O BRASIL CHORA?
Joba Tridente
I
Ontem, após o jogo da Copa (das Copas) do Mundo
da FIFA, um indignado narrador, que também apresenta um telejornal numa das
duas emissoras que monopolizam o esporte no “país do futebol”, falava da
tristeza, do choro de 200 milhões de brasileiros com a derrota da seleção
brasileira (1) de futebol para a seleção alemã (7). Ele não podia acreditar na
humilhante falha da estatística que os arrogantes narradores, comentadores e
congêneres, no alto da sua prepotência, vociferam segundo a segundo, durante
uma partida, sobre o resultado de jogos passados, até em décadas anteriores, na
previsão de resultado futuro. Desde quando estatística ganha jogo?
II
Como assim, o Brasil que tem o time dos sonhos
de todos os países do mundo (!), perdeu para Alemanha (choramingam os milhões de
torcedores), se bem antes dos primeiros jogos a única preocupação desses
apresentadores e jogadores e equipe técnica era saber apenas com qual time o Brasil
(dos sonhos!) iria jogar a final? Teriam eles, mais os 200 milhões (!?) de
chorões brasileiros, sido enganados pela publicidade esportiva e ou
patrocinadora e ou nacionalista? Foram todos “inocentemente” manipulados pela mídia
publicitária e televisiva brasileira para acreditar que o “time dos pesadelos”
era o mais que desejado “time dos sonhos”? Então a Copa não foi comprada? Que pegadinha mafiosa!
III
Entendo quase nada de futebol e se vejo algum
fragmento do jogo, tiro o som da tv, só para não ouvir idiotices que vão se
alternando durante os lances. A imbecilidade dos jogadores muda para genialidade
dos jogadores em questão de segundo. Aliás, no esporte, tudo é uma questão de
segundo, inclusive o lugar. Me incomoda o menosprezo do “time da casa” por qualquer
outro time (com ou sem estatística de vitória) que não tenha tradição no
futebol. Me incomoda o salto alto agulha que, quebrado, pode ferir o próprio
pé. Me incomoda o time do eu sozinho que “se acha” acima de qualquer treino. Me
incomoda..., mas como disse, entendo quase nada de futebol. Sei, entretanto,
que ganhar e perder ou até empatar..., faz parte do jogo. As lotéricas que o
digam!
IV
O brasileiro riu (com gosto e alívio) de outras
seleções “potencialmente” competitivas que foram “precocemente” derrotadas por
seleções que se (a)creditava apenas bola murcha ou pernas-de-pau na roda de bobos
na arena dos grandes. Ora, na caixinha de surpresas do futebol de hoje não
existe mais bobo de ontem. Mas ainda há muita surpresa! Os enfurecidos entendidos
em futebol falaram pateticamente dos seis anos de treinamento da seleção alemã como se
treinar fosse um crime. Acham que se a seleção (time dos sonhos) brasileira não
treinou, as outras deviam seguir o (luxuoso) exemplo..., assim ficavam todas em
chuteira de igualdade. Mas, espera, hoje em dia tem jogador que joga até com
uma chuteira de cada cor. Acho que desviei geral...
V
Vitória para o “povo sofrido” (argh!) que não
pode ir ao estádio cantar, à flor da pele, o “ouvirudum”? Sonho roubado!, falou
um apresentador televisivo, hoje. Roubado por quem? Não foi um jogo legal da
competência alemã contra a incompetência brasileira? Ara, Copa é quem nem
eleição, a cada quatro anos ela está de volta..., e a euforia também logo
passa, com a vitória e ou a derrota do candidato dos sonhos. Se o time (ou
candidato) nunca convenceu e pouco ou nada treinou (fez), por que o chororô?
Troca o time..., ou o candidato!
*
JT: crônica
e ilustração - 2014
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