..., é 2018 e os desmandos continuam céleres na Terra
do Pau-Brasil. ..., não bastassem os atropelos do carnaval e da copa do mundo
de futebol, para desviar a atenção das falcatruas governamentais, antes que o ano
finde teremos ornamentadas “eleições”. ..., é 2018 num país sem noção e de povo
sem nação. ..., é 2018 num país avacalhado e à deriva. ..., é 2018 num país
abestalhado, onde a iniquidade política já toma as ruas, as rádios e as tvs sem
pedir licença pra fazer a cabeça do inútil cidadão útil. ..., criança, toda
tarde ouvia os contos d’A Hora da Carochinha.
..., adulto, desapareço a qualquer alarde político d’A Hora da Carrocinha (2018).
A Hora da Carrocinha
..., joba.tridente.2.0.1.8.
V
já está no ar
nas tvs e rádios e ruas
o sinal entorpecedor
da hora da carrocinha política
apresentada por velhacos
fendedores de futuro
com suas estórias inebriantes
pra otário dormir
e se deixar levar manso no cabresto
pros currais eleitorais.
IV
já está no ar
a entediante hora da carrocinha
funesta
capitalizada por políticos devassados
com riso maligno da santa perdição
estapeado na cara de coito
interrompido
e porte malandro bem cortado
pra cobrir a torpeza que se avoluma
no corpo abjeto do que fora cidadão
III
já está no ar
a abominável hora da carrocinha
ansiada pelos cães de guarda babões
com seus gritosistas e urrosismos
nos abraços sempre cruzados
com seus candidatos dementes
de braços sempre cruzados
para o que ainda resta de país
II
já está no ar
a vergonhosa hora da carrocinha
dos parlamentares corruptos
e de estimação dos imbecis
cujo cérebro recebeu lavagem
que não se dá nem aos porcos
a ovacionar seus contos torpes
: o
ladrão bom
: a
raposa ingênua
: o
leão sereno
: o
pilantra honesto
: o
dízimo de deus
: o
segredo das três malas
: a
hora das celebridades
: os
malabaristas que saltam bancos
: a
cueca das sete éguas
: o
cidadão malfeitor e o político valente
: o
juiz pobre e o condenado rico
: o
mercado das cartas marcadas
: sonhos
no congresso de verão
: a
torneira do ouro
: mamãe
galinha
: o
povo adormecido
I
já está no ar
nas tvs e rádios e ruas
o sinal da sagrada absolvição
na hora da carrocinha tenebrosa
carregada de patifes gentis
nobres criminosos fanfarrões
com suas lábias obscuras
em hipnóticas promessas vãs
..., e ameaças furtivas
notadas no pavor do “se”
: zere
antes que te zerem
: zele
antes que te selem
: do
triplo poder do tornado
..., nem rezando!
*
ilustração de joba tridente.2018
Joba Tridente,
artesão de imagens e de palavras em Verso : 25 Poemas
Experimentais (1999); Quase Hai-Kai
(1997, 1998 e 2004); em Antologias:
Hiperconexões: Realidade Expandida –
Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões:
Realidade Expandida (2015); 101
Poetas Paranaenses (2014); Ipê
Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois
de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
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