Celso Araujo é
jornalista, escritor, dramaturgo, ator, compositor, cantor, performer. O
conheci na redação do jornal Correio Braziliense, em Brasília, onde também
trabalhava, em meados dos anos 1970. Saí definitivamente da Capital Federal em
1990. A maioria dos meus amigos..., gente da imprensa, artistas de teatro,
cinema, literatura, música, artes gráficas e plásticas..., responsável pela
base cultural da capital e suas satélites, continuou firme ali, defendendo seus
caros alicerces no DF. Alguns já se foram do planeta, mas outros, feito ele,
que reencontrei na rede FB, seguem por lá, alertas e fortes, em defesa da
cultura brasiliense, com suas cores candangas e vivacidade brasileira!
Desde novembro de 2013, Celso Araujo
mantém o interessante blog literário poesia-parque,
onde publica seus catárticos poemas, crônicas e críticas teatrais. É deste
blog, geralmente ilustrados por suas próprias fotos, que pincei os sete
poemas que estou postando, um ao dia, aqui no Falas ao Acaso. Você que já
conheceu o pai gigante e finalizando a gosto e desolamento e passa/primavera/passa e respirandoGullar, hoje mergulha na noite
dissolvida, publicado no domingo, 15
de janeiro de 2017.
noite dissolvida
celso araujo
a noite abafada me constrange
a lua que se esconde entre árvores
raio que se quebra escândalo no ar
mas não traz a chuva da benção
preciso amar a margem do precipício
e não jogar-me desaforadamente
mas abraçar sua pedra a terra
e não olhar o abismo inclemente
fazer isso praticar o exercício
como uma cilada para enganar
todo o terror que esse princípio
representa e não me pergunte
que princípio é esse pois nem sei
nem consegui que caísse do éter
ou o prana me soprasse aos ouvidos
mas qual a razão de não estares bem
perguntas são as mais cretinas vozes
que ouço enquanto psicografo o grave
que soa como avião antes do voo
mas não é avião é computador zoando
mas que não sou são isso é a dor
que disse a uma mulher ser feliz e
vejo que não sou não fui não serei
a outra perguntei você não notou
mas sou ansioso e o pânico me pune
e ela de pronto ah notei sim ahahaha
e isso não importa pois me basta
a ausência de mim mesmo ao meu
lado guardado interior e ventilado
não tenho a força e a fera feroz
em meus domínios no horizonte
talvez as belas vozes de anjos respirando
perdidas cores perdidos pedidos
como se a ausência de deus fosse
aquele momento da fábula bíblica
em que és julgado e logicamente
condenado sem teres culpas mas
com a cuca congestionada de sons
sons falados de falas e falácias
fáceis de se jogar na vasta foz
do teu oceano como despacho
do teu íntimo como disfarce
da tua agonia como folia
do teu luto
da melancolia
das desavenças
entre ti e mim
armistício
a lua que se esconde entre árvores
raio que se quebra escândalo no ar
mas não traz a chuva da benção
preciso amar a margem do precipício
e não jogar-me desaforadamente
mas abraçar sua pedra a terra
e não olhar o abismo inclemente
fazer isso praticar o exercício
como uma cilada para enganar
todo o terror que esse princípio
representa e não me pergunte
que princípio é esse pois nem sei
nem consegui que caísse do éter
ou o prana me soprasse aos ouvidos
mas qual a razão de não estares bem
perguntas são as mais cretinas vozes
que ouço enquanto psicografo o grave
que soa como avião antes do voo
mas não é avião é computador zoando
mas que não sou são isso é a dor
que disse a uma mulher ser feliz e
vejo que não sou não fui não serei
a outra perguntei você não notou
mas sou ansioso e o pânico me pune
e ela de pronto ah notei sim ahahaha
e isso não importa pois me basta
a ausência de mim mesmo ao meu
lado guardado interior e ventilado
não tenho a força e a fera feroz
em meus domínios no horizonte
talvez as belas vozes de anjos respirando
perdidas cores perdidos pedidos
como se a ausência de deus fosse
aquele momento da fábula bíblica
em que és julgado e logicamente
condenado sem teres culpas mas
com a cuca congestionada de sons
sons falados de falas e falácias
fáceis de se jogar na vasta foz
do teu oceano como despacho
do teu íntimo como disfarce
da tua agonia como folia
do teu luto
da melancolia
das desavenças
entre ti e mim
armistício
*
foto de celso araujo
Celso Araujo
nasceu no Maranhão em 1954. Chegou a Brasília em 68. Estudou Psicologia, sem
terminar, e também Comunicação. Trabalhou nos jornais Correio Braziliense, Jornal
de Brasília, Rádio Nacional e,
atualmente na Rádio Cultura. Foto de
Tayla Lorrana.
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