sexta-feira, 11 de março de 2022

Joba Tridente: g.u.e.l.r.a.s

 

..., a significativa fala: “É melhor morrer em pé do que viver de joelhos!” é atribuída ao líder revolucionário mexicano Emiliano Zapata (1879-1919), que lutou contra a ditadura de Porfirio Diaz (1830-1915). Sendo ou não de Zapata, o recado correu mundo e hoje é manifestado por todos os povos subjugados por regimes autoritários e que não se cansam de lutar para readquirir seus direitos e sua cidadania. ..., o poema g.u.e.l.r.a.s foi escrito num momento em que a ganância política e econômica só faz crescer no mundo, sob o comando de déspotas odiosos, e que a guerra da vez (na mídia) é a da Rússia contra a Ucrânia. ..., dependendo do país opressor, só nota de rodapé. ..., g.u.e.l.r.a.s veio assim, a propósito (também) de um termo recém-criado (?): russofobia..., ódio à magnífica cultura russa. ..., gente idiotizada buscando penalizar a todos os intelectuais, a todos os artistas russos (da música, do cinema, do teatro, da literatura, do balé, da ópera), pelos atos tresloucados do ambicioso ditador daquele país. ..., poema e ilustrações de joba tridente: 10.03.2022. 


              

g.u.e.l.r.a.s

joba.tridente 

I

GENOCIDAS dormem

tranquilos

pesadelos TORTURAM

a população

que não se sabe viva

NA MANHÃ

 

II

explodem b a r r i g a s

explodem f     i   l   h      o       s

explodem mães

f e i t o  f o g o s  d e  a r t i f í c i o

no céu vermelho grená 

 

III

ao executar o Concerto para Piano nº.2 op.18

o sangue rubro dos dedos decepados do pianista

embebe a partitura de Rachmaninoff

 

IV

ruem hospitais e bibliotecas e teatros

 esmagando Tchekhov

 no proscênio

ruem escolas e creches  e orfanatos

 soterrando Tchaikovsky

 e os cisnes no lago

ruem conservatórios e óperas e cinemas

 engolindo Stravinsky e Prokofiev

 e Moussorgsky em línguas de fogo

 abrasando Eisenstein e Tarkóvski e Vertov

 e Gaidai e Sokurov e Bekmambetov 

 em latas enferrujadas

ruem portos e alfândegas e estações

 murando PushkinDostoiévski e Tolstói

 e GógolGorki e Nabokov

 e Tsvetáieva e Maiakovski e Pasternak

ruem torres e igrejas e bares

          entre um tiro e outro

 gargalhas e cantorias

          strogonoff e vodka

 : mata, mata, mata,

   mata, mata, mata,

   mata, mata, mata,

   ..., M.A.T.O.U!

 

 Joba Tridente, um livre pensador livre. artesão de imagens e de palavras em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre – O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, Humanidades, entre outros. 


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