Conheci
o escritor e jornalista TT Catalão
em meados dos anos 1970, em Brasília. Estivemos no Jornal Ordem do Universo, no Correio
Braziliense e na Ebulição da
Escrivatura - Treze Poetas Impossíveis (1978). Um dia saí de Brasília de
vez e vim reencontrá-lo na web.
Recentemente, pedi e ele me enviou farto material poético, que selecionei para
um prólogo e sete postagens.
TT Catalão
a esplanada, vista de cima,
a esplanada, vista de cima,
é uma placa-mãe com slots
à espera dos nosso inputs
prólogo
Oliveira
Bastos
prefácio
para um livro de TT Catalão nunca publicado
A linguagem é um tecido curto, mas elástico e a
realidade, uma massa informe, infinita e obtusa. A forma como esse tecido curto
e elástico procura cobrir a realidade está na própria essência da linguagem que
é, por definição, metáfora fundamental, a capacidade de tornar possível o
contínuo deslocamento de conceitos a partir de proximidades e semelhanças de
funções, de formas, de assonâncias. O que, nas civilizações cultivadas passou a
denominar- se poeta é o indivíduo que se tornou perito em manipular essa
ductilidade providencial da linguagem. Mas todos os povos, coletiva e
permanente, trabalham esse látex verbal que é a metáfora fundamental. Nesse
sentido, Tetê Catalão é um dos grandes poetas do Brasil de hoje, que se
distingue justamente pela textura de seu texto. Para ele, a contextura do real
está inscrito na pele da textura verbal. Que ele prova não ser inocente ou
neutra, quer do ponto de vista da poesia como da política. Ele estimula a dança
das palavras entre os conceitos, não no sentido da escritura automática dos
surrealistas que facilitava a evasão onírica, mas para cercá-la de cargas
explosivas (poéticas e/ou políticas) rigorosamente delimitadas e endereçadas.
Ao contrário da poesia literária, que é emoção recolhida na tranquilidade, os
textos de Tetê Catalão exigem reação imediata, pois são feitos para funcionarem
como deflagradores de voltas e revoltas emocionais. Não é por acaso que ele
foge do livro - artefato conspícuo de lenta elaboração e preguiçosa consulta -
e planta sua explosão verbal nos jornais, nas revistas, nos cartazes, nos
anúncios de propaganda, nos manifestos, - como poderiam (e deveriam) estar nas
sacolas de compras, nas camisetas, nos guardanapos de restaurantes. Afinal, o
espírito sopra ou não sopra aonde quer?
*
Ilustrações:
intervenção de Joba Tridente sobre foto de TT Catalão (web) - 2014
Evandro
de Oliveira Bastos (1933-2006) era
paraense. Um dos mais importantes e ousados jornalistas brasileiros, Oliveira Bastos fez a sua história na Folha do Norte, Correio da Manhã, Tribuna da
Imprensa, Jornal do Brasil, Correio Braziliense.
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