terça-feira, 14 de maio de 2013

Cultura de Almanaque: A Linguagem da Música



Lá nos tempos muito idos, um cronista sensível e observador de costumes, instrumentos musicais e sonoridades, enquanto assistia a um concerto, escreveu sobre os melodiosos sons ao seu redor.

A Linguagem da Música

O piano lembra bons amores burgueses: “flirts” passados nos salões, onde o luxo substitui a ausência da arte.

O violino lembra amores românticos, gemidos de amante apaixonado, cenas de delicioso amor que invoca os tipos de Julieta, de Beatriz, de Margarida.

A flauta lembra ciúmes de poeta pobre com mulher rica.

O violão recorda amores fáceis, com mulheres cujo coração é um quarto de estalagem.

A viola traz-nos à lembrança os amores puros da ingênua camponesa.

A gaita de foles lembra a paixão de italiano ausente da pátria.

A clarineta recorda amores de um palhaço com acrobata.

A ocarina recorda amores de um caixeiro com uma costureira.

O pistom lembra paixão de um soldado por uma cantineira.

O violoncelo traz a ideia amores de velho por uma rapariga nova.

A guitarra traz à lembrança a paixão de um português pela cachopa que deixou na terra natal.

O bandolim dá-nos a ideia da paixão voluptuosa de uma andaluza pelo seu “torero”.

O trombone lembra o amor de um genro pela sogra.

Finalmente, o bombardão dá perfeitamente a ideia dos amores dos velhos.

  
  
A Linguagem da Música é um delicioso texto publicado no Almanach de Porto Alegre - 1920 - Arquivo Digital Brasiliana USP. O lide é meu. Acho que aconteceu assim...

Ilustração: Serenata, pintura de Cândido Portinari (1903 - 1962), encontrada no site (link) Elfi Kürten Fenske

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...