...,
enquanto envelhecemos, rememoramos. jovem-adulto, morei em Brasília. tempos
difíceis. dividi casa e apartamento. também morei só no distrito federal
brasileiro, cercado do belíssimo cerrado. nem sempre tão só, como relembro
nesta crônica poética, subtraída de uma carta
à minha mãe Maria Augusta, escrita em 1985: de aranhas e de formigas (..., e alguns cacos de vidro).
de aranhas e de formigas
(..., e
alguns cacos de vidro)
joba
tridente
já faz
um bom tempo...,
vi uma aranha de pernas
longas, na janela do banheiro.
pensei que fosse bom ela tecer ali a sua teia ,
sobre a
pia,
tentei
(re)animá-la, mas não
consegui...,
semanas
depois , percebi
estranhei
aqueles exoesqueletinhos aqui e ali ,
botava farelo de bolacha
no caminho ou
na porta das suas tocas,
fiquei
chateado, a princípio ,
: “umas formiguinhas tão
piquenitiquinhas!”.
descobri,
ainda ,
se dava
comida para elas ,
de outra feita , um acidente com uma prateleira
quebrou
vários vidros
com ervas para chá
e voou
e ficou caco para
tudo quanto
é lado e,
limpei e
bati as esteiras e varri os cantos
e
passei pano molhado no chão.
no dia seguinte , embaixo da lixeira,
havia um montinho de cacos
mínimos e perigosos de vidro... ,
anos
depois, ainda tenho duvidas,
se obra
das formigas a quem
eu “dava marmita ”
*
ilustração
de Joba Tridente.2017
Joba Tridente,
artesão de imagens e palavras em Verso : 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê
Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois
de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
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