Celso Araujo é
jornalista, escritor, dramaturgo, ator, compositor, cantor, performer. O
conheci na redação do jornal Correio Braziliense, em Brasília, onde também
trabalhava, em meados dos anos 1970. Saí definitivamente da Capital Federal em
1990. A maioria dos meus amigos..., gente da imprensa, artistas de teatro,
cinema, literatura, música, artes gráficas e plásticas..., responsável pela
base cultural da capital e suas satélites, continuou firme ali, defendendo seus
caros alicerces no DF. Alguns já se foram do planeta, mas outros, feito ele,
que reencontrei na rede FB, seguem por lá, alertas e fortes, em defesa da
cultura brasiliense, com suas cores candangas e vivacidade brasileira!
Desde novembro de 2013, Celso Araujo
mantém o interessante blog literário poesia-parque,
onde publica seus catárticos poemas, crônicas e críticas teatrais. É deste
blog, geralmente ilustrados por suas próprias fotos, que pincei os sete
poemas que estou postando, um ao dia, aqui no Falas ao Acaso. Você que já conheceu o pai gigante e finalizando agosto e desolamento e passa/primavera/passa, hoje, num sopro atordoante,
o sente respirando Gullar, nesta
bela homenagem ao grande poeta Ferreira Gullar (10.9.1930-4.12.2016), publicado
no sábado, 10 de dezembro de 2016.
respirando Gullar
celso araujo
não sou antropófago
não vou pois engolir Gullar
nem devorar seus escritos
como seria pós-moderno
sei apenas que ao saber do
seu passamento e travessia
do corpo suplicante por respirar
então ao saber do passamento
estampado na página digital
pensei em algum lúmen fósforo
aceso na noite dominada de chuva
ouvi os sinos marítimos no quintal
verdejante de palmeiras da ilha barroca
de bondes e do antes de balbuciar sim
versos renegados nos jornais de crianças
búzios expostos na praia sem hospedeiros
trajetos rastejantes sonoros ataques em mim
como fruta mais que madura na terrina
pai mãe e irmãos na cozinha e alguns mais
os rios Bacanga e Anil barcas jangadas
algo ferve no jogo estalante atalhante
pegar o jornal para pisar em brasas
biografia interessa a outros escaninhos
e a per alta poesia essa é pulsântica
dentro das paredes em que se ouve
rajadas rasgadas pelo mundo
istmo do mistério do rio e do
murmúrio do oceano aqui e
alhures
ferro em fogo ferreiro
Gul gaivota
Lar el mar sim e não
*
foto de Ferreira Gullar - arquivo CPDoc Jornal do Brasil
Celso
Araujo nasceu no Maranhão em 1954. Chegou a Brasília
em 68. Estudou Psicologia, sem terminar, e também Comunicação. Trabalhou nos
jornais Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Rádio Nacional e, atualmente na Rádio
Cultura. Foto de Tayla Lorrana.
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