quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Joba Tridente: mamulengo

A Poesia como Vontade de Representação é uma alegoria..., em quatro poemas primários: religião, íntimo, raiz, mamulengo..., ao redor do livro capital de Arthur Schopenhauer (1788-1860): O Mundo como Vontade e Representação (conhecimento, natureza, beleza, ética), que marcou a minha juventude. Este primeiro opúsculo começou com r e l i gi ã o. Seguiu com íntimo. Continuou com raiz. Encerra com mamulengo.


        

mamulengo
a poesia como vontade de representação
joba tridente

:
chuva e vez em quando tempestade e vez em quando chuvisco
nada arrefece o calor de caldeira
nem Bóreas nem Zéfiro nem Éolo
sopro algum alivia a ardência 
as paredes do quarto não mais transpiram
ressecadas trincas acumulam insetos
mortos cupins e aranhas e traças e formigas
a pele descamada desenha trilhas pelo assoalho descascado
no espelho a minha nudez  mumificada
nos olhos baços apenas o sal das lágrimas
evaporadas.....................,
ouço a Lira Sanjoanense
e os sussurros dos homens que jogam dominó
no bar abaixo/embaixo da minha janela
tão nova para mim
e tão lugar comum para mim
sempre morando em cima/acima dos bares
como se deles (bares) fosse eu um Anjo
                                        a guardar as almas dos que bebem e bebem
como se deles (bares) fosse eu um Demônio
                                        a abandonar as almas dos que bebem e bebem
eu que, às vezes, prefiro um chá
eu que (talvez por isso), às vezes, feito um Anjo
                                                             subo aos Céus
                                                             em busca dos prazeres do espírito
eu que (talvez por isso), às vezes, feito um Demônio
                                                             desço aos Infernos
                                                             em busca dos prazeres da carne
eu que me embaraço nos fios
tênue mamulengo em pedaços
revirando no pó há tempos
:
           
*
Ilustração de Joba Tridente . 2015


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais; Quase Hai-Kai; em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida; 101 Poetas Paranaenses; Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela; Ebulição da Escrivatura; em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás; Cidades Minguantes; O Vazio no Olho do Dragão. Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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