desde 1900, só em 1912 publicou seu
primeiro e único livro: EU. Posteriormente o dramaturgo Órris Soares
lançou a edição Eu e Outras Poesias,
reunindo alguns poemas inéditos do amigo. Para os estudiosos a sua obra teria
influência de Herbert Spencer, Ernst Haeckel, Arthur Schopenhauer, Edgar
Allan-Poe... Se quiser conhecer melhor a poesia deste grande e melancólico
autor brasileiro, sugiro um passeio pela internet, onde há muita análise e
controvérsia sobre ele e sua fascinante e inigualável obra.
Sugestão de leitura: Wikipédia: Augusto dos
Anjos; Jornal de Poesia: Horácio de Almeida: As
Razões da Angústia de Augusto dos Anjos; amálgama: Uma
explosão chamada Augusto dos Anjos; Jornal Opção: Augusto
dos Anjos é o herdeiro brasileiro da poesia do horror; Nau Literária: tese:
Leonardo Vicente Vivaldo: Uma
poética sobre NADA? O Niilismo em
Augusto dos Anjos; Nau
Literária: Nara Marley Aléssio
Rubert: O lugar de
Augusto dos Anjos na poesia brasileira; Nau Literária: Ubiratan Machado
Pinto: Sobre a catarse
de Augusto dos Anjos; Templo Cultural Delfos: Augusto
dos Anjos - o poeta amargo, angustiado e pessimista; Henrique Duarte
Neto: Inovação linguística
na poesia de Augusto dos Anjos; Luiz Costa Lima: Augusto
dos Anjos: A origem como extravio.
Lindo; Deus está nas menores particulas
ResponderExcluir..., basta aprender a olhar e ver..., Unknown!
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