Não sou muito ligado a datas. Para mim
todo dia é dia de todo dia e do que e de quem quiser o dia. Como havia
prometido publicar algo da Literatura Africana, achei apropriado aproveitar a Semana da Consciência Negra, para começar.
Assim, a cada dia (até 24 de novembro de 2012) postarei um conto, um poema...
Poema
para Carlos Drummond de Andrade
É útil redizer as coisas
as coisas que tu não viste
no caminho das coisas
no meio do teu caminho.
Fechaste os teus dois olhos
ao bouquet das palavras
que estava a arder na ponta do caminho
o caminho que esplende os teus dois
olhos.
Anuviaste a linguagem de teus olhos
diante da gramática da esperança
escrita com as manchas de teus pés
descalços
ao percorrer o caminho das coisas.
Fechaste os teus dois olhos
aos ombros do corpo do caminho
e apenas viste uma pedra
no meio do caminho.
No caminho doloroso das coisas.
*
João Maimona (1955)
nasceu em Kibokolona, Angola. Escritor, ensaísta e crítico literário
licenciou-se em Medicina Veterinária. Maimona é membro fundador da Brigada Jovem de Literatura do Huambo e
da União dos Escritores Angolano. O
premiado escritor é autor de Trajetória
Obliterada (1985); Les Roses Perdues
de Cunene (1985); Traço de União
(1987, 1990); Diálogo com a Peripécia (1987); As
Abelhas do Dia (1988, 1990); Quando
se ouvir os sinos das sementes (1993); Idade
das Palavras (1997);
Ilustração de Joba Tridente
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